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SAS/VPAAPS lançam nova agenda denominada saúde e natureza


09/12/2021

SAS/VPAAPS

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Não é de hoje que a relação entre o ser humano e a natureza têm sido objeto de preocupação e de estudos científicos. O campo de saúde, ambiente e sustentabilidade acompanha a Fiocruz desde a sua origem, transcende os arranjos institucionais formais e abrange uma rica produção científica voltada ao aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e ao aprimoramento de políticas públicas. 

De forma inovadora a Coordenação de Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) lançou uma nova agenda chamada Saúde e Natureza. Para dar início a essa agenda, a Fiocruz e o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE) assinaram uma cooperação técnica visando gerar evidências sobre os benefícios da natureza à saúde humana e incentivar a implementação de vivências de “Banho de Floresta”, em áreas naturais públicas e privadas no Brasil.  

Dessa forma, a prática do Banho de Floresta poderá vir a ser reconhecida como uma atividade auxiliar na manutenção da saúde pessoal, ao mesmo tempo em que poderá se constituir como um estímulo à proteção de áreas verdes, e até mesmo gerar um significativo avanço na compreensão popular sobre a importância da natureza para a saúde. 

O Banho de Floresta, ou shinrin-yoku, é uma prática integrativa e complementar reconhecida no Japão desde os anos 80, com adeptos em vários países, e estudos internacionais mostram benefícios como a redução do estresse e a melhora da saúde física e mental. 

O Termo de Referência da cooperação, elaborado pela Fiocruz e o IBE,  foi concluído e contextualiza o tema da saúde e o desenvolvimento integral do indivíduo e da sociedade vinculando-o, intrinsecamente, à natureza. Além disso,  destaca a interdependência existente entre o ser humano e o ambiente em que habita – com impacto direto na conservação da biodiversidade e no equilíbrio do planeta. Neste sentido, vale ressaltar que o tema se faz especialmente relevante no contexto da pandemia da Covid-19, quando o confinamento aumentou a necessidade de maior proximidade com os espaços públicos naturais. Confira o documento.

Também são objetivos da cooperação: qualificar e definir diretrizes e protocolos para a vivência de Banho de Floresta; capacitar (de forma teórica e prática) facilitadores de Banho de Floresta; definir diretrizes para o processo de certificação e/ou reconhecimento das áreas naturais aptas a receber a vivência; elaborar, executar e avaliar projeto de pesquisa e monitoramento da saúde dos participantes da atividade, para avaliar os benefícios da prática, quando realizado nos biomas brasileiros e promover campanha de advocacy, em busca de influenciar políticas públicas nos segmentos de Saúde, Meio Ambiente, Educação e Turismo no contexto do tema Saúde e Natureza.

O documento cita ainda pesquisas internacionais que trazem evidências sobre os efeitos positivos do Banho de Floresta. O estudo conduzido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Universidade de Stanford, por exemplo, relata que práticas na natureza reduzem a ruminação (pensamento repetitivo focado em aspectos negativos de si - self) e a ativação do córtex pré-frontal subgenual. Outro estudo realizado pela Universidade de Michigan descreve a relação entre a duração de uma experiência na natureza e mudanças em dois biomarcadores fisiológicos do estresse – cortisol e alfa-amilase salivares.

Os resultados das pesquisas, associados aos componentes de cura do Shinrin-Yoku, se concentram especificamente nos efeitos terapêuticos sobre: (1) a função do sistema imunológico (aumento na produção e na atividade das células de defesa – Natural Killers) e prevenção do câncer; (2) o sistema cardiovascular (hipertensão/doença arterial coronariana); (3) o sistema respiratório (alergias e doenças respiratórias); (4) depressão e ansiedade (transtornos de humor e estresse); (5) relaxamento mental (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade); e (6) sentimentos humanos de "reverência" (aumento da gratidão e abnegação).

Os benefícios das florestas sobre a saúde já possuem evidências suficientes para que venham a ser considerados um tema de importância na área da prevenção e apoio à restauração da saúde. Como se trata de um campo relativamente recente, os diferentes modos de facilitar os efeitos do Banho de Floresta por parte dos guias, assim como os  efeitos de diferentes ambientes florestais (como idade da floresta, biodiversidade, nível de intervenção humana e outros), tornam esse campo um rico espaço para pesquisas posteriores. 

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