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Sobrevivente do massacre do Carandiru reconta a história do genocídio em podcast


08/03/2023

Cooperação Social da Fiocruz

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Superlotação, insalubridade e diferentes fatores de risco de morte. Questões como essas que configuram o dia a dia do sistema carcerário emergem da entrevista de Maurício Monteiro, gestor ambiental e sanitário, sobrevivente do Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo em 1992. O entrevistado apresenta outra versão sobre o massacre do Carandiru – diferente das oficiais - e foi gravado durante a vigência da parceria entre o projeto Radar Saúde Favela e o portal Le Monde Diplomatique Brasil, em 2022. O Radar Saúde Favela é um projeto originário da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas e atualmente é coordenado pela Cooperação Social da Fiocruz. O episódio pode ser escutado aqui.    

Para Fábio Araújo, sociólogo e coordenador do Radar Saúde Favela pela Cooperação Social, o encarceramento seletivo da juventude negra, que habita os territórios populares, tem sido uma das marcas do racismo brasileiro e o debate trazido por Maurício Monteiro contribui para problematizar as relações entre racismo, prisão, saúde e direito à vida. “Além de trazer a memória viva do massacre do Carandiru, a fala de Maurício nos provoca a pensar sobre as possibilidades e obstáculos à construção de territórios saudáveis e sustentáveis, em contextos atravessados por políticas racistas e de morte. De modo que, o campo da saúde precisa se aproximar da agenda pelo desencarceramento”, afirmou Fábio Araújo. 

Fábio Mallart, também sociólogo e integrante da equipe do projeto, descreve a prisão como “lugar de morte” que pode se desdobrar em execuções sumárias do lado de fora dos muros, ou mesmo devido às mortes por diferentes doenças, do lado de dentro. Em sua fala no podcast, Maurício Monteiro descreve situações que ocorreram com ele e outras pessoas encarceradas que confirmam esse diagnóstico. "Em um contexto que aniquila vidas, a única política de saúde realmente eficaz é o desencarceramento", defendeu Mallart. 

Podcast Radar Saúde Favela 

O primeiro episódio entrevistou Carlos Doethyró Tukano, nascido e criado na região do Alto Rio Negro, no Amazonas, e presidente do Conselho Estadual de Direitos Indígenas do Rio de Janeiro (CEDIND), por ocasião do Abril Indígena. Nessa conversa, Carlos Tukano falou de sua trajetória até chegar ao Rio de Janeiro, da luta pelos direitos indígenas, dos dilemas de ser indígena em contextos urbanos, da pandemia e da luta pelo direito à saúde. Acesse aqui

Novo projeto e novo site 

Gestado no primeiro ano da pandemia de Covid-19 no Brasil, o informativo “Radar Covid-19 Favela” foi um dos produtos da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, vinculada ao Observatório Covid-19 Fiocruz. Estruturado com base no monitoramento ativo de fontes não oficiais, trouxe análises populares e científicas sobre a situação de saúde em territórios periféricos, visibilizando iniciativas populares de enfrentamento à pandemia no decorrer de suas 17 edições, publicadas entre agosto de 2020 e junho de 2022. 

Em sua nova fase, o Radar Saúde Favela terá foco em produzir e difundir informações sobre a situação de saúde e da sua determinação social em favelas e periferias de centros urbanos, lançando luz sobre as diversas dimensões de precariedade que afetam de forma diferenciada as populações que habitam em territórios socioambientalmente vulnerabilizados. Não mais centrado apenas no Rio de Janeiro, o novo informativo ampliará seu escopo, contemplando relatos, textos, entrevistas e material audiovisual dos quatro cantos do país, a partir da ampliação da rede de ativistas, movimentos e lideranças sociais atuantes nestes territórios. Debates, discussões e reuniões de pauta com tais atores sociais também fazem parte das atividades desenvolvidas. Tudo isso, sem perder de vista as implicações da Covid-19, as quais ainda se fazem presentes, sobretudo nesses territórios. 

O material publicado resulta da formação de uma rede de interlocutores, valorizando a produção compartilhada de conhecimento, o acesso e a participação ativa de moradores de favelas e de seus movimentos sociais e o direito à comunicação pública. Lançado como uma revista digital, o Radar Saúde Favela está ancorado nos referenciais teórico, conceitual e metodológico de Promoção da Saúde, remete às diretrizes do Programa Institucional de Territórios Saudáveis e Sustentáveis da Fiocruz, bem como aos objetivos e metas do Projeto de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis em Centros Urbanos da Coordenação de Cooperação Social. As opiniões refletidas nos textos assinados, no entanto, não necessariamente refletem a opinião da Fiocruz. 

O Portal Radar Saúde Favela foi lançado no dia 10 de fevereiro deste ano, abrigando narrativas de lideranças populares por meio de textos escritos e materiais multimídia. Todas as edições já publicadas também estão disponíveis no sítio e alguns dos textos que constavam do informativo virtual foram publicados de forma individual, facilitando o acesso ao conteúdo. O lançamento aconteceu durante a roda de conversa virtual  ‘Mobilização comunitária e saúde nas favelas', promovida pelo canal Cidades em Movimento da Cooperação Social da Fiocruz, durante a manhã. O vídeo gravado durante a transmissão está disponível aqui.  

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