10/01/2020
Fonte: COC/Fiocruz
Depois de receber mais de 90 mil visitantes no Rio de Janeiro, a exposição Do teu saudoso Oswaldo chega nesta sexta-feira (17/1) ao Museu dos Correios, na Asa Sul, em Brasília (edifício Apollo SCS, Setor Comercial Sul, 256). Com fotos, vídeos e cenografia, a mostra revela um lado mais íntimo e humano do cientista e sanitarista Oswaldo Cruz, a partir de correspondências pessoais trocadas com sua mulher e filhos.
As linhas traçadas por Oswaldo Cruz em papéis de carta mostram como era o cientista – figura emblemática da saúde pública nacional – para além dos laboratórios. O sanitarista revela-se um pai e marido amoroso, um viajante fascinado pela modernidade das metrópoles europeias e norte-americanas, em flagrante contraste com um Brasil assolado pela pobreza e por epidemias, e um homem que não hesitava em expor seus ódios e paixões, angústias e fragilidades.
As cartas, cartões-postais, bilhetes e fotografias pessoais do cientista que deram origem à mostra estão sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e abrangem um período que se inicia em 1889 e se estende após a sua morte, em 1917, aos 44 anos. A exposição fica em cartaz no Museu dos Correios até 15 de março de 2020. A visitação pode ser feita de terça a sexta-feira, de 10h às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, de 14h às 18h.
A exposição
Em uma série de filmetes em formato de stories – narrativas audiovisuais curtas e fragmentadas hoje populares nas redes digitais – três atores (Bruno Quixotte, João Velho e Rafael Mannheimer) dirigidos por Sura Berditchevsky interpretam trechos das cartas de Oswaldo Cruz. Nessa correspondência, estão eternizadas as experiências cotidianas do cientista, suas observações atentas sobre os locais aos quais viaja, suas impressões sobre o trabalho e a troca de afetos com a família.
Oswaldo encontrava nas cartas um meio para aliviar a saudade dos familiares. Nelas, estão registrados comentários – alguns dos quais inusitados – à sua principal interlocutora, a esposa Emília da Fonseca, a quem carinhosamente chamava Miloca. A correspondência revela um marido amoroso e espirituoso, um pai zeloso, características pouco conhecidas do personagem que influenciou uma geração de jovens médicos e pesquisadores brasileiros. Oswaldo não escondia as lágrimas, nem disfarçava a tristeza causada pela distância dos entes queridos, provocada por constantes e longas viagens que, com frequência, o privavam do convívio familiar.
Oswaldo Cruz no Brasil e no exterior
As cartas também são testemunho das viagens do cientista pelo Brasil, Europa e América do Norte. Em 1905, Oswaldo realizou uma longa expedição rumo ao norte do país, cobrindo cerca de 20 portos brasileiros, desde o Rio de Janeiro até Manaus. Cinco anos mais tarde, retornou à região amazônica para realizar a profilaxia da malária, doença que dizimava trabalhadores envolvidos na construção da ferrovia Madeira-Mamoré.
Em 1907 o cientista foi a Berlim para participar da Exposição de Higiene e Demografia. De lá seguiu para o México, passando antes pelos Estados Unidos, para assegurar ao presidente Theodore Roosevelt que o porto do Rio, livre da febre amarela, era seguro para as embarcações americanas. Em cartas enviadas à esposa durante a viagem aos Estados Unidos, onde conheceu os “arranhadores de céus” nova-iorquinos, o cientista deixou claro seu fascínio pela modernidade, que demarcava uma conquista civilizatória em flagrante contraste com os problemas sanitários encontrados no Brasil. Em 1911, uma nova exposição levou Oswaldo a Dresden, na Alemanha, dessa vez em companhia da filha Lizeta. Com ela, excursionou pela Itália, Suíça e França antes de chegar ao destino.
Anos depois, durante a Primeira Guerra, Oswaldo foi obrigado a abandonar Paris às pressas e se estabelecer com a família em Londres. Com receio dos ataques dos submarinos alemães a navios no Atlântico, deixou a família na capital britânica e retornou sozinho ao Brasil. Em cartas trocadas com a esposa, Miloca, ficam explícitas as tensões do período, como o medo dos bombardeios dos zepelins alemães.
Em cartas trocadas com a família, Oswaldo Cruz descrevia sua rotina de viagem na Europa e na América do Norte. Foto: Jeferson Mendonça.
Concepção e realização
Uma concepção da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), a exposição Do teu saudoso Oswaldo tem curadoria de Ana Luce Girão, Glauber Gonçalves, Heverton Oliveira, Nara Azevedo, Rodrigo Ferrari e Wanda Hamilton. A mostra é uma realização da Folguedo e tem gestão cultural da Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (SPCOC), com apoio do Centro Cultural Correios.
Do teu saudoso Oswaldo conta com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, das empresas Concremat Engenharia e Tecnologia, do Grupo Libra, Seres, Marsh e Guy Carpenter, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (Lei do ISS).
Serviço
Exposição Do teu saudoso Oswaldo
Local: Museu dos Correios - edifício Apollo SCS, Setor Comercial Sul, 256 - Asa Sul, Brasília
Inauguração: 16 de janeiro
Horário: 19h30
Temporada: de 17 de janeiro a 15 de março de 2020
Visitação: terça à sexta-feira, de 10h às 19h | sábados, domingos e feriados, de 14h às 18h
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