De 11 a 13 de outubro, na Casa do Professor em São Paulo, foi realizada a primeira oficina estadual para formação e fortalecimento dos coletivos de saúde do Movimento dos Atingidos por Barragens no Brasil (MAB). Além de São Paulo, as oficinas serão realizadas em mais sete estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rondônia. Um dos objetivos da formação é impulsionar a criação do Coletivo de Saúde do movimento.
A inciativa faz parte do projeto “Saúde e Direitos Humanos: a formação do coletivo de saúde das populações atingidas por barragens na promoção do direito a territórios saudáveis e sustentáveis”, inserida na cooperação técnica entre a Fiocruz e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), coordenado por Guilherme Franco Netto, da Coordenação de Saúde e Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde.
Dessa primeira formação participaram 30 pessoas residentes das comunidades de Perus, Itaim Paulista, Vale do Ribeira, São Sebastião, dentre outras, localizadas no estado de São Paulo. A programação abordou temáticas como: o processo histórico de conquista do Sistema Único de Saúde (SUS); o Conceito da Determinação Social da Saúde; Vigilância em Saúde; e a Vigilância Popular em Saúde.
“Essa é uma oportunidade de troca de conhecimentos científico e popular sobre saúde, além de incentivar a formulação de políticas públicas adequadas para os atingidos por barragens”, afirma Gabriela Lobato, da VPAAPS, que esteve na oficina e participa da equipe do projeto junto ao MAB.
Os pesquisadores Alexandre Pessoa, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV); Josiane Queiroz, da Fiocruz Minas; Mariana Olívia e Rafaella Miranda Machado, da Fiocruz Pernambuco, também estiveram presentes no curso de formação, participando como professores das temáticas abordadas.
Capacitação - As oficinas capacitarão 300 atingidos e atingidas que formarão os coletivos de saúde do MAB nos seus estados A criação dos coletivos de saúde é uma ideia antiga do MAB que foi reforçada na pandemia da Covid-19, quando foram organizadas rodas de conversas virtuais sobre o tema e aportada a necessidade de formação de um coletivo nacional de saúde.
Segundo Missay Nobre, do coletivo nacional de saúde do MAB, é preciso compreender as diversas expressões sociais que existem nas regiões e as causas dos problemas enfrentados. “Isso faz parte da vigilância popular que os atingidos e atingidas já realizam, mas que agora terão instrumentos e capacitações”, destaca.
Missay também ressalta a importância dos coletivos estaduais. E defende: “O debate da saúde e a compreensão dos determinantes sociais de saúde precisam chegar até a ponta, nas comunidades em diversas regiões em que as pessoas sofrem diariamente com diversas violações de direitos”.
O papel da Fiocruz, segundo a integrante do MAB, é essencial nesse processo que visa contribuir para a garantia do direito a saúde dos atingidos, como também nos territórios livres, saudáveis e sustentáveis.
Fotos: Mariana Olívia e Alexandre Pessoa