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Ministério da Saúde, Fiocruz e Cepi realizam Cúpula Global de Preparação para Pandemias no Rio de Janeiro


12/08/2024

Thais Christ (Bio-Manguinhos/Fiocruz)

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Entre os dias 29 e 30 de julho, o Rio de Janeiro recebeu a segunda edição da Cúpula Global de Preparação para Pandemias (GPPS, na sigla em inglês). Coorganizado pelo Ministério da Saúde, a Fiocruz e a Coalizão para Promoção de Inovações em prol da Preparação para Epidemias (CEPI, na sigla em inglês), o evento reuniu especialistas em pesquisa, desenvolvimento e fabricação; autoridades governamentais; representantes da sociedade civil; e líderes da indústria e da comunidade global de saúde no Hotel Windsor Marapendi, na Barra da Tijuca.

O principal propósito da Cúpula é encontrar, em conjunto, soluções globais para enfrentar futuros surtos e pandemias de forma mais rápida e equitativa para todos os países. Para isso, os palestrantes discutiram temas como o estado da preparação e resposta global para pandemias, avanços e oportunidades na vigilância epidemiológica, acesso equitativo a produtos e tecnologias de saúde e modelos de financiamento, buscando o espírito de colaboração e o compromisso coletivo para avançar na agenda global de preparação para pandemias.

Além de contar com a consultoria de Bio-Manguinhos para a elaboração da programação de mesas redondas e palestras, o encontro contou ainda com a participação da diretoria do Instituto como palestrantes e debatedores. No primeiro dia, Mauricio Zuma, diretor de Bio, participou de painel sobre como a produção local e regional pode contribuir para a ampliação do acesso equitativo a vacinas e fármacos durante surtos e pandemias.

Já no segundo dia, foi a vez de Rosane Cuber, vice-diretora de Qualidade do Instituto integrar o debate sobre estratégias para permitir a fabricação regional sustentável. Na área de vigilância epidemiológica, Patrícia Alvarez, do Departamento de Desenvolvimento de Diagnósticos de Bio-Manguinhos, apresentou um breve histórico do processo de desenvolvimento do kit NAT e contou como ele foi determinante para toda a estrutura de inovação, pesquisa e desenvolvimento em diagnósticos do Instituto.

Bio-Manguinhos e a rede mundial de fabricantes de vacina da CEPI
Durante o evento também foi assinado acordo que integra Bio-Manguinhos à rede mundial de fabricantes de vacinas do CEPI. A rede trabalha para apoiar respostas mais rápidas e equitativas a futuras ameaças de doenças infecciosas emergentes e a participação de Bio-Manguinhos impulsionará significativamente os esforços de produção de vacinas na região da América Latina e do Caribe, aumentando a capacidade para produzir imunizantes em resposta a ameaças epidêmicas e pandêmicas.

O acordo prevê um investimento de US$17,9 milhões e irá colaborar para diversificar as capacidades de fabricação de vacinas de Bio-Manguinhos, expandindo novas plataformas de tecnologia de imunizantes de resposta rápida de mRNA e vetor viral contra doenças infecciosas. O financiamento também irá otimizar os processos de fabricação e capacidades tecnológicas para fortalecer o suprimento regional de vacinas, além de aprimorar capacidades, como o envase e a finalização de imunizantes.

Reduzir o tempo necessário para fabricar e validar os primeiros lotes de vacinas experimentais é fundamental para possibilitar uma resposta mais rápida a um surto crescente. Por isso, o acordo está alinhado à chamada “Missão dos 100 Dias”, projeto do CEPI que visa a redução do tempo necessário para desenvolvimento de vacinas seguras, eficazes e globalmente acessíveis contra novas ameaças para apenas cem dias.

“Bio-Manguinhos tem se dedicado a garantir capacidades locais em tecnologia, inovação e manufatura para apoiar o acesso sustentável e equitativo a produtos biológicos. Fazer parte da rede de fabricantes da CEPI representa um marco em nossos esforços atuais de preparação e reforça nosso compromisso em construir ecossistemas de saúde resilientes, 'não deixando ninguém para trás’”, afirma Mauricio Zuma.

Carta em defesa da soberania em saúde para o Sul Global
Ainda durante a Cúpula o presidente da Fiocruz, Mário Moreira, divulgou a assinatura de uma carta em defesa da soberania em saúde na inovação e desenvolvimento de diagnósticos, vacinas e medicamentos para enfrentar emergências de saúde pública internacional no Sul Global. Assinada por representantes de dez organizações, lideradas pela Fiocruz, o documento lista seis pontos centrais a serem alcançados para superar as disparidades de acesso a vacinas, medicamentos e insumos entre Norte e Sul do globo, como a colaboração entre as agências reguladoras, o compartilhamento de informações, a transferência de tecnologias e investimentos robustos em pesquisa e desenvolvimento, inovação e produção.

“O Sul Global foi a região que mais sofreu durante a pandemia, com dificuldades de acesso a produtos, sobretudo às vacinas. O que propomos nessa carta é uma nova relação Norte-Sul, em que se respeitem as condições científicas e tecnológicas dos países do Sul Global, e se discuta uma melhor distribuição da produção e que possamos cooperar em níveis diferenciados, baseados no respeito e no reconhecimento de que esses países têm muito a contribuir na preparação mundial para novas pandemias”, afirmou Moreira.

Entre os signatários da carta estão a Fiocruz, o Ministério da Saúde do Brasil, a Rede de Fabricantes de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN), a Rede Pasteur, a Organização de Saúde da África Ocidental, a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDI), o Instituto Todos pela Saúde (ITpS), o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC), a Aliança Latino-Americana para a Saúde Global (Alasag) e o Movimento pela Equidade Sustentável em Saúde (Shem).

* Foto: Peter Ilicciev

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