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Ministros da Saúde da Nigéria e da Indonésia visitam Fiocruz com foco em vacinas e dengue


09/02/2024

Ana Paula Blower e Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)

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A produção de vacinas e kits diagnósticos e o uso de mosquitos Wolbachia em larga escala foram assuntos que levaram à visita dos ministros da Saúde da Nigéria e da Indonésia à Fiocruz nesta quinta-feira (8/2). Com agendas distintas, eles visitaram o campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, em momentos diferentes e participaram de reuniões com integrantes de unidades da Fundação.

As semelhanças nos desafios na área de saúde entre os dois países e o processo de desenvolvimento para produtos imunobiológicos motivaram a visita do ministro da Saúde da Nigéria, Muhammad Ali Pate (foto: Pedro Paulo Gonçalves)

 

As semelhanças nos desafios na área de saúde entre os dois países e o processo de desenvolvimento para produzir kit diagnósticos, reagentes, vacinas e outros produtos imunobiológicos motivaram a visita do ministro da Saúde da Nigéria, Muhammad Ali Pate, a Bio-Manguinhos. Médico e ex-chefe executivo da Aliança Mundial para Vacinas e Imunizações (Gavi), ele ressaltou que a pandemia de Covid-19 mostrou a importância de os países não dependerem apenas do mercado externo, um ponto de vista com o qual a vice-presidente de Educação, Informação, Educação e Comunicação, Cristiani Machado, concordou.

“Este é um momento importante para trocar ideias. Tanto o Brasil quanto a Nigéria são países populosos, com muitos problemas comuns e a necessidade de reforçar o sistema público de saúde”, disse Cristiani Machado.

Com 213,4 milhões de habitantes, a Nigéria tem quase a mesma população do Brasil (214,3 milhões) – o que torna importante ter uma produção em grande escala. O ministro Pate contou que a capacidade produtiva do país em imunobiológicos foi minguando com a dificuldade de competir com o preço oferecido pelo mercado externo, mas que, em outubro do ano passado, o governo do presidente Bola Tinubo lançou um programa para estimular o desenvolvimento da produção interna de vacinas, medicamentos e kits diagnósticos.
 

“Queremos aprender, e é importante aprender com o Brasil", afirmou o ministro Pate (foto: Pedro Paulo Gonçalves)

 

“Queremos aprender, e é importante aprender com o Brasil. Os Estados Unidos têm um contexto muito diferente. Não temos 20 anos para isso. Queremos saber como vocês fizeram”, disse o ministro Pate.

Há 50 anos na Fiocruz, o conselheiro científico sênior Akira Homma, que foi presidente da Fiocruz e diretor de Bio-Manguinhos, explicou como esse desenvolvimento aconteceu, destacando a necessidade de uma política de governo para apoiar o processo. “Houve um investimento de milhões de dólares, possibilitando a transferência de tecnologia. A produção de vacinas precisa de cinco, seis, oito anos... é preciso construir instalações, treinar pessoal, trazer tecnologia moderna”, explicou. “As empresas investem bilhões de dólares. Nós investimos milhões de reais”, comparou.

Como médico, o ministro se mostrou preocupado com a segurança do sangue utilizado em seu país, daí o interesse em análise do sangue e em kits diagnósticos. Javan Esfandiari, presidente da Chembio Diagnostics Inc, empresa parceira de Bio-Manguinhos na produção de testes, destacou como a produção interna barateia os custos dos produtos. Na reunião, o ministro nigeriano conheceu um pouco não só mais sobre a produção de Bio-Manguinhos, como do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) e do trabalho afinado com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde.

Participaram da reunião o vice-diretor de Reativos para Diagnóstico (VDIAG), Antonio Ferreira, o consultor da VDIAG, João Baccara; a especialista em Diagnóstico Molecular, Patrícia Alvarez; Rafael Alexandrino Macedo, pelo Departamento de Reativos para Diagnósticos (Dered); a assessora da Vice-Diretoria de Produção de Biológicos (VPBIO), Carla Wolanski; Maria Letícia Borges dos Santos, da Divisão de Desenvolvimento de Negócios (Dinne/Derem); Monique Costa Mattos, da Divisão Comercial (Dicom/Derem); e a Coordenadora de Relacionamentos Institucionais, Denise Lobo (Coore); além da assessora da VDIAG, Christiane Marques; e a assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Erika Kastrup.

