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28° edição do Fiocruz pra Você levou vacinação, assistência jurídica e programação cultural à população carioca


23/08/2024

Mariana Moebus (Cooperação Social da Fiocruz)

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A edição de 2024 do Fiocruz para Você, realizada no último sábado (17/08) no campus Manguinhos, reuniu diversos projetos e ações promovidas pela instituição. Além da vacinação de crianças e adultos, o evento também realizou uma extensa programação cultural e de atendimentos do Programa Justiça Itinerante Maré-Manguinhos, iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e coordenado na Fiocruz pela Cooperação Social da Presidência (CCSP) e pelo Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Dhis/Ensp). Ao todo, foram realizadas 97 audiências de requalificação de gênero e nome de pessoas transgêneras e não-binárias. 

“Temos um grande orgulho de participar e poder contribuir com o evento Fiocruz pra Você. Além da requalificação de gênero e nome, também ajudamos o público presente sanando dúvidas sobre nosso trabalho e divulgando o projeto", destacou Rodrigo Pimentel, membro da Divisão de Justiça Itinerante e acesso à justiça do TJ-RJ. 

Ação do Justiça Itinerante. Na foto podemos ver um grupo de pessoas retificando seus documentos.

Para a cobertura jornalística da grande festa da vacinação, o Jornal Fala Manguinhos, criado em 2013 e apoiado pela CCSP desde 2014, levou uma equipe de voluntários que visitaram os estandes, entrevistaram o público e os representantes dos projetos.  

“A participação dos nossos jovens do território na cobertura foi muito importante, pois estamos vivendo um momento pós-pandemia de desinformação, principalmente em relação à saúde e vacinas. Nossa comunidade foi uma das afetadas e teve sua taxa de vacinação bastante prejudicada. Então, ficamos felizes de fortalecer esse evento, que é a festa da vacinação, exatamente para combater as fakenews sobre a vacina”, afirmou Fábio Monteiro, presidente da Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos/Jornal Fala Manguinhos.  

Equipe do Jornal Fala Manguinhos. Na foto temos três homens e uma mulher sorrindo com o banner do jornal.

Na programação cultural, o Espaço Casa Viva de Manguinhos da RedeCCAP levou as turmas da Escola de Música de Manguinhos, as atividades da Oficina Portinari e da Biblioteca Casa Viva, e o Grupo Música na Calçada. A RedeCCAP é uma organização comunitária, formalizada em 2003, com um histórico de mais de 30 anos de atuação no desenvolvimento de projetos e ações em favelas e periferias pelo país, promovendo cultura, educação, comunicação, direitos humanos e desenvolvimento local, com apoio da CCSP.  

Abrindo o Fiocruz pra Você, o Grupo Música na Calçada apresentou repertório com ritmos  de samba, chorinho e reggae, trazendo referências que conversam com a rotina das favelas e valorizam a identidade de seus moradores. “O meu castelo tem um quarto só, e amianto pra cobrir minha cabeça, o meu guarda roupa é feito de uma só gaveta, e, mora lá, um passarinho verde da esperança” o trecho da música “Castelo de um quarto só” de Renato da Rocinha foi cantada com entusiasmo pelo público presente. Para a representante do CCAP, Elisabeth Campos, a música tem tudo a ver com o momento vivido no evento. 

"Essa música representa como os jovens da favela, com muita resistência, rompem diariamente as barreiras que a sociedade impõe. É uma grande oportunidade eles poderem cantar diante do Castelo Mourisco, um lugar magistral da ciência, falando sobre tudo que nos atravessa enquanto território, como a violência, violação de direitos, questões de gênero e raciais. Isso também é promoção de saúde e bem-estar", destacou Elisabeth.  

Grupo Música na Calçada se apresentando no Fiocruz pra Você. Na foto podemos ver cinco músicos tocando instrumentos de percussão e cantando.

Completando a agenda musical, a Escola de Música de Manguinhos trouxe apresentações das turmas de cavaquinho, teclado, canto e musicalização infantil. O projeto é um ambiente dedicado ao aprendizado e ao desenvolvimento musical, proporcionando oportunidades para a formação de grupos e/ou solistas na comunidade de Manguinhos. Atualmente, a escola atende 212 alunos que estão sendo formados para desenvolver raciocínio, memória e estímulos através da música e da cultura popular.  

