A Fundação está coordenando ou participando, atualmente, de três ensaios clínicos no Brasil para vacinas contra a Covid-19. Os ensaios clínicos em andamento se encontram todos em fase 3, ou seja, já são estudos multicêntricos que acompanham milhares de pacientes, a fim de verificar a segurança e eficácia dos diferentes possíveis imunizantes.
Vacinas em desenvolvimento passam por estudos pré-clínicos (em animais) e clínicos (em seres humanos). Quando os estudos pré-clinícos terminam, é previsto que já existam resultados demonstrando a prova de conceito. Em seguida, são realizados os estudos clínicos de fases 1, 2, e 3. Estas etapas de desenvolvimento levam em torno de 10 a 15 anos pelos procedimentos clássicos. Confira como ocorre cada um deles:
A vacina candidata é administrada a um pequeno número de pessoas (frequentemente varia de 10 a 100 participantes de pesquisa) para testar a segurança e a dose, além de avaliar a sua capacidade inicial em estimular o sistema imunológico;
Nesta etapa a vacina é administrada em centenas de pessoas (frequentemente varia de 100 a 1000 participantes de pesquisa) para obter mais dados sobre segurança, bem como avaliar a capacidade da vacina de estimular o sistema imunológico (eficácia);
A vacina candidata é administrada a milhares de pessoas (frequentemente mais de 1000), visando confirmar a sua eficácia (isto é, a prevenção da infecção) e conhecer mais dados sobre reações adversas em grupos variados de indivíduos (crianças e idosos, por exemplo). Estes testes podem determinar se a vacina protege contra o Sars-Cov-2. Os ensaios clínicos de fase 3 também são conhecidos como ensaios para registro ou pivotais (o termo vem de pivô, os mais importantes, os principais, os centrais).
Para saber mais sobre os esforços brasileiros para garantir uma vacina contra a Covid-19, o podcast CoronaFatos traz para esta edição a presidente da Fiocruz Nísia Trindade Lima.
O programa traz os detalhes sobre o imunizante e a cooperação, como a transferência de tecnologia e a previsão para a fase três dos estudos da vacina serem concluídos e também aborda fake news propagadas por profissionais de saúde prometendo curas milagrosas para a Covid-19.
Em parceria com o Laboratório Farmacêutico Janssen, da Johnson & Johnson, e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (National Institutes of Health – NIH), o Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) está liderando um desses quatro ensaios clínicos com 60 mil voluntários na América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru). Atualmente em pausa, o estudo internacional também contará com participantes da África do Sul e dos EUA. No Brasil, a pesquisa será realizada em 28 centros de pesquisa distribuídos em sete estados (Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo) e no Distrito Federal, e incluirá aproximadamente 7 mil voluntários, com idade acima de 18 anos.
Também voltado para trabalhadores da área da saúde que atuam na linha de frente contra o Sars-CoV-2, este estudo é refente à vacina Coronavac, produzida pela farmacêutica Sinovac Biotech. No Brasil, o estudo é coordenado pelo Instituto Butantan e o centro de pesquisa do Rio de Janeiro é de responsabilidade da Fiocruz, com apoio da Fundação Municipal de Saúde de Niterói. Ao todo no país, são mais de 9 mil voluntários.
Leia mais:
Profissionais de saúde do RJ podem participar dos testes da vacina Coronavac
A Fundação iniciou o Brace Trial Brasil, estudo com a vacina BCG (usada para prevenir a tuberculose) que visa reduzir o impacto do Covid-19 em trabalhadores de saúde. Realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália, o estudo seria inicialmente realizado no Mato Grosso do Sul, mas foi expandido para o estado do Rio de Janeiro e conta ao todo com 2 mil voluntários no país.
Leia mais:
Fiocruz inicia testes com BCG em profissionais de saúde do Rio de Janeiro.