10/03/2022
Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias)
Março é celebrado como o mês do Dia Internacional da Mulher, mas é também o momento de debater as desigualdades de gênero e a garantia de direitos. Esse foi o pontapé da apresentação da embaixadora da ONU Mulheres para América Latina María del Carmen Squeff no Seminário Avançado em Saúde Global e Diplomacia da Saúde do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) desta quarta-feira (9/4). No evento, que contou com a participação de pesquisadoras no tema, ela pontuou as prioridades da agência para 2022 e destacou a importância de alianças com instituições como a Fiocruz.
“A origem do 8 de março faz parte de um contexto histórico determinado por grandes desigualdades de gênero, que, apesar de terem diminuído, ainda persistem e se reproduzem de forma estrutural nas nossas sociedades. É um dia em que lembramos a luta das mulheres pela igualdade, reconhecimento, exercício de seus direitos, com plena consciência de que, apesar dos avanços e das conquistas, ainda não chegamos a uma igualdade substancial de gênero”, pontuou Squeff no início de sua apresentação.
O evento online teve também a participação das pesquisadoras do Instituto Nacional da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira (IFF/ Fiocruz) Corina Mendes e Roseli da Fonseca Rocha, que debateram aspectos como interseccionalidade e as expressões do racismo nos atendimento em saúde. O seminário, que teve como tema Mulher e Saúde Global, contou com a mediação de Maria Gomes, coordenadora de Ações Nacionais e de Cooperação do IFF/Fiocruz e de Ivia Maksud, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do instituto.
Eixos de atuação e alianças
Durante sua apresentação, Squeff comentou o papel e as prioridades da ONU Mulheres para 2022, que, desde sua fundação, em 2010, atua pela melhoria das condições de vida das mulheres e para atender suas necessidades. Segundo a embaixadora, a agência apoia os Estados membros das Nações Unidas no estabelecimento de normas internacionais para alcançar a igualdade de gênero, além de trabalhar com os governos e as sociedades civis na criação de leis, políticas e programas em benefício das mulheres e das meninas no mundo.
“A ONU Mulheres baseia o seu trabalho em quatro esferas temáticas de impacto: a governança e a participação na vida pública; o empoderamento econômico das mulheres; a eliminação da violência contra as mulheres e as meninas e as mulheres, a paz e a segurança – uma ação humanitária e redução do risco de desastres”, afirmou a embaixadora.
“Precisamos aproveitar esses pontos para fazer da nossa luta uma transformação em realidades concretas”. De acordo com ela, esses são os eixos do Plano Estratégico aprovado em 2021 durante reunião do Comitê Executivo da ONU Mulheres em que a Argentina está na vice-presidência desde 2021. Também sobre as prioridades, a embaixadora citou aspectos como direitos reprodutivos e sexuais, diversidade, atenção às mulheres idosas, entre outros.
Squeff destacou ainda a importância de estabelecer alianças com governos, sociedade civil, grupos de reflexão e instituições de pesquisa, algo que fortalece o apoio e a promoção de melhorias, plataformas e diálogos dentro da agenda de igualdade de gênero. Nesse sentido, ela citou a relevância da Fiocruz para o debate. “Reuniões do Comitê Executivo e eventos como este (o seminário) permitem que vocês nos deem feedback sobre o papel da ONU Mulheres para fortalecê-lo e alcançarmos progressos na situação das mulheres e meninas, principalmente na América Latina e no Caribe”.
Perspectiva interseccional
Em suas falas, Corina Mendes e Roseli da Fonseca Rocha abordaram a interseccionalidade, destacando a importância de se pensar em aspectos como raça, orientação sexual, origem social, etarismo e deficiências para promover melhores condições de vida e garantia de direitos das mulheres. As pesquisadoras e mediadoras foram enfáticas ao pontuar as desigualdades de gênero no país e no mundo, que acarretam discriminação e em mortes, seja por atendimento precarizado ou por violência doméstica, entre outros.
“Para que os Direitos Humanos se tornem reais, encarnados nas vidas das mulheres, indo além das abstrações, da carta de Direitos Humanos, é preciso que haja equidade, que, como ferramenta essencial ou principio, é necessário que esse processo se dê através de políticas públicas”, observou Corina Mendes. “Não há direitos humanos para pessoas diferentes, há efetivação através de uma cadeia de ações, decisões e práticas das quais fazemos parte. Não são os Direitos Humanos dele ou dela, são os nossos”.
O Seminário Mulher e Saúde Global também foi transmitido em inglês e espanhol.
Em espanhol:
Em inglês:
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