“A participação de nossos alunos no evento Fiocruz Pra Você é uma expressão concreta da nossa missão. Desde sua primeira edição, o evento não só promove a saúde por meio da vacinação, mas também se propõe a enfrentar a violência nas comunidades ao redor da Fiocruz através do fortalecimento da cidadania. É uma celebração que integra cultura, ciência e solidariedade, e é um orgulho para nós poder contribuir com uma apresentação musical que reflete o talento e a dedicação de nossos alunos”, salientou Bruna do Prado, professora das turmas de musicalização infantil.  

A programação para as crianças foi destaque das atividades oferecidas pelo Espaço Casa Viva. A Oficina Portinari, projeto que tem objetivo de promover práticas artísticas e culturais, apresentou duas exposições com trabalhos feitos por crianças da comunidade, com desenhos e pinturas sobre alimentação saudável e memória de lugares de referência em Manguinhos, incentivando a criatividade e promovendo educação através da arte. Também foram oferecidas oficinas de desenhos e pinturas para as famílias que foram atualizar as cadernetas de vacinação.  

Grupo de crianças e adultos participando da oficina de desenho. Na foto quatro crianças fazem desenhos com a supervisão de duas mulheres adultas.

No campo da literatura,  a Biblioteca Casa Viva realizou contação de histórias para crianças e exposição do varal de poesias. A Biblioteca é um espaço dedicado à democratização do acesso à informação e incentivo à leitura para todas as faixas etárias, além de ter um trabalho voltado para o letramento racial.  

“A Biblioteca Casa Viva tem um trabalho importante de letramento racial através da literatura. Durante o evento, pais e filhos podem dialogar sobre as vivências da primeira infância até a vida adulta de uma forma mais lúdica, mas enriquecedora para o debate no território", afirmou Elisabeth Campos. 

Equipe do Espaço Casa Viva/ RedeCCAP reunida no estande de literatura da Biblioteca Casa Viva. Na foto oito pessoas sentadas em um tapete com livros infantis

Já o Projeto Empregabilidade Social da Pessoa Surda ofereceu aos pequenos atividades como amarelinha em datilologia, o alfabeto manual em Libras, onde os participantes puderam aprender de forma lúdica e dinâmica. O projeto, que promove a inserção de trabalhadores surdos nas dependências da Fiocruz através de postos de trabalho e processos formativos, também levou sua tradicional Oficina de Libras, promovida pelo Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio), em parceria com a Cooperação Social e a Coordenação Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe), para sensibilização da comunidade em relação ao tema.  

A criançada também pôde se divertir com as ações do projeto Crescendo com Manguinhos, uma iniciativa da Responsabilidade Socioambiental de Bio-Manguinhos (Somar) com apoio da CCSP, a partir de oficinas de escrita, pintura e leitura, e sarau com apresentação de poemas, além de atividades com o corpo para todas as idades. O projeto é estruturado em diferentes frentes, incluindo aquelas com foco pedagógico, como Geração Manguinhos, Oficina do Empreendedor e Atividades para Adultos e também de uma iniciativa voltada para a Geração de Trabalho e Renda, chamada Costurando em Manguinhos. 

Fechando a agenda cultural, a Organização Mulheres de Atitude (OMA), criada em 2010 e parceira da CCSP, esteve presente com a Exposição Varal sobre Violência contra Mulher, buscando compreender as diferentes violências que ocorrem no cotidiano e como estas impactam a saúde e a vida das mulheres e de seus familiares, além de identificar quais os mecanismos de proteção, leis e locais de acolhimento às vítimas. 

"Nosso objetivo é fortalecer essas mulheres para romper o ciclo de violência trazendo elas para o debate, para as oficinas e passeios culturais. Muitas delas são alvo da violência e não sabem que estão sofrendo. Queremos fortalecer essas mulheres para inserção no mercado de trabalho. A vida financeira é um dos fatores mais importantes que ajudam elas a romperem com a violência, além do acesso à educação, com ações nesta área. Nas oficinas e nos encontros, sempre divulgamos os equipamentos oficiais, serviços telefônicos e instituições locais da favela”, destacou Patrícia Evangelista, cofundadora da OMA.  

Equipe da Organização Mulheres de Atitude. Na foto, seis mulheres posam em frente a exposição varal sobre violência contra mulher.

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