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Fiocruz defende integração de instituições para ensino e pesquisa na Amazônia


28/03/2022

Júlio (Fiocruz Amazônia), com colaboração de Hellen Guimarães (CCS/Fiocruz)

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Presidente da Fiocruz, Nisia Trindade Lima defendeu, nesta segunda-feira (28/3), em Manaus, a integração das instituições de ensino e pesquisa como estratégia de fomento para o desenvolvimento socioeconômico sustentável da Amazônia, utilizando o potencial de recursos existentes na região. Ela foi uma das palestrantes convidadas do Simpósio Infraestrutura Científica no Estado do Amazonas para apoio em Estudos sobre a Biodiversidade Amazônica e sua Utilização na Obtenção de Novos Fármacos, realizado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e destacou a forte atuação da Fiocruz na Amazônia, por meio projetos e atividades integradas, que deverão ser incentivadas.


De acordo com Nísia, o Inova Amazônia é parte do Programa de Fomento à Ciência e Tecnologia e Inovação, o Inova Fiocruz, e deverá destinar recursos provenientes de aportes das instituições envolvidas para o financiamento de projetos (foto: Fiocruz Amazônia)

Uma dessas estratégias, segundo Nísia, está sendo trabalhada e deverá ser colocada em prática em breve, com a criação de linhas de financiamento específicas para pesquisas nas áreas de desenvolvimento tecnológico, inovação, saúde, mudanças climáticas e biodiversidade amazônicas. O projeto resulta de parceria entre a (Fiocruz, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero), o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e a Fiocruz Rondônia. 

De acordo com Nísia, o Inova Amazônia é parte do Programa de Fomento à Ciência e Tecnologia e Inovação, o Inova Fiocruz, e deverá destinar recursos provenientes de aportes das instituições envolvidas para o financiamento de projetos coordenados por pesquisadores vinculados às duas unidades da Fiocruz na Região Norte (Fiocruz Amazônia e a Fiocruz Rondônia). A execução do trabalho poderá contar com a colaboração de instituições de ciência, tecnologia e inovação dos dois estados, a exemplo das universidades e institutos de pesquisas.

“Estamos trabalhando com a Fapeam e a Fapero um programa que tenha como finalidade promover o fortalecimento de linhas importantes de atuação, que digam respeito à inovação, à biodiversidade, aos impactos das mudanças climáticas e à saúde, com enfoque no enfrentamento e na capacidade de respostas frente às possíveis novas emergências sanitárias, bioprospecções de plantas e outros elementos voltadas à produção de medicamentos, com uma visão democrática de futuro e a construção de uma agenda democrática”, destacou.

As parcerias com a Fiocruz estão sendo viabilizadas pelas Vice-Presidências de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) e de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS). Para Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS), o objetivo dessas atividades é utilizar a Fundação como porta de entrada para desenvolver de forma colaborativa um sistema que auxilie a ciência, a tecnologia e a inovação em saúde fora dos muros da instituição.

“Além de todas as chamadas que tivemos direcionadas ao Sistema Fiocruz de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Programa Inova tem procurado também reforçar a participação da Fiocruz nos diferentes territórios onde a Fundação tem unidades e escritórios, por meio de parcerias inéditas com as fundações de amparo. O caso da Região Amazônica foi avaliado e aprovado em nosso congresso interno, em decisão que reforça esse incentivo. A Fiocruz levou uma proposta, mas ela está sendo amadurecida com a contribuição dos principais atores locais”, enfatiza Krieger.

A coordenadora de Integração das Estratégias Regional e Nacional, da Fiocruz, Zélia Profeta, ressaltou a importância estratégica da Amazônia para a soberania nacional e o quanto a Fiocruz e suas unidades, funcionando de forma integrada como um sistema, podem contribuir para isso. "As unidades da Fiocruz, trabalhando na perspectiva de sistema, podem contribuir otimizando expertises, financiamentos e estruturas", observou.

O diretor científico da Fapero, Andreimar Martins Soares, destaca a contribuição da iniciativa para a valorização e estruturação de grupos de pesquisa emergentes, além de ampliação das possibilidades de consolidação e excelência dos grupos que já atuam dentro da própria Fiocruz. Segundo ele, com ideias e produtos inovadores, pesquisadores da Amazônia contribuirão para geração de conhecimento, melhoria de infraestrutura, por meio de equipamentos de alta tecnologia, e sempre considerando as pesquisas voltadas à saúde da sociedade e suas emergências.

“A primeira edição do Inova Amazônia, em acordo tri-partícipe (Fiocruz, Fapero e Fapeam), é uma iniciativa extremamente importante, contribuindo para o estabelecimento de redes de pesquisa em saúde nesta região, assim como na melhoria das condições de desenvolvimento de projetos de pesquisa relevantes e na formação de recursos humanos qualificados, por meio de fomentos à pesquisa e bolsas”, salientou.    

A diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, que também palestrou no evento, disse ver com satisfação esse movimento de priorização da Amazônia pela Fiocruz. "A Fapeam, agência local de fomento, tem sido importante no apoio aos programas e instituições locais, mas precisamos aumentar a visibilidade dessas necessidades e captar fomento nacional e internacional", salientou. Segundo Adele, o programa Inova na Amazônia terá esse papel. “É muito importante que a coordenação dos projetos seja do escritório de Rondônia e da unidade da Fiocruz no Amazonas para dar maior visibilidade aos pesquisadores locais, tendo em vista que editais nacionais são concorridos com pesquisadores de todo o País e dificilmente conseguem de uma forma expressiva a participação de pesquisadores da Amazônia". 

Para o coordenador da Fiocruz Rondônia, Jansen Fernandes de Medeiros, existe uma grande lacuna a ser preenchida em relação à geração de conhecimentos que contemplem as necessidades das diversas comunidades que habitam a Amazônia. “São demandas sociais e sanitárias antigas, historicamente impactadas pela escassez de investimentos em pesquisa, e o programa Inova Amazônia vai ao encontro dessas necessidades por soluções tecnológicas e estratégias que possam amenizar um pouco dessas carências e desigualdades”.  

Programação 

Além da presidente da Fiocruz, Nisia Trindade Lima, e da diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, palestraram no simpósio o reitor da UEA, Cleinaldo de Almeida Costa; o professor Wanderley de Souza (coordenador do evento); a infectologista e pró-reitora de Pesquisa e pós-graduação da UEA, Maria Paula Mourão; o secretário de pesquisa e formação científica do MCTI, Marcelo Morales; o superintendente adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Regional - Suframa, Manoel Fernandes Amaral Filho; e o diretor do Musa; professor Enio Candoti. À tarde, será a vez do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj, professor Jerson Lima; e a presidente da Fapeam, Márcia Perales. Na oportunidade, será feita a assinatura do Memorando de Entendimento entre a Faperj e a Fapeam. 

O evento é promovido pelo Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos (CMABio/UEA) e terá dois dias de programação. No segundo e último dia, os palestrantes serão: o professor Wanderley de Souza; Emile Barrias (INMETRO); Jorge Guerra (FMT-HVD); João Marcos Bemfica (UEA); Maria das Graças Vale Barbosa Guerra (UEA/FMT-HVD); a diretora do INPA, Antônia Maria Ramos Franco Pereira; Rajendranath Ramasawmy (FMT-HVD); Kildare Miranda; Fábio Gomes; Paulo Pimenta (Fiocruz Minas e FMT); Gisele Cardoso de Melo; e a vice-diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Stefanie Costa Pinto Lopes (ILMD).

Programa Inova

O Programa Fiocruz de Fomento à Inovação, o Inova Fiocruz, foi criado em 2018, com o objetivo de estimular a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação com ações articuladas em todas as áreas de atuação institucional. São valores do programa a inovação, excelência, transparência, inclusão e colaboração. O financiamento é oriundo do Fundo de Inovação e do Ministério da Saúde.

O Inova Fiocruz já investiu R$ 129 milhões em 659 projetos aprovados, que contemplam 32 áreas de pesquisa. Esses projetos contaram, ao todo, com a participação de 4.078 pessoas, e 695 bolsistas já passaram pelo programa. A maior parte dos investimentos se concentra em 12 áreas de pesquisa: Diagnósticos, Fármacos e Medicamentos, Políticas Públicas e Gestão, Imunidade e Inflamação, Ômicas e Biologias de Sistemas, Vigilância em Saúde, Virologia e Saúde, Pesquisa Clínica, Vacinas, Promoção de Saúde, TIC e Parasitologia.

O programa está estruturado em quatro eixos. No Institucional, o objetivo é o desenvolvimento de chamadas específicas que possam cobrir as etapas da cadeia de inovação desde a pesquisa até a produção, articulando estudos sociais, educacionais e de saúde coletiva. São editais em andamento: Ideias Inovadoras; Geração do Conhecimento; Geração do Conhecimento-Novos Talentos, Produtos Inovadores (duas rodadas realizadas, uma em 2018 e outra em 2019), Inova Gestão.

O eixo de Encomendas Estratégicas destina-se a atender demandas específicas da Fiocruz de acordo com a agenda prioritária do Ministério da Saúde, emergências sanitárias e órgãos internacionais. Entre os editais, estão Animais Peçonhentos, Violência e Saúde, Genética de Doenças Raras, Inova Covid-19 - Resposta rápida, Inova Covid-19 - Geração de Conhecimento, Equipamentos Inova, Territórios Sustentáveis e Saudáveis no contexto da pandemia Covid-19.

No eixo Redes e Capacitação, o objetivo é dar suporte à formação e capacitação de excelência em áreas de geração do conhecimento e inovação, bem como ao estabelecimento de redes de colaboração em pesquisa, com editais Pós-Doutorado Júnior e Empreendedorismo (Inova Labs). Por fim, o eixo Desenvolvimento Regional visa a promoção do desenvolvimento regional com vistas a atender demandas de saúde locais e potencializar a obtenção de recurso através da parceria com as FAPs, onde o financiamento é partilhado com a unidade técnico-científica e a Agência de fomento estadual.

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