02/09/2022
Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
A Fiocruz, que administra o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), lançou, nesta quinta-feira (1º/9), uma via expressa para registro de estudos sobre monkeypox. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o Brasil já é o terceiro país em número de casos: entre os dias 22 e 31 de agosto os casos identificados saltaram de 3.700 para 5.037, sendo mais de 70% homens entre 18 e 44 anos.
Conhecida como fast track, a medida reduz para até menos de 48 horas o tempo de aprovação do registro. Este é obrigatório e, dependendo do volume nacional de pesquisas clínicas, pode inclusive levar semanas. “É essencial acelerar soluções com impacto e escala, como vacinas, novos métodos e medicamentos, que podem proteger a sociedade e, ao mesmo tempo, frear a contaminação. Se a documentação estiver correta, podemos aprovar na primeira rodada, imediatamente”, explica Luiza Silva, coordenadora do ReBEC.
Desde que criou o primeiro fast track, para a epidemia de zika em 2016, Silva vem aperfeiçoando o processo. “Na pandemia, a priorização de estudos considerados emergenciais foi combinada com atendimento em horário estendido. A inovação agora é que os registrantes podem falar diretamente com nossa equipe por meio de chat e até marcar hora para esclarecer dúvidas pelo celular”, explica.
Celeridade estratégica
Vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa-Oliveira enfatizou que todos os procedimentos éticos e técnicos dessas pesquisas, que envolvem seres humanos, estão preservados. “O que muda é sua tramitação burocrática: são examinadas antes das demais e a quantidade de rodadas de aprovação entre os pesquisadores e a nossa curadoria de informação diminui, porque esses dois polos interagem diretamente. Não tem segredo”, explica.
Atuante em imunologia, o cientista pontuou o papel estratégico da Fiocruz ao acompanhar tendências de doenças emergentes ou reincidentes por meio de várias redes de pesquisa em todo o mundo, identificando de modo preventivo informação útil ao MS para planejamento e enfrentamento de possíveis surtos. “Logo após o lockdown em 2020, pesquisadores brasileiros ou com pesquisa de Covid-19 no país já contavam com uma configuração de fast track única no mundo, já que a equipe do ReBEC monitorava a pandemia desde 2019”, cita.
O passo a passo para aderir aos fast tracks, bem como as instruções para submissão de estudos em geral, estão na página do ReBEC. No espaço virtual, o pesquisador também encontra atendimento via chat e pode fazer agendamentos com os curadores.
Atualmente, o ReBEC tem fast tracks para zika, dengue, chikungunya, febre amarela, malária e Covid-19. Todos apresentam full compliance (conformidade regulatória) com uma rede global da Organização Mundial da Saúde (OMS), da qual o ReBEC participa com outros 16 países.
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