A delegação nigeriana, formada também pelo coordenador da Iniciativa Presidencial para desbloquear a cadeia de valor da saúde, Abdu Mukhtar; pelo assessor técnico do Ministério da Saúde, Mayowa Alade; e o assessor especial para Comunicação Estratégica, Barrister Chinedu Moghalu, visitou CHP, departamento de produção de Reativos (Dered) e o Complexo Tecnológico de Vacinas (CTV).

Aplicação do Wolbachia em grandes cidades

Também nesta quinta-feira, a Fiocruz recebeu o ministro da Saúde da Indonésia, Budi Gunadi Sadiki, e sua delegação composta por profissionais e gestores da saúde do país, além do embaixador no Brasil, Edi Yusup. O grupo veio ao campus Maré (RJ) para conhecer melhor o funcionamento do projeto Wolbachia no Brasil, método desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP) que reduz a incidência de dengue, chikungunya e zika e é conduzido no país pela Fiocruz. Além disso, eles visitaram o Castelo Mourisco e se reuniram com representantes da Fiocruz em Bio-Manguinhos, no campus Manguinhos, onde conversaram, de forma geral, sobre produção de vacinas. 

Fiocruz recebeu o ministro da Saúde da Indonésia, Budi Gunadi Sadiki (foto: Peter Ilicciev)

 

"A visita do ministro da Saúde da Indonésia, Budi Gunadi Sadikin, retoma iniciativas para o fortalecimento da arquitetura global da saúde, mediante a expansão de centros globais de fabricação e pesquisa, visando a prevenção, preparação e resposta a pandemias, com ênfase nos países de baixa e média renda – recomendação do Grupo de Trabalho em Saúde do G20", destacou a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira. 

A Indonésia implementou o método Wolbachia recentemente. Segundo o ministro, a visita à Fiocruz será importante para colher informações que auxiliem na expansão territorial do projeto. Durante apresentação sobre a iniciativa, feita pelo coordenador no Brasil, o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, o ministro perguntou sobre os desafios da implementação, custos, resultados e integração com outros métodos de prevenção e controle de arboviroses em cidades com alto contingente populacional, como o Rio de Janeiro. 

“Acabamos de implementar Wolbachia em cinco cidades, mas não em municípios tão grandes quanto o Rio de Janeiro fez. Quando soubemos que a Fiocruz conduzia o método em cidades grandes como o Rio, nós ficamos curiosos para saber como produzem os mosquitos, como convencem as pessoas… e pudemos aprender muita coisa hoje”, comentou o ministro Sadiki.

Entre as áreas de interesse citadas pelo grupo também estão os enfrentamentos da malária e da tuberculose. O ministro lembrou que integra, ao lado da ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade Lima, o Conselho Acelerador de Vacinas contra Tuberculose, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2023 para facilitar o licenciamento e o uso de novas vacinas eficazes contra a doença. 

Visita à Fiocruz será importante para colher informações que auxiliem na expansão territorial do projeto Wolbachia (foto: Peter Ilicciev)

 

Em 2022 a Fiocruz participou, de reunião híbrida do G20 Saúde durante a presidência da Indonésia do bloco, com o tema Lesson learned from Fiocruz’s VTD on ensuring sustainable research and manufacturing activities. Na ocasião, o vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, Marco Krieger, fez a apresentação e contou com apoio da Assessoria Internacional de Assuntos Internacionais (Aisa) do Ministério da Saúde e do Cris/Fiocruz. 

Na véspera, a ministra Nísia Trindade e o ministro Sadikin assinaram um memorando de entendimento que visa estabelecer uma cooperação na área da saúde. O objetivo é fortalecer uma parceria com especial atenção para os temas de serviços de saúde; resiliência da saúde, incluindo emergências e segurança dos dispositivos farmacêuticos e médicos; recursos humanos em saúde; tecnologia, incluindo saúde digital e biotecnologia, dentre outros.

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