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Fiocruz divulga resultados da pesquisa sobre leite materno e infecção por citomegalovírus

Duas mães sentadas amamentando seus bebês

08/11/2022

Maria Luiza La Porta (IFF/Fiocruz)*

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A pesquisa “Infecção Por CMV Através da Transmissão Pelo Leite Materno em Recém-Nascidos Pré-termos Menores de 32 Semanas: Estudo de Coorte”, coordenada pelo pesquisador e coordenador de Educação do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Zilton Vasconcellos, avaliou, de 2019 a 2022, a incidência de infecção pelo citomegalovírus (CMV) em bebês prematuros ou de muito baixo peso a partir do leito materno. Os principais resultados do rastreamento deste vírus no leite materno foram apresentados no workshop de encerramento da 3ª edição do Programa de Incentivo à Pesquisa (PIP III) do IFF/Fiocruz, realizado em 11/10.

A infecção por CMV é comum na população em geral, mas recém-nascidos prematuros costumam ser mais vulneráveis a presença deste vírus podendo apresentar problemas de audição, visão e atraso no desenvolvimento. O leite humano é descrito uma possível via de transmissão deste vírus, mas os dados ainda são muito controversos. Assim, ter dados sobre a incidência da infecção por CMV a partir do leite materno traz contribuições importantes para a comunidade cientifica e todos aqueles envolvidos com a amamentação.
 
“O rastreio de infecção pelo CMV a partir do leite materno em recém-nascidos prematuros ou de muito baixo peso permitiu responder a uma enorme dúvida entre profissionais de saúde, dando a eles maior segurança para a introdução do leite materno nesta população, contribuindo para uma maior promoção da saúde perinatal. Esse é o papel do IFF/Fiocruz, contribuir para a saúde da família e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS)”, destaca o pesquisador responsável pelo estudo, Zilton Vasconcelos.

Resultados

O estudo colheu amostras semanais de leite humano, saliva e urina. Entre as 41 crianças admitidas, 10 (24,4%) testaram positivas na saliva e 18 (43,9%) testaram positivo para urina em algum momento durante a internação. Em relação ao leite materno, 19 (46,3%) apresentaram pelo menos uma amostra positiva para CMV. Houve concordância entre os exames positivos em 11 crianças entre o leite materno e a urina e apenas em cinco crianças entre leite, urina e saliva. “Ao comparar os recém-nascidos positivos e negativos para CMV, não foram encontradas diferenças significativas em relação às características clínicas naqueles que confirmamos a infecção”, explica Zilton.

Próximos passos

O leite humano é sem dúvida a melhor fonte de alimentação infantil, tendo as características necessárias para um correto desenvolvimento do organismo do recém-nascido. Os estudos demonstram que a oferta do leite humano contribui para uma redução no tempo de internação dos recém-nascidos que necessitam de cuidado em unidades de terapia intensiva neonatal e uma menor taxa de morbidade pós alta. A infecção pelo CMV a partir do leite materno é uma grande preocupação, pois esse vírus pode causar danos extensos no fígado ou no cérebro e evoluir para a perda da audição e incapacidade intelectual. “O projeto permitiu levantar o momento do extravasamento viral nesse fluido biológico, sua prevalência e confirmar a infecção no bebê. Temos como perspectiva a avaliação de neurodesenvolvimento para identificar a associação dessa infecção com problemas futuros, como surdez e atraso no desenvolvimento cognitivo, motor ou na linguagem, que serão percebidos apenas muitos anos depois, impedindo a intervenção precoce”, informa Zilton.

* Edição: Everton Lima
 

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