11/09/2024
Jamile Araújo*
Estudo da Fiocruz Bahia sugere que o uso de antígenos recombinantes quiméricos para diagnóstico de infecção por Trypanosoma cruzi em cães é uma ferramenta promissora na vigilância da doença de Chagas e do risco de infecção humana. A pesquisa foi publicada no periódico Parasites & Vectors.
Como o sorodiagnóstico em cães ainda é prejudicado pela ausência de testes comerciais, um grupo de investigadores, coordenados pelo pