08/12/2021
Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
Quinze anos depois de visitar a Fiocruz como turista, Pietro Lazzeri retornou à Fundação na terça-feira (7/12) como embaixador da Suíça. No cargo há seis meses, ele se reuniu com integrantes da Fiocruz no Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), onde propôs ampliar a cooperação técnico-científica. Ele esteve também no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e constatou que algumas máquinas usadas na produção da vacina contra a Covid-19 vieram do seu país.
O embaixador chegou acompanhado pelo cônsul-geral no Rio de Janeiro, Bernhard Furger, e pelo gerente de Relações Acadêmicas da Swissnex, uma rede voltada para a promoção de ciência e inovação, Pedro Capra. No Cris eles foram recebidos pelos vice-presidentes de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Machado, e de Pesquisa e Coleções Biológicas, Rodrigo Correa, além dos diretores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Tânia Araújo-Jorge, e do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB), Christoph Milewski, assim como pelo coordenador-adjunto do Cris, Pedro Burger. Participaram ainda da reunião a coordenadora de Cooperação Institucional do IOC, Anna Cristina Carvalho, e a assessora do Cris, Ilka Villardo.
“Esta é a minha segunda vez na Fiocruz. Eu cheguei pela primeira vez em 1995, como um estudante de mestrado, pesquisando sobre os cientistas suíços na Amazônia. Foi assim que descobri Oswaldo Cruz. Cheguei ao Castelo como turista. Agora tenho um outro papel”, contou o embaixador Lazzeri.
Suíça no mapa da Fiocruz
A visita ainda nos primeiros meses no cargo, assim como a comitiva organizada para recebê-lo, se justifica. O Brasil é o principal parceiro do país em ciência, tecnologia e inovação na América Latina e a Suíça é uma das principais nações em cooperação com a Fiocruz. Grande parte do intercâmbio comercial entre os dois países se dá na área de fármacos e medicamentos.
No mapa de cooperação internacional da Fiocruz estão assinalados os memorandos de Entendimento com a Escola Politécnica Federal de Lausanne, com a Swissnex e com a iniciativa Zero Mothers Die (em saúde materna, neonatal e infantil). Além disso, há outras parcerias e pesquisas, muitas delas passando por redes de cooperação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e universidades.
“Nossos estudantes têm muito interesse em fazer estágios de curta duração em instituições estrangeiras e também nossos pesquisadores de estabelecerem parcerias e cooperações com instituições de excelência. Temos interesse em estreitar as relações com a Suíça, com as instituições acadêmicas, também com a área de produção empresarial relacionada à nossa área de atuação”, disse Cristiani Machado.
Rodrigo Correa, por sua vez, destacou a necessidade de avançar em programas de empreendedorismo científico, destacando o papel do CSEM, um centro suíço de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de manufatura de precisão, digitalização e energia renovável, que segue um modelo de parceria público-privada sem fins lucrativos. “O CSEM faz um trabalho belíssimo em desenvolvimento tecnológico. É uma área que tem um potencial muito grande: empreender junto e aprender com o CSEM o que é empreender em ciência”, disse Rodrigo, que é membro do conselho científico CSEM-Brasil.
Outro interesse demonstrado foi em ampliar as cotutelas de pós-graduação, manifestado por Tânia Araújo-Jorge, cujo instituto tem parcerias com instituições suíças. Já Christoph Milewski sugeriu aumentar a colaboração principalmente em Saúde Única e na criação de ferramentas tecnológicas para vigilância e monitoramento em saúde.
Para 2022, Lazzeri contou que a embaixada está preparando a visita da secretária de Estado Livia Leu, e que gostaria de incluir a Fiocruz no roteiro, numa visita composta também por diretores de universidades e empresas. “Falamos aqui num equilíbrio entre empreendedorismo científico e pesquisa. Para nós é algo natural que economia e educação andem juntos”, disse.
Já a Swissnex tem conversado com a Vice-Presidência de Ensino, Pesquisa e Inovação sobre a possibilidade de viagem de uma delegação da Fiocruz à Suíça. “Levaríamos a Fiocruz como um elemento extremamente inovador e uma potência na área de saúde e tecnologia, apresentando-a a um maior número de instituições e pessoas para construir novas pontes", comentou Capra.
Presença em Bio-Manguinhos
A visita incluiu ainda a ida ao Centro Henrique Penna (CHP), no Complexo Tecnológico de Vacinas (CTV), onde a delegação suíça foi recebida pelo vice-diretor de Produção do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Luiz Alberto Lima, e pelo chefe de Gabinete, Daniel Godoy. No caminho, puderam observar máquinas que vieram do seu país.
“Participam direta ou indiretamente da nossa produção”, observou Lima. “Na produção da vacina Covid temos isoladores da Skam, uma linha nova que está em fase de instalação e começará a ser operada no ano que vem. Além disso, nossa equipe esteve na Suíça, durante três semanas, testar uma nova linha de embalagem que vai ser instalada no ano que vem”, citou como exemplos. Equipamentos da empresa Dividella serão instalados no Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs/Fiocruz), que está sendo construído em Santa Cruz.
“Me parece importante a tarefa de buscar parcerias com esse espírito de equilíbrio entre pesquisa e negócio”, disse o embaixador. “A cooperação existe, mas podemos fazer mais. A diplomacia científica e de saúde para o suíço é genética”.
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