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Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos: agroecologia como alternativa sustentável


12/01/2022

Tatiane Vargas (Ensp/Fiocruz)

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Homem usando agrotóxico na plantação
Em 11 de janeiro, celebra-se o Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos. Para o coordenador do Programa de Saúde e Ambiente da Fiocruz, Guilherme Franco Netto, a data oferece dupla oportunidade: denunciar os danos causados pelos agrotóxicos à saúde e à natureza e a anunciar que outras formas de produzir alimentos e conviver com a natureza são possíveis.   

Segundo o coordenador, os agrotóxicos têm impactos adversos na qualidade da água, plantas e animais, além de estarem associados a uma abundância de efeitos negativos para a saúde humana, que vão desde doenças de curto prazo até vários tipos de câncer. 

Ele alerta que a redução do seu uso não é fácil. “A reprodução sistemática da diversidade e a busca por sistemas de produção simplificados deixaram as lavouras vulneráveis a pragas e doenças. Sem um novo paradigma de pensamento e prática na produção agrícola, o uso global de pesticidas provavelmente aumentará, com efeitos indiretos sobre o meio ambiente e nossa saúde”, adverte Franco Netto. 

Poluição Global

De acordo com o pesquisador, em 1962, quando Rachel Spring escreveu Silent Spring - obra reconhecida mundialmente por ter ajudado no lançamento do movimento ambientalista -, o conhecimento sobre esses produtos químicos era relativamente reduzido.  “Sessenta anos depois, essas análises permanecem limitadas, embora as pesquisas sobre o impacto de pesticidas específicos na saúde humana e no meio ambiente tenham mais profundidade e rigor mecanicista”, explicou ele. 

Foi criado um banco de dados global de aplicações de pesticidas e um modelo ambiental espacialmente explícito para estimar a geografia mundial do risco de poluição ambiental causado por 92 ingredientes ativos de pesticidas em 168 países. Uma região é considerada em risco de poluição se os resíduos de pesticidas no meio ambiente excederem as concentrações sem efeito, e em alto risco, se os resíduos excederem isso em três ordens de magnitude. 

“Pesquisas recentes revelam que 64% das terras agrícolas globais (aproximadamente 24,5 milhões de km2) estão em risco de poluição por pesticidas por mais de um ingrediente ativo e 31% estão em alto risco. Entre as áreas de alto risco, cerca de 34% estão em regiões de alta biodiversidade, 5% em áreas com escassez de água e 19% em nações de baixa e média baixa rendas”, descreveu ele. 

Foram identificadas bacias hidrográficas na África do Sul, China, Índia, Austrália e Argentina como regiões de grande preocupação porque apresentam alto risco de poluição por pesticidas, apresentam alta biodiversidade e sofrem com escassez de água.

O coordenador alerta, também, que muitas pessoas estão expostas a pesticidas ocupacionalmente e a autointoxicação por pesticidas é um grande problema de Saúde Pública. Todos os anos, três milhões de casos de intoxicação aguda foram relatados por exposição a pesticidas, resultando na morte de 250 a 370 mil pessoas todos os anos.

Ações na Fiocruz

A Fiocruz realiza ações de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação, Informação e Comunicação relacionadas aos agrotóxicos ao longo de sua trajetória institucional. Recentemente - a partir da primeira década do segundo milênio -, essas ações têm sido planejadas, implementadas e avaliadas por intermédio do grupo de trabalho (GT) constituído no âmbito da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAS/Fiocruz).

Os GT é formado por pesquisadores de diversas unidades da instituição, incluindo a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), e abrange, não exclusivamente, aspectos relacionados à regulação de agrotóxicos, toxicologia clínica e ambiental, vigilância em saúde, atenção integral à saúde e assessoria técnica científica a diversas instituições públicas, não governamentais e dos movimentos sociais. 

“Há inúmeras iniciativas da escala global à local que apresentam alternativas sustentáveis ao uso de agrotóxicos, sendo a Agroecologia uma perspectiva sistêmica que transforma por completo os sistemas alimentares globais de agentes de concentração de riqueza para poucos em agentes protagonistas do bem viver”, finalizou o coordenador. 

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