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Educação e trabalho são novas diretrizes do projeto de empregabilidade do trabalhador surdo


30/10/2018

Por: Luiza Gomes (Cooperação Social da Fiocruz)

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“Ampliar as possibilidades de formação e a valorização desse profissional dentro de uma instituição de pesquisa e ensino de excelência como a Fiocruz é o principal foco do novo direcionamento”, explica Luciane Ferrareto, responsável por coordenar o projeto Empregabilidade social da pessoa surda na Fundação. As transformações apontadas no novo contrato reforçam o aspecto de promoção da saúde e cidadania a partir de seu objetivo central que é a empregabilidade e foram anunciadas por Leonídio Madureira, coordenador da Cooperação Social da Fiocruz, durante a mostra cultural em homenagem ao Dia Nacional do Surdo, na Tenda da Ciência do campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro, no dia 5.

Na ocasião, Andrea da Luz, diretora da Coordenação Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz (Cogepe), afirmou o compromisso de expandir cada vez mais “horizontes e espaços” para pessoas com deficiência, conforme afirmado durante o 2º Encontro do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, ocorrido no campus Manguinhos da instituição, em 20 de setembro, no Rio de Janeiro. José Carlos Oliveira de Morais, presidente do CVI- Rio, elogiou a iniciativa e a excelente integração dos trabalhadores surdos em seu ambiente de trabalho.

Sobre a reformulação do projeto, Leonídio Madureira, coordenador de Cooperação Social da Fiocruz, enfatizou a necessidade do protagonismo do trabalhador surdo em se organizar para garantia de seus direitos – encorajado pela nova gestão. “O aspecto principal dessa mudança diz respeito ao protagonismo dos trabalhadores surdos nesses eventos e sobre a necessidade de eles ocuparem cada vez mais espaços dentro e fora da instituição”, afirmou. O evento foi comunicado em libras pelos mestres de cerimônias e participantes, com acessibilidade a ouvintes.

O projeto viabiliza a contratação dos trabalhadores surdos desde 1994 na Fiocruz em parceria com a Coordenação Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) e, a partir de 2013, passa a ser mediado pelo CVI-Rio, contando também com a coordenação da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz do ano seguinte até o momento. Em suas novas feições, o projeto passa a se chamar “Empregabilidade social da pessoa surda” e a contar com profissionais para atendimento psicológico individualizado, um intérprete de libras permanente para suas atividades, e prever, além das horas laborais, uma cota de horas para atividades formativas. A equipe também conta com assistentes sociais desde o seu princípio.

O novo contrato aponta para um programa de formação que prevê a facilitação do acesso a seminários, palestras e cursos. “Para isso, contamos com o estímulo dos próprios supervisores para que eles possam participar dos debates e atividades da instituição”, enfatizou a coordenadora do projeto. A pauta de maior acessibilidade na Fiocruz e maior estímulo à formação dos trabalhadores surdos tem o respaldo da presidente Nísia Trindade e do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, lançado oficialmente em 2017.

Cultura surda e respeito à diversidade

Inovador também quanto à linguagem, a curadoria do evento em homenagem ao Dia Nacional do Surdo, no dia 5 de outubro, trouxe artistas do Slam – Poesia Surda, em que a expressão poética se vale da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da expressão corporal para tratar de temas como invisibilidade, preconceito, e exclusão social na Tenda da Ciência, no campus Manguinhos da Fiocruz. 

A drag queen surda Kitana Dreams foi outra atração que surpreendeu e envolveu os participantes. Com dinâmicas e brincadeiras que quebraram o gelo da plateia, a artista trouxe os colaboradores surdos para a frente do palco da Tenda. Kitana contou ao público sobre os desafios que enfrentou para trabalhar com arte e crescer profissionalmente. Ela pediu aos trabalhadores da Fiocruz que não desanimem com as dificuldades e não desistirem de se aperfeiçoarem.

“A apresentação da Kitana foi essencial para que a gente pudesse quebrar diversos tabus. Um surdo apresentando, como isso poderia acontecer?!” – indagou Alexandre da Silva, assistente administrativo no Serviço de Gestão do Trabalho do Instituto Oswaldo Cruz (Seget/IOC). Ele também valorizou a participação dos artistas do Slam – Poesia Surda no evento. “Me senti muito honrado... Ali tivemos diversos exemplos de manifestação, como protestos, nessa performance da periferia, das pessoas que são menos favorecidas”, disse. 

Marcelo de Sousa trabalha há 24 anos aqui na Fiocruz como assistente administrativo no Núcleo de Biossegurança da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (NuBio/Ensp). Ele se disse muito emocionado com as apresentações que assistiu. “Foi muito importante pra mim. Não conhecia o trabalho do meu amigo Marcelo, ele mostrou seus desenhos e a desenvoltura que ele foi tendo ao longo do tempo, a sua trajetória de vida. Muito emocionante”, contou. 

Os croquis de moda da colaboradora Eliane Menezes, trabalhadora no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e o portifólio do designer gráfico Marcelo Cunha, na Fiocruz há 23 anos, arte-finalista, e colaborador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologia em Saúde (ICICT), fizeram brilhar os olhos dos presentes: o efeito disso foi um visível sentimento de aproximação entre os trabalhadores a partir de sua identidade surda em um clima institucional de apoio e reforço ao projeto. A mostra cultural foi organizada pelo projeto Empregabilidade social da pessoa surda em parceria com o Centro de Vida Independente (CVI-Rio). 

 

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