06/06/2023
Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
A Fiocruz assinou, nesta segunda-feira (5/6), um Memorando de Entendimento (MdE) que estende a cooperação internacional com a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). Firmado pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Machado, e pelo secretário executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, o documento prorroga por mais cinco anos a parceria, com três eixos centrais: o acompanhamento da Agenda 2030 e sua interface entre saúde e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS); a prospecção estratégica; e o apoio à produção local para aumentar a capacidade de resposta da região diante de emergências sanitárias.
Assinatura foi firmada pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Machado, e pelo secretário executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs (foto: Peter Ilicciev)
Com a assinatura foi estabelecido um prazo de seis meses para a formação de um plano de trabalho, desdobrando esses três eixos em ações que envolvem não só a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030) e o Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz), envolvidos desde a primeira assinatura em 2018, como as demais unidades da Fundação. A ideia é que a experiência da Fiocruz possa ser compartilhada com outros países, melhorando a qualidade da saúde e fortalecendo a capacidade de produção de medicamentos, testes e vacinas, visando a autonomia da região.
“O tema saúde é fundamental para o desenvolvimento da América Latina, para a política social. É também um setor que impulsiona o desenvolvimento, o crescimento econômico, a força de trabalho, se conectando com muitos outros temas”, afirmou o secretário executivo da Cepal. “A experiência da Fiocruz é impressionante. É única na América Latina por sua natureza e por sua escala. Então, cremos que há muitas lições que podemos aprender e colaborar para que os países da região possam conhecer esta experiência e reproduzir boas práticas. Vejo também a possibilidade de colaboração e exportação de vacina a outros países”, pontuou.
Cristiani Machado, que representou o presidente Mario Moreira na assinatura do documento, destacou o papel da Cepal na formulação de propostas voltadas a um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. Ela ressaltou a importância da parceria para o desenvolvimento conjunto de estudos e de análises sobre a saúde como um componente fundamental do bem-estar social, assim como do desenvolvimento - uma concepção seguida tanto pela Fiocruz quanto pelo Ministério da Saúde.
Cristiani Machado representou o presidente Mario Moreira na assinatura do documento (foto: Peter Ilicciev)
“A Cepal tem dado incentivo a maior autonomia no campo do desenvolvimento científico e tecnológico na saúde, entendendo que isso é essencial. Nesse cenário pós-pandemia, ficou muito evidente a importância de investir em ciência e tecnologia para termos maior autonomia no desenvolvimento de insumos estratégicos para a saúde, como é o caso das vacinas, dos medicamentos e dos testes diagnósticos. Esta é uma aposta da Fiocruz para contribuir para fortalecer a produção nacional pública destes insumos”, observou a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação.
Além disso, a parceria inclui o desenvolvimento de uma prospecção estratégica para o sistema de saúde e para o desenvolvimento nacional, tendo a saúde como um componente fundamental do desenvolvimento nacional voltado para a inclusão e o bem-estar social.
Esta é a primeira viagem de Salazar-Xirinachs ao Brasil como secretário executivo. Ele chegou à Fundação acompanhado pelo representante da Cepal no Brasil, Carlos Henrique Fialho Mussi, que assinou o documento como testemunha; por sua chefe de Gabinete, Silvia Hernandez; pelo diretor de Desenvolvimento Produtivo, Marco Liñas; pelo diretor de Desenvolvimento Econômico, Daniel Titelman; e por Robson Silva, que se juntou ao escritório da Cepal em Brasília.
“A vinda do secretário executivo mostra a grande relevância dada à Fiocruz”, explicou Paulo Gadelha, coordenador da EFA 2030. Além de Gadelha, participaram da cerimônia o assessor de Relações Interinstitucionais da Presidência, Valber Frutuoso; o coordenador adjunto do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), Pedro Burger; e o secretário executivo do Centro de Estudos Estratégicos (CEE), Marco Nascimento.
O documento prorroga por mais cinco anos a parceria (foto: Peter Ilicciev)
Durante mais de uma hora, o secretário executivo da Cepal se mostrou interessado em informações sobre a produção de vacinas e medicamentos, no Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, que está sendo construído em Santa Cruz e que aumentará a produção de imunizantes, nas iniciativas no campo da educação e formação de profissionais não só no Brasil, mas com cursos que alcançam outros países, além da atuação da Fundação no país e na produção científica e geração de conhecimento. Ele quis saber mais também sobre mecanismos de parcerias com instituições privadas e pesquisa fitoquímica. Salazar-Xirinachs se mostrou surpreso com o fato de a Fiocruz ter 1.800 doutores em seu quadro de servidores e de cobrir, junto com o Instituto Butantan, 80% das vacinas do calendário oficial do país.
Memorando anterior
O Memorando de Entendimento havia sido assinado originalmente em 19 de abril de 2018, já voltado ao cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Ele foi firmado pela então presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e pela secretária executiva da Cepal na época, Alicia Bárcena, em Santiago do Chile, durante o Fórum de Países da América Latina e do Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável.
O documento previa a colaboração entre as instituições em iniciativas que articulassem o desenvolvimento socioeconômico e saúde, como projetos de pesquisa e prospecção, intercâmbio acadêmico de pesquisadores e estudantes, de informações e documentação técnica sobre as relações entre desenvolvimento e saúde, a organização conjunta de seminários e a publicação em comum de artigos e trabalhos científicos.
O termo estabelecia ainda a criação de plataformas e outros dispositivos para produzir e difundir conhecimento sobre relações entre desenvolvimento e saúde, a elaboração de tecnologias sociais para melhorias na qualidade de vida e cooperação para o desenvolvimento de territórios sustentáveis, entre outros. Mas por conta da pandemia muitos projetos foram prejudicados. A ideia agora é retomar e ter um plano de trabalho concreto antes do fim do ano.
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