09/05/2018
Por: Daiane de Almeida (CEE-Fiocruz)
O Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz acaba de concluir pesquisa sobre uma tecnologia que deverá gerar grande impacto positivo sobre o diagnóstico em saúde pública: o lab-on-a-chip (LOC), ou laboratório em um chip. Como o nome indica, trata-se de um pequeno dispositivo que integra e automatiza todas as etapas de uma análise laboratorial convencional em um sistema que cabe num chip. A expectativa é que a tecnologia venha a produzir diagnóstico rápido e com baixo custo, tanto para doenças infecciosas quanto para doenças crônicas não transmissíveis, além de reduzir o desperdício e a exposição a substâncias químicas perigosas.
Utilizando a metodologia Foresight, voltada a estudos de futuro, a pesquisa realizada pelo CEE-Fiocruz buscou verificar o estado da arte da tecnologia LOC no mundo, por meio de: revisão de literatura, mapeamento da produção científica e tecnológica mundial e realização de uma web survey, com 256 pesquisadores de vários países, sobre as perspectivas dessa tecnologia. Em uma quarta etapa, foi realizado, ainda, um mapeamento das competências científicas e tecnológicas relacionadas ao LOC na Fiocruz. Os resultados serão apresentados no Workshop LOC: O futuro do diagnóstico em Saúde Pública, que reunirá, em 17/5/2018, na sala de conferências do centro, pesquisadores participantes do estudo e dirigentes da Fiocruz.
"A iniciativa é parte da proposta do centro de fortalecer a gestão estratégica da Fiocruz, por meio da realização de estudos prospectivos, em áreas de interesse institucional", explica o coordenador do CEE, Antonio Ivo de Carvalho, lembrando que a decisão de se realizar um estudo sobre LOC foi tomada em uma oficina realizada em julho de 2016, com lideranças da Fiocruz. "Com o estudo, esperamos contribuir para que a instituição desenvolva sua capacidade de reflexão sobre o futuro, de forma integrada aos processos de decisão", diz Antonio Ivo.
Os resultados encontrados apontam que a tecnologia LOC deverá ser capaz de oferecer testes diagnósticos point-of-care isto é, nos locais em que o paciente está recebendo atenção, com testagem para doenças ou substâncias específicas, de forma ágil e sem a necessidade de uma estrutura cara e imobilizada de laboratório de análises clínicas. "Existe a expectativa de que o LOC impacte fortemente os laboratórios convencionais, podendo ser apropriado por estes ou substituí-los", observa a pesquisadora Roseli Monteiro, à frente do estudo do CEE. "O LOC é um microdispositivo que combina a tecnologia de microfluidos com funções elétricas e mecânicas para analisar volumes muito pequenos de líquidos. Tem enorme potencial de aplicação na área da saúde", explica Fábio Mota, um dos coordenadores da pesquisa. "Em até 20 anos, espera-se que esses dispositivos sejam produzidos em escala industrial e alcancem sucesso comercial global", diz.
De acordo com Antonio Ivo, as expectativas quanto ao potencial do LOC no país também são positivas. "É possível que em futuro próximo, os LOCs sejam incorporados ao Sistema Único de Saúde".
Mais em outros sítios da Fiocruz