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Hepatites virais: testagem, diagnóstico e tratamento


02/08/2022

Luana Dandara (Portal Fiocruz)

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Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2010, o Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais é celebrado no dia 28 de julho. O objetivo da data é alertar e conscientizar a população sobre a prevenção e controle da doença que causa cerca de 1,4 milhão de mortes por ano em todo o mundo, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na Fundação Oswaldo Cruz, o Laboratório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) atua como Serviço de Referência Nacional para Hepatites Virais junto ao Ministério da Saúde.

A hepatite, conforme explica Lívia Melo Vilar, chefe do laboratório especializado do IOC, é uma inflamação do fígado, que pode ser causada por vírus ou por uso de medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. “As hepatites virais são as de maior prevalência no mundo e têm um grande impacto no número de mortes. No Brasil, a hepatite A, que atinge principalmente crianças, é a mais comum. Contudo, as hepatites B e C causam maior preocupação, pois podem evoluir para cirrose e até câncer no fígado”, pontua Vilar.

O país, afirma a pesquisadora, é pioneiro em vários aspectos quando se trata da prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinação contra as hepatites A e B, testes rápidos para diagnóstico de hepatite B e tratamento gratuito para todos os tipos de hepatite. “As crianças de 12 meses até dois anos de idade devem ser vacinas contra a hepatite A. Já a vacina contra a hepatite B, administrada em três doses, está disponível para todas as faixas etárias e deve ser aplicada nas crianças logo após o nascimento. As vacinas são seguras, estão disponíveis gratuitamente no SUS e integram o Calendário Nacional de Vacinação”.

As hepatites são muitas vezes silenciosas e não apresentam sintomas, principalmente as hepatites virais de tipo C. Os sintomas clássicos da doença, quando aparecem, são enjoo, vômitos, mal-estar, dores no corpo, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes esbranquiçadas. 

O Ministério da Saúde recomenda a testagem dos vírus A e E para pessoas que tiveram contato com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos; e testagem para os vírus B, C e D para pessoas que praticaram sexo desprotegido ou compartilharam seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurocortantes. Nesse último caso, a doença também pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação. Por isso, a prevenção é importante. 

Por enquanto, de acordo com Lívia Melo Vilar, o tratamento mais avançado é contra a hepatite de tipo C, em que a taxa de resposta do paciente à cura é acima de 95%. A pesquisadora ressalta, entretanto, que todos os pacientes diagnosticados com hepatite precisam de acompanhamento médico constante. Quando o tratamento é feito de forma tardia, há risco de o fígado do paciente estar gravemente acometido, reduzindo a chance de recuperação.

O Laboratório de Hepatites Virais do IOC/Fiocruz, além de realizar estudos, desenvolver tecnologias, atuar na padronização e validação de metodologias aplicadas a testes laboratoriais para diagnóstico da doença, possui um ambulatório de referência para o atendimento de casos de pacientes com hepatites virais agudas, gestantes e doentes renais, o que permite a integração entre pesquisa e assistência. O paciente é encaminhado após triagem de atendimento em uma Unidade Básica de Saúde. 

“A meta da OMS é de erradicar as hepatites B e C até 2030. Não sabemos se vamos alcançar esse feito, até porque a pandemia impactou fortemente no diagnóstico e acesso aos serviços de saúde para as hepatites virais. Contudo, o IOC e a Fiocruz têm colaborado de forma persistente para isso. A incidência da doença já teve grande redução, assim como avançamos em tratamento, diagnóstico e prevenção”, ressaltou Vilar. 

 

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