03/09/2018
Por: Julia Dias (Agência Fiocruz de Notícias)
O tripé ciência, tecnologia e inovação é essencial para que se alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o ambicioso plano de metas da ONU para o ano 2030. “Com a tecnologia disponível hoje, não somos capazes de resolver os problemas do mundo”, explica Veerle Vandeweerd, ex-funcionária da ONU e especialista em desenvolvimento sustentável. Com isso em mente, o Instituto Flamenco de Pesquisa Tecnológica (Vito, na sigla em holandês), em conjunto com outras instituições de ciência e tecnologia não-lucrativas, incluindo a Fiocruz, organiza uma série de conferências globais sobre tecnologia e inovação sustentável, o G-STIC, que esse ano será em novembro, em Bruxelas (Bélgica).
Reuniões aconteceram entre os dias 27 e 29/8 na Fiocruz (Foto: Peter Iliciev)
“Esta é uma iniciativa muito jovem, com apenas 20 meses, que pretende usar a tecnologia e seu potencial inovador para acelerar a implementação da Agenda 2030”, afirmou Vandeweerd, que atualmente é diretora de políticas do G-STIC, em reuniões na Fiocruz, onde ela esteve entre os dias 27 e 29 de agosto para apresentar e discutir a programação e visão do evento. A Fundação foi convidada para ser uma das coanfitriãs do G-STIC e será responsável pelo grupo temático de saúde.
Além da saúde, um dos novos temas incorporados em 2018, compõem as linhas temáticas do evento: Água como valor, Economia Circular, Agroecologia para sistemas alimentares sustentáveis, Comunidades com energia renovável, Educação e Dados geoespaciais. Estes dois últimos também fazem sua estreia como eixos temáticos. “Nossa intenção é estabelecer prioridades e continuaremos ‘martelando’ os temas até haja soluções sustentáveis para eles”, disse a ex-funcionária da ONU.
Veerle Vandeweerd é ex-funcionária da ONU e especialista em desenvolvimento sustentável (Foto: Peter Iliciev)
“O que buscamos são tecnologias inovadoras e prontas para entrar no mercado. Mas não apenas isto, elas também precisam ser socialmente aceitáveis, viáveis, baratas e lucrativas. Além de terem potencial de serem produzidas em larga escala”, pontuou Vandeweerd, ao explicar que a intenção não é ser um evento acadêmico, mas uma conferência tecnológica com representantes da comunidade científica, além de agências da ONU, governos, setor privado e sociedade civil. “Precisamos de todos se quisermos realizar mudanças”, argumentou.
Integração de gênero, engajamento jovem e desenvolvimento urbano também estão entre as preocupações do evento. Estes são alguns dos eixos transversais que vão guiar as discussões. A ideia é que eles sirvam como orientadores de todos os grupos e na plenária final se avalie o quanto as soluções apresentadas para cada tema podem ter impacto nos itens. Um desafio com convocatória aberta e uma exposição de tecnologias inovadoras completam a programação, o que permitirá aos participantes visualizar algumas das soluções apresentadas.
Papel da Fiocruz
A Fiocruz como um novo parceiro tem um papel fundamental no G-STIC. Além de organizar o grupo temático de saúde e ser coanfitriã, a organização é a única da América Latina a fazer parte do evento, representando um braço importante na região. “A abordagem da Fiocruz é única, vocês entendem saúde de um modo muito inovador”, destacou a representante do G-STIC, que colocou o Sistema Único de Saúde (SUS) como um modelo a ser seguido.
Paulo Gadelha é diretor da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030 (Foto: Peter Iliciev)
“O G-STIC é uma oportunidade de atingir outras áreas em ciência, tecnologia e inovação que não são conectadas aos nossos parceiros tradicionais, é uma grande chance de interagir com outras agências, institutos e atores, principalmente na temática da saúde”, ressaltou o diretor da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, Paulo Gadelha, que lidera a parceria a Vito. Gadelha acredita que o evento pode promover a visão da Fiocruz sobre a saúde em todos os objetivos da Agenda 2030 e em todas as políticas, como prevê a OMS. Neste sentido, representantes da Fiocruz reforçaram a necessidade de interação com os demais grupos de trabalho da conferência, como agroecologia e água, nos quais a instituição também tem forte atuação.
Na ocasião, foram apresentadas, ainda, tecnologias inovadoras da Fiocruz com potencial para serem apresentadas no evento e replicadas em outros lugares do mundo. É o caso do World Mosquito Project, um projeto para conter a disseminação de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti por meio da introdução de mosquitos com a bactéria Wolbacchia, que tem a capacidade reduzida de transmitir arboviroses, como zika, dengue, chikungunya e febre amarela.
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