O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) participará de uma iniciativa inédita do Ministério da Saúde de ampliar o acesso a insulinas análogas de ação rápida e prolongada para pacientes com diabetes tipo 2 na Atenção Primária à Saúde. O Instituto terá um papel fundamental na Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) de insulina glargina, formalizada pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (2/4), em parceria com a empresa de biotecnologia Biomm e a farmacêutica chinesa Gan&Lee, para que o produto passe a ser 100% nacional, reduzindo a dependência externa.
Representantes das duas empresas visitaram nesta quinta-feira (3/4) a Fiocruz e conheceram o complexo tecnológico de Bio-Manguinhos, além de se reunirem com a Diretoria do Instituto com o intuito de realizar alinhamentos contratuais e discutir os principais pontos da parceria. Du Kai, presidente da Gan & Lee, e Heraldo Marchezini, diretor-presidente da Biomm, e respectivas equipes foram recebidos pela Diretoria de Bio-Manguinhos/Fiocruz.
Segundo o diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, "a produção nacional de insulina glargina representa um marco para a saúde pública e para a autonomia do Brasil no acesso a medicamentos essenciais. Com a nova fábrica no Ceará, daremos um passo crucial para reduzir a dependência de importações de insumos e garantir o abastecimento contínuo do SUS. Sabemos que o diabetes afeta milhões de brasileiros, e a insulina glargina precisa estar disponível. Com a prevalência da doença atingindo 10,2% da população brasileira – cerca de 20 milhões de pessoas –, a PDP reforça o compromisso da Fiocruz em ampliar o acesso a medicamentos de alto custo, fortalecendo o SUS e melhorando a qualidade de vida dos pacientes". A vice-diretora de Qualidade de Bio-Manguinhos, Rosane Cuber, esteve em Brasília ontem em reunião para a formalização da parceria juntamente com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e os representantes das empresas parceiras.
A PDP garantirá a produção e a entrega de 20 milhões de frascos do medicamento ainda em 2025, beneficiando pacientes do SUS com diabetes mellitus tipos 1 e 2. Nesse cenário, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) dessa insulina será produzido integralmente na planta de Bio-Manguinhos em Eusébio, no Ceará. Esta será a primeira planta produtiva de insulina da América Latina. Este marco representa um avanço estratégico dentro do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis), fortalecendo a produção nacional.
Além de impulsionar o desenvolvimento no Nordeste, a iniciativa contribuirá diretamente para reduzir um dos desafios históricos de abastecimento no SUS. Com a conclusão do projeto em até dez anos, a unidade poderá alcançar uma produção anual de 70 milhões de doses, garantindo um suprimento essencial de insulina glargina para a população brasileira.