30/10/2018
Por: Maira Baracho (VPEIC/Fiocruz)
Após um processo de reformulação iniciado em fevereiro de 2018, o Portal do Observatório em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde da Fiocruz está no ar com uma nova proposta, mais dinâmica e interativa. O projeto, que funcionou como piloto desde 2016, foi relançado após incorporar a experiência de sua primeira versão, trazendo novas propostas para lançar luz à produção da Fiocruz. Com o intuito de aproximar-se da comunidade interna e da sociedade em geral, o Observatório conta com novidades que incluem a análise interativa à indicadores em ciência, tecnologia e inovação, a busca de referências relacionadas à Fiocruz a este tema e um novo formato de elaboração de estudos.
O Observatório nasceu da necessidade de diagnosticar as atividades da Fiocruz nos campos da pesquisa e do ensino para além da lógica convencional, produtivista, que valoriza sobretudo a quantidade de publicações científicas. “Os próprios estudos já realizados pelo Observatório revelam esse contexto. Na ausência de outras metodologias, essas métricas (que são importantes e têm seu valor) acabam sendo utilizadas para uma avaliação qualitativa do que na verdade é um indicativo apenas quantitativo”, explica a coordenadora de Informação e Comunicação da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Paula Xavier.
“É um projeto inovador porque muitas vezes a metodologia para você desenvolver essa avaliação não está definida e é preciso criar um conhecimento sobre isso. Além disso, muitas vezes temos a metodologia, mas não a fonte de dados. O observatório tem um desafio enorme que é criar esses instrumentos para se aproximar mais da diversidade”, explica Paula, que acredita que a Fiocruz já produz conhecimentos que se expressam e resultam em benefícios para a sociedade, para além das publicações científicas. “O que ainda não temos é a capacidade de monitorar isso e de induzir que aconteça de forma mais sistemática na instituição”, diz. “E dada a complexidade desse projeto, foi necessário que nascesse como um piloto exatamente para experimentar essas novas metodologias, abordagens e também a governança interna, para entender como se apropriar disso na Instituição”.
No Portal do Observatório, informações sobre a Fiocruz poderão ser acessadas no formato de indicadores interativos, de estudos quanti-qualitativos, bem como em referências disponíveis para consulta. “Existe a previsão de que as informações sejam atualizadas periodicamente, assim como a incorporação de novos indicadores ao longo do tempo, torando o Portal dinâmico. A ideia é reunir, no mesmo lugar, todas as informações sobre a Fiocruz”, explica a pesquisadora e membro do Comitê Gestor do Observatório, Bruna Fonseca.
Além da VPEIC, que coordena a iniciativa, o observatório conta ainda com a colaboração de diferentes parceiros, como o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS), Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Plataforma de Ciência de Dados aplicada à saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologia em Saúde (Icict/Fiocruz), Repositório Institucional ARCA e Coordenação-Geral de Gestão de Tecnologia de Informação (Cogetic/Fiocruz).
Novidades
Nesta nova versão do portal, a visualização dos indicadores produzidos pelo Observatório é feita através de um dashboard, painel recém-implementado, que permite ao visitante aplicar recortes e filtros nas informações disponíveis, criando novas possibilidades de análises.
A implementação do dashboard é fruto de uma parceria com a Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde do Icict, cuja missão é disponibilizar serviços tecnológicos e computação científica para armazenamento, gestão e análise de grandes quantidades de dados para pesquisadores, docentes e discentes de instituições de ensino e pesquisa. “Os painéis interativos são o primeiro passo da parceria, na segunda etapa esperamos poder contribuir para a automação de algumas tarefas de extração de dados relevantes ao Observatório e, em parceria com outros pesquisadores do Icict, avançar na análise dos dados e na capacitação de equipes de referência em ciência de dados, especialmente na recuperação de informações de alta performance, machine learning e disponibilização interativa de grandes quantidades de dados”, explica o Coordenador da Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde, Marcel Pedroso.
"O objetivo dos painéis interativos é facilitar a análise visual dos dados, permitindo de forma simples e intuitiva a sua visualização e exploração. Este processo pode ajudar na identificação de subsídios para a tomada de decisões ou no desenvolvimento de novas pesquisas. Foram fundamentais na tarefa, além da infraestrutura da Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde (PCDaS) no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), a utilização de softwares Open Source e o emprego de uma equipe multidisciplinar, uma vez que o tratamento, organização e representação dos dados apresenta desafios que não se restringem a um único campo de conhecimento”, completa o Cientista de Dados do Icict, Jefferson Lima.
“Neste formato atual, o usuário pode interagir com esses indicadores. A ideia é que a pesquisa seja feita de acordo com seu interesse, diferente de como foram apresentados na primeira versão do Observatório. Aqueles indicadores produzidos na época continuarão acessíveis, mas no formato de estudo, afinal foi um trabalho importante realizado sob outra ótica e que não poderia ser desperdiçado", afirma Bruna Fonseca.
