04/06/2024
Fonte: Fiocruz Pernambuco
Uma nova geração de ferramentas para diagnóstico de diversas doenças virais - como zika, dengue, chikungunya, febre oropouche e Covid-19 - está sendo validada no Laboratório de Virologia e Terapia Experimental da Fiocruz Pernambuco. O estudo, liderado pelo professor da Universidade de Toronto Keith Pardee e coordenado no Brasil pelo pesquisador da Fiocruz PE Lindomar Pena, chegou a uma nova etapa, na qual busca dar autonomia a países emergentes na produção dos insumos para testes diagnósticos rápidos e de baixo custo. Estão envolvidos na pesquisa colaboradores do Canadá, Estados Unidos, Brasil, Chile, Colômbia e Índia.
São dois equipamentos em avaliação: o Mango, utilizado para expressar e purificar proteínas utilizadas como reagentes, e a terceira geração do Plum, uma plataforma digital portátil para leitura de ensaios, cuja versão inicial foi testada na Fiocruz PE em 2022.
De acordo com o pós-doutorando da Universidade de Toronto Severino Jefferson Ribeiro, o Plum funcionou muito bem com reagentes comerciais e agora está sendo validado com insumos produzidos em laboratórios de cada país envolvido com o projeto e testado com amostras de pacientes. “Essa nova versão é muito mais potente, capaz de ler diversos tipos de ensaios, tanto moleculares como sorológicos, além dos testes baseados na tecnologia de sensores, para a qual o equipamento foi originalmente desenvolvido”, explica Jefferson, que é egresso dos cursos de mestrado e doutorado em Biociências e Biotecnologia em Saúde da Fiocruz PE. Ele destaca o fato do equipamento ser de custo muito mais baixo – em torno de 500 dólares – e de operação mais simples que os atualmente disponíveis no mercado, os quais requerem profissionais especialmente treinados.
Na foto, a partir da esquerda: Jefferson Ribeiro, Lindomar Pena e Quinn Matthew (Imagem: Fiocruz Pernambuco)
A iniciativa busca prevenir o que aconteceu durante o primeiro ano da pandemia da Covid-19, quando as cadeias de fornecimento de insumos essenciais ao desenvolvimento das pesquisas sofreram interrupções, redução de oferta e alta dos preços. “A ideia geral desse trabalho é a filosofia de Ciência Aberta. Não ficar preso a patentes nem à importação de reagentes. A busca é para produzir localmente todos os insumos e para isso nós usamos as enzimas que não têm mais patentes atreladas”, declara o coordenador Lindomar Pena.
Com financiamento do International Development Research Centre (IDRC), os equipamentos são produzidos em impressoras 3D, com configurações que podem ser compartilhadas, o que favorece a replicação. Outro facilitador são os reagentes liofilizados (desidratados), não necessitam de refrigeração e podem ser transportados e manipulados em temperatura ambiente.
O pesquisador Quinn Matthews, da universidade canadense, veio ao Recife acompanhar a nova fase do estudo. “Nós trabalhamos neste projeto por anos e sempre achamos que seu ápice seria desenvolver ferramentas que outros países e outros profissionais poderiam utilizar, especialmente onde há dificuldade de obter os insumos que se necessita para esses trabalhos. Agora esse dia chegou e tem sido uma ótima experiência ver de perto o que realmente significa fazer ciência além de nossas fronteiras”, destaca Quinn.
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