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5º PPGS: Promoção e defesa da sociobiodiversidade dos Cerrados são discutidas em oficina do pré-congresso 


05/11/2024

Suzane Durães - Coordenação de Saúde e Ambiente/VPAAPS

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A iniciativa Prospecção Fiocruz Cerrados - projeto realizado pela Fiocruz - movimentou o pré-congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Abrasco ao discutir a defesa e promoção da sociobiodiversidade dos territórios do Cerrado. A oficina da Prospecção aconteceu no dia 2 de novembro, na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza.

Fotos Suzane Durães

A atividade foi coordenada por Guilherme Franco Netto, responsável pelo projeto, e reuniu representantes das comunidades quilombolas de Cocalinho e Guerreiro; pesquisadores das unidades da Fiocruz Brasília, Ceará, Mato Grosso do Sul, Piauí; Universidade Federal de Goiás (UFG); Comissão Pastoral da Terra (CPT) / Campanha Nacional em Defesa do Cerrado; Fundação Pró-Natureza (Funatura) / Rede Cerrado e integrantes da Prospecção Fiocruz Cerrados.

Na avaliação do coordenador, essa oficina foi uma importante oportunidade de debater a temática no ambiente da Saúde Coletiva e também de buscar contribuições para o Termo de Referência da Prospecção que está em processo de elaboração.

Para Guilherme, os Cerrados possuem uma ampla rede de produção e desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Informação (CT&I) e o projeto Prospecção Fiocruz Cerrados tem por objetivo a articulação da Instituição com essa rede que envolve a sociedade, poderes públicos, setor privado e a academia; também visa identificar soluções em defesa e promoção da sociobiodiversidade dos Cerrados.

 “A participação da sociedade é um elemento fundamental, não se trata de um trabalho unilateral e a participação da Fiocruz será em rede. Nesta primeira fase do projeto estamos levantando os dados de Goiás, Distrito Federal e Tocantins, estados onde o Cerrado é predominante”, contou.

Foto Abrasco

Os Cerrados abrangem 23% do território nacional que se estende pelo Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Paraná, Rondônia, São Paulo e o Distrito Federal, além dos vestígios de Cerrado na Amazônia e Santa Catarina. Essa savana mais rica e úmida do planeta, sustenta quase 70% das bacias hidrográficas do Brasil.

Mesmo com rica biodiversidade e papel ecológico fundamental, os Cerrados sofrem com o desmatamento, a expansão do agronegócio e o risco da extinção das suas populações e espécies. “Historicamente se construiu que o Cerrado tem pouca biodiversidade, mas, na verdade é cheio de vida humana e espaços ricos bioculturalmente”, ressaltou a palestrante e pesquisadora da Fiocruz Ceará, Fernanda Savicki.

Ao perguntar “o que é Cerrado” para os participantes, Fernanda incentivou o debate sobre o conceito de “bioma Cerrado”. “O Brasil adota um conceito errôneo do que é um bioma. Na perspectiva dos Cerrados, há uma ideia de que todas as savanas do mundo dialogam, e a partir dessa perspectiva temos três Cerrados no Brasil: campo limpo (cerrado baixo), savana (campo sujo) e floresta estacional”, disse.

A oficina também contou com uma Roda de Conversa que apontou problemas como: o racismo ambiental, a ausência do Sistema Único de Saúde (SUS) nos territórios, a falta de acesso à água e à terra. A ausência de políticas públicas efetivas para os seus territórios foi um dos pontos levantados pelas representantes da comunidade quilombola de Cocalinho e Guerreiro, Maranhão, Raimunda Nonata e Marli da Silva. 

“O que está acontecendo é um genocídio para exterminar nosso território por completo. A Fiocruz, a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, a CPT tem nos ajudado a dar mais visibilidade ao território, porque somos muito ameaçados”, disse Marli. 

A pesquisadora da Fiocruz Piauí, Elaine Nascimento, destacou o protagonismo das mulheres nos territórios. Elas atuam na preservação dos Cerrados, na produção de alimentos, na reprodução dos modos de vida e das práticas culturais e agroecológicas e muitas outras atividades. Elaine também ressaltou a questão patriarcal enraizada no país e que coloca os homens em situação de poder.

Karla Hora, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) destacou que é preciso agir de forma articulada para buscar soluções para o Cerrado. “O grande desafio é articular e potencializar essa ação”. 

Também nesse contexto, o pesquisador da Fiocruz Brasília, André Fenner, sugeriu algumas ações em prol dos Cerrados. Entre elas está o desenvolvimento de uma plataforma de inteligência de experiências do Cerrado. 

Os resultados e proposições da oficina serão considerados no produto final da iniciativa Prospecção Fiocruz Cerrados.

Saiba mais sobre a iniciativa da Prospecção Fiocruz Cerrados.

Foto Abrasco

 

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