07/06/2023
Fonte: Canal Saúde e Icict/Fiocruz
No dia 5 de junho é celebrado o dia Mundial do Meio Ambiente e, ironicamente, na mesma semana a Câmara dos Deputados aprovou o marco temporal das terras indígenas, que consta no Projeto de Lei 490. A aprovação muda a demarcação de terras indígenas, que hoje é função do poder Executivo, por meio da Funai. A proposta determina que as terras indígenas devem se restringir à área ocupada pelos povos na data da promulgação da Constituição Federal de 1988, em 5 de outubro daquele ano.
Esse movimento no Congresso torna o Dia Mundial do Meio Ambiente e tudo que o Brasil representa internacionalmente nessa pauta um dos assuntos mais relevantes dos dias atuais. O Sala de Convidados, que integra a grade do Canal Saúde, mantém a tradição de refletir sobre o que está em jogo nas tramitações e movimentos políticos, que podem atingir de maneira irreversível a sustentabilidade do planeta. Um dos convidados da mais recente edição do programa, que foi ao ar no dia 1º de junho, foi Christovam Barcellos, pesquisador titular do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) e integrante do Observatório de Clima e Saúde. Além dele, conversaram com a apresentadora Yasmine Saboya o Pajé da Aldeia São Pedro Waikirum, em Santarém (PA), Nato Tupinambá; e o pesquisador sênior do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz (Cris/Fiocruz) Luiz Augusto Galvão. Confira o programa na íntegra.
Para falar sobre como anda a questão ambiental no Brasil neste momento crítico de mudanças climáticas, Barcellos avaliou o momento político. "A gente tem que lembrar que as questões ambientais sempre envolvem questões políticas, econômicas e sociais. E, no Brasil, essass questões são muito aguçadas. O país, infelizmente, tem uma das maiores desigualdades sociais do mundo. E uma diversidade biológica e ecológica muito grande. E tem a questão da representatividade. Quando a gente fala em questões ambientais, a gente sempre envolve conflitos de interesse: garimpeiros x indígenas; pescadores x indústria da pesca. Infelizmente, nós temos pouca representatividade dessas pessoas que estão sendo mais atingidas pela poluição, pela degradação do meio ambiente, pelas mudanças climáticas", alerta o pesquisador e professor do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict).
Christovam Barcellos em entrevista ao Sala de Convidados (Imagem: Canal Saúde)
Para ele, apesar de fundamental, o debate ambiental é profundamente afetado pelas forças do agronegócio no país. "Esse debate fica muito difícil com a representação que temos no Parlamento brasileiro, que, infelizmente, é muito tomado por bancadas muito organizadas do agronegócio, o que representa um processo agressivo de destruição ambiental. Mas esse debate é muito necessário. A gente precisa pensar as questões ambientais como questões também que envolvem grupos muito vulneráveis e a representatividade e a força desses grupos para manter e preservar o ambiente de uma maneira saudável", ressalta.
Geógrafo de formação, Christovam Barcellos é doutor em Geociências pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do Icict/Fiocruz. É organizador e autor de diversos livros, incluindo:
- Mudanças Climáticas, Desastres e Saúde (Editora Fiocruz, 2022)
- Território, Ambiente e Saúde (Editora Fiocruz, 2008)
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