28/12/2020
Por: Nathalia Mendonça (Cooperação Social da Fiocruz)
O curso de desenvolvimento profissional em Estratégias para Territorialização de Políticas Públicas em Favelas encerrou mais um ciclo na última quinta-feira (17/12) junto a 33 participantes que moram ou atuam em bairros populares e periferias do Estado do Rio de Janeiro. Durante a aula de conclusão, foram apresentados cinco diagnósticos territoriais e planos de ação que levavam em consideração as vulnerabilidades sociais e econômicas das populações diante do contexto de pandemia. A apresentação era parte do trabalho final proposto pelo curso.
Com duração de outubro a dezembro e carga horária de 130 horas, o curso tem o objetivo contribuir para a formação de pessoas vinculadas às organizações sócio comunitárias e para a governança, de base territorial, fundamentada na equidade em saúde, sustentabilidade, cidadania e valores democráticos. A formação é realizada desde 2017 pela parceria entre a Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz e o Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Lavsa/EPSJV/Fiocruz).
Na ocasião, o coordenador do curso pela Cooperação Social, Leonardo Bueno, destacou a possibilidade de desdobramentos concretos para os trabalhos apresentados pelos alunos. "A Cooperação Social está aberta para que esses projetos tenham desdobramentos. Estamos abertos para ajudar nos contatos com instituições públicas como a Fiocruz, universidades e organizações da sociedade civil que sejam democráticas e participativas", afirmou.
Maurício Monken, professor e coordenador institucional do curso pelo Lavsa/EPSJV, comenta que o laboratório trabalha com a prática de diagnósticos territoriais há 20 anos, em iniciativas desenvolvidas em todo território nacional. Ao todo, já foram realizados mais de 10 mil trabalhos em periferias de cidades no Brasil. "O importante desse curso é trazer esse raciocínio, de como organizar a intervenção e como pensar política pública. É isso que está por trás da prática estratégica de informação, decisão e ação e dá a vocês a possibilidade de aplicar isso a qualquer coisa", disse ele, durante o encontro virtual.
A professora Maria Lucia Santos, que ministra a disciplina “A reforma sanitária brasileira e o SUS”, destacou a interdependência entre a saúde pública e o diálogo com os governos e processos políticos formais, como as eleições. "Quando se discute o Sistema Único de Saúde, não podemos tirar ele do contexto político, não podemos tirá-lo do contexto das eleições, porque é a partir delas que fazemos um Estado mais forte e mais coerente com as necessidades da população".
Os grupos da turma de 2020 trabalharam com as temáticas de gênero e raça; os impactos da fome; violência; comunicação comunitária; e saúde e vacinação nos territórios de Jardim Gramacho, Duque de Caxias - RJ; Rio das Pedras, Zona Oeste - RJ; Morro do Zulu, Comunidade do Alarico, Niterói - RJ; Comunidade do Conjunto Esperança, Favela da Maré - RJ e Morro da Cotia, Lins de Vasconcelos - RJ. As situações-problema se construíram a partir das seguintes questões: impactos da fome no atual contexto de crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19; efeitos do desemprego, redução de salário e falta de renda que afetam as mulheres e foram intensificados pela pandemia nas periferias; precariedade na comunicação das favelas cariocas e a falta de uma integração territorial entre os indivíduos através de uma rede de comunicação; baixo índice de vacinação entre a população (queda de 50% durante pandemia) e o diagnóstico de equipamentos públicos do território na área de saúde, educação, assistência social, limpeza e transporte.
Para mais informações das edições anteriores, inscrições e processos seletivos acesse o site da EPSJV.