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Iniciativa da Fiocruz Mata Atlântica promove novos imóveis para moradores de comunidades


11/03/2019

Por: Emerson Rocha (Fiocruz Mata Atlântica)

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Nadrir de Oliveira mostra a chave da casa nova
A pensionista Nadir de Oliveira Santos de 67 anos passou um verdadeiro drama, quando teve a casa condenada pela Defesa Civil, em 2013. Ela morava em um espaço de aproximadamente 10 metros quadrados, na comunidade Caminho da Cachoeira, na Colônia Juliano Moreira, Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O pequeno imóvel, bastante precário, composto apenas por banheiro, cozinha e um quarto, foi muito danificado pelas fortes chuvas de verão. Após o aviso do órgão público, a viúva e mãe de seis filhos, recebeu a visita da equipe social do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica (PDCFMA).

Nesse encontro, dona Nadir, como é conhecida, recebeu o convite para participar de reuniões com as outras famílias na mesma situação, para discutir os problemas, construir juntos soluções possíveis e discutir o projeto de uma casa “abrigo” que pudesse ser construída no menor tempo possível. Por ser cadastrada no projeto de regularização fundiária aprovado para esta área da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), a pensionista tinha direito a um lote de reassentamento, recebendo os materiais doados por ação de responsabilidade social de empresas de construção civil, e sua família ficando responsável apenas pela contrapartida de mão de obra.  Como tem filhos que trabalham como pedreiro, não houve muitas dificuldades para iniciar o projeto feito por arquitetos e engenheiros da Fiocruz. Esses profissionais prestaram assessoria técnica, inclusive com acompanhamento da obra.

"Minha casa estava em risco, poderia desabar a qualquer momento. Me falaram que teria que sair de lá. Não queria morar com meus filhos. Foi aí que apareceu a Fiocruz na minha vida. Foi maravilhoso, uma benção. Hoje tenho quarto, sala, cozinha, banheiro e quintal, que faço minha horta. Vou fazer ainda uma varanda. Está uma beleza. Tenho condições de receber meus filhos e netos. Valeu a pena. Minha vida está muito melhor agora", disse.

Atualmente, 13 famílias da Colônia Juliano Moreira participam do projeto Casa Abrigo. Todas elas tiveram suas moradias interditadas pela Defesa Civil no período de 2013 a 2015. Uma foi a da dona de casa, Helena Joana de Queiroz, de 62 anos. Ela também estava com a residência muito prejudicada e as rachaduras começaram a aumentar, o que gerou um risco iminente de desabamento.

"Fui orientada a conversar com o pessoal da Fiocruz, que me indicou ligar para a Defesa Civil. O imóvel foi condenado, já que não tem colunas e a estrutura pode cair a qualquer momento. Depois de tudo isso, entrei no projeto e ganhei outro terreno, mas na comunidade Viana do Castelo, o que foi muito melhor para minha família. Meu marido teve um acidente vascular cerebral (AVC) e está com dificuldades de locomoção. Como o local onde será a casa nova fica mais perto da estrada, a gente anda bem menos para ir ao médico", comenta Helena Joana, que tem a previsão de mudança para o início de 2019. 

Helena Joana e a filha: não vê a hora de mudar

O Casa Abrigo foi desenvolvido por equipes interdisciplinares do PDCFMA com base no projeto de Regularização Urbanística e Fundiária das comunidades do entorno do campus, que tem o objetivo de garantir o direito à moradia e à terra, visando à saúde das famílias e a sustentabilidade do território, como foi o caso de outra dona de casa, Rosana Queiroz, de 54 anos. 

"Onde moro atualmente é bem antigo e só vem piorando a cada dia, além de ser muito perto do rio. Tem grandes riscos. Estou com grande expectativa pela mudança, pois a casa nova será muito melhor. Já fui lá e fiz minha parte. O terreno estava desnivelado e com grande matagal. Tive que capinar tudo e conseguir aterro para colocar certinho. Vou morar sozinha e com uma estrutura maior. Estou ansiosa, pois terei a oportunidade de ter um espaço para plantar, o que adoro fazer. Não vejo a hora de iniciar e terminar a obra", afirma.

Um dos responsáveis pelo projeto Casa Abrigo do PDCFMA é o arquiteto e urbanista, Marcos Fonseca, o Markito. Para ele, a ideia é que haja cooperação das partes envolvidas nas obras, com o protagonismo sendo da população. 

"O nosso objetivo é promover a superação de situações de risco à vida e melhoria nas condições do habitat e na qualidade de vida, através de assessoria técnica interdisciplinar e do estímulo a ações comunitárias e de responsabilidade social de empresas da área de construção civil. A assistência é realizada junto a cada família, sendo realizado o atendimento por profissionais do Campus, respeitando as escolhas e o tempo de cada uma para a realização das obras", explica.

O Casa Abrigo envolve assessoria técnica em um projeto arquitetônico modelo, com orientação e acompanhamento sobre técnicas de construção civil e mobilização social. Parte dos materiais foi doado por empresas como ação de Responsabilidade Social e o autoempreendimento da construção das moradias pelas próprias famílias, em mutirão ou não. O principal desafio consistiu em oportunizar alternativas emergenciais para estas famílias saírem da situação de risco iminente à vida.

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