As seções destinadas à publicação de notícias, entrevistas e artigos de opinião também passaram por uma reformulação. “Alguns conteúdos foram reagrupados, criando um novo conjunto de categorias para que seu acesso seja feito de forma mais rápida e intuitiva. Essas melhorias têm a finalidade de promover maior qualidade no acesso”, analisa o consultor web, responsável pela Arquitetura de Informação do novo Observatório, Julio Takayama.
O Drupal foi a tecnologia usada neste novo portal para gerenciar os conteúdos em PHP (Personal Home Page, em inglês) - linguagem interpretada livre, permitindo a geração de conteúdos dinâmicos. “O site do Observatório foi refeito na intenção de criar uma versão mais limpa do código. Além disso, no decorrer do desenvolvimento, com a incorporação de novos layouts, outros códigos foram sendo implementados para as novas páginas e novas seções integradas”, explica o desenvolvedor web do Núcleo Operacional do projeto, Aluísio Marques.
A seção de referências também passou por uma reformulação nesta nova versão do portal. Tendo como objeto principal a Fiocruz, as referências disponibilizadas permitem um olhar mais direcionado para as produções cujo tema seja a própria Instituição, permitindo maior visibilidade desses estudos. Critérios de seleção contemplam estudos sobre modelos de gestão, planejamento, políticas e programas institucionais, análise sobre a produção de conhecimento técnico, científico e ou desenvolvimento tecnológico e novas propostas para aprimoramento da gestão institucional e formulação de políticas. “A princípio a seção reúne teses e dissertações de pós-graduação da Fiocruz, recuperadas do repositório institucional Arca, e de outras instituições públicas ou privadas de todo o país. Porém, a ideia é incluir também artigos científicos, dentro deste mesmo escopo”, conta a bibliotecária e membro do Núcleo Operacional do Observatório, Jaqueline Gomes, responsável pela coleta e organização das informações.
Mais transparência
Através da divulgação de um conjunto de informações sobre a produção de conhecimento na Fiocruz, abordando não apenas os resultados gerados, mas seus desdobramentos para a sociedade e aspectos da própria gestão das pesquisas, como a utilização dos recursos e identificação das áreas comumente pesquisadas, o Observatório contribui para a transparência institucional, tanto para a comunidade interna quanto para o público geral.
“Os sistemas de prestação de contas dos órgãos de financiamento focam muito mais no aspecto financeiro, custos e gastos, do que em estabelecer uma relação com o quanto isso efetivamente impacta para a sociedade”, aponta Paula Xavier. “Internamente, pensando nos indicadores, é uma nova forma de trabalhar que não só evidencia a Fiocruz como um todo, mas que também permite recortes por unidade, o que significa que as Unidades Regionais vão poder também perceber como estão nesse grande esquema de visualização de dados na Fiocruz”, conclui.
Para os gestores e público interno da instituição o Observatório é uma ferramenta que fornece informação capaz de subsidiar formulações de políticas públicas e também internas em diversas áreas.
“É um retrato da Fiocruz que ajuda a nortear tomadas de decisão dentro da instituição. E é mais transparente também na maneira de prestar contas, uma vez que somos uma instituição pública, financiada com recursos públicos, o que torna importante o entendimento da população do que a Fiocruz faz para a sociedade de uma forma mais geral. A perspectiva de trabalhar com impacto societal agrega mais transparência na maneira como a instituição se coloca externamente”, pontua Bruna Fonseca.
O Observatório também se conecta com o debate sobre Ciência Aberta em curso na instituição que, ao se propor mais colaborativa e pautar a transparência científica nos gastos e nos benefícios à sociedade, também pressupõe novas formas de avaliação. “Temos essa premissa de que os instrumentos de avaliação hoje não dão conta de valorar as práticas de abertura, sobretudo de dados, que está mais em ascensão na comunidade científica”, coloca Paula Xavier.
Próximos passos
Para garantir a produção de novos indicadores e estimular a participação de outros membros da comunidade Fiocruz, o Observatório pretende abrir chamadas internas para financiar novos estudos qualitativos.
“Isso nos garante por um lado o alinhamento entre a temática e escopo desses estudos e a agenda estratégica da presidência - que determinará prioridades de pesquisa, direcionando a necessidade de informação qualificada naquele momento. Por outro lado, como é uma espécie de contratação desses grupos de pesquisa, vamos ter ingerência sobre os estudos, além de abrir oportunidades iguais para que várias unidades, grupos de pesquisa e laboratórios da Instituição participem da elaboração dos estudos”, revela Paula Xavier.
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