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Agenda 2030: estudo avalia evolução de 40 indicadores de saúde no Brasil e Equador


05/06/2024

Luire Campelo (Cidacs/Fiocruz Bahia)

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Uma parceria entre pesquisadores do Reino Unido, Brasil e Equador resultou em artigo publicado na revista Public Health, que analisa a evolução dos 40 indicadores relacionados à saúde, ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), nos dois países americanos. A pesquisa, com participação do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos em Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), foi conduzida pela Unidade Pesquisa em Determinantes Sociais e Ambientais das Desigualdades em Saúde (Sedhi), financiada pela agência britânica NIHR, que, alinhada com o monitoramento do progresso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, visa contribuir para o conhecimento sobre saúde global. 

“A partir dos dados utilizados, identificamos que, entre os anos de 1990 e 2019, Brasil e Equador reduziram substancialmente tanto a desnutrição crônica (stunting) quanto a desnutrição aguda (wasting), as taxas de mortalidade neonatal, as prevalências de doenças tropicais negligenciadas, as incidências de tuberculose e malária e as taxas de mortalidade atribuíveis à água, esgotamento sanitário e higiene inseguros. Ambos os países ampliaram largamente a cobertura vacinal, em torno de 200%”, explica a pesquisadora da Universidade Federal de Minas gerais (UFMG), vinculada a Unidade de Pesquisa da Sedhi, e co-autora do artigo, Laís Cardoso.

O Índice dos ODS mostrou uma mudança percentual positiva de 46% no Brasil e de 24% no Equador entre 1990 e 2019. Análises de tendência de 1990 a 2017 e projeções até 2030 indicam que ambos os países aumentarão seu Índice dos ODS em 70 para o Brasil e 65 para o Equador.

“Quando abordamos especificamente Brasil e Equador, a cooperação Sul-Sul emerge com uma importante ferramenta. Entendemos que, embora as metas da Agenda 2030 e respectivos indicadores para o desenvolvimento sustentável sejam de âmbito global, seu cumprimento se dá e depende dos contextos regionais e das capacidades locais. E estas capacidades podem ser fortalecidas ou ampliadas por meio da realização de alianças entre as nações”, aponta Cardoso. 

De acordo com o estudo, em 2019, o Brasil e o Equador apresentaram diferenças marcantes em diversos indicadores de saúde e desenvolvimento. O Brasil registrou uma porcentagem mais elevada de óbitos bem certificados em comparação com o Equador, respectivamente 83,6% e 69,4%, indicando uma maior precisão nos registros de mortalidade. 

A taxa de homicídios no Brasil dobrou em relação ao Equador, sendo o Brasil com uma taxa 27,5 para 100 mil e o Equador, 13,3/100 mil. Enquanto indicadores como desnutrição infantil, mortalidade materna e mortalidade infantil apresentaram melhorias, outros, como a incidência de HIV, consumo de álcool e taxa de homicídios, mostraram tendências preocupantes.

Entre 1990 e 2019, os seguintes indicadores pioraram: taxa de mortalidade por desastres, prevalência de sobrepeso infantil, incidência de HIV, consumo de álcool, prevalência de violência não íntima entre parceiros, taxa de homicídios, violência física, violência sexual, abuso sexual infantil e taxa de mortalidade por suicídio (apenas no Brasil).  

Por outro lado, uma mudança positiva de mais de 20% foi observada em ambos os países para a assistência ao parto qualificada. O planejamento familiar atendido por métodos contraceptivos, a cobertura universal de saúde, a cobertura de imunização e a densidade de profissionais de saúde também aumentaram. A mudança percentual positiva na pontuação da cobertura de vacinação foi a mais alta para ambos os países (424% para o Brasil e 357% para o Equador). 

O estudo foi realizado a partir de uma colaboração entre pesquisadores, no Brasil, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Cidacs/Fiocruz Bahia; no Equador, da Escola de Medicina da Universidade Internacional do Equador; e, no Reino Unido, da Faculdade de Epidemiologia e Saúde da População da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres; da Universidade de Washington; da Universidade de Londres; e da Universidade de Glasgow.

Sedhi e NIHR

A Unidade Pesquisa em Determinantes Sociais e Ambientais das Desigualdades em Saúde (SEDHI) do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados (NIHR, na sigla em inglês) visa desenvolver investigações sobre os impactos das políticas públicas nas desigualdades sociais em saúde. A Sedhi busca contribuir para o campo da saúde global construindo e desenvolvendo fontes de dados e qualidade no Brasil e no Equador, criando e aprimorando metodologias de análise rigorosas e em grande escala, e através de abordagens inovadoras que permitam descobertas com potencial para apoiar a tomada de decisões coletivas e individuais para melhorar a saúde da população.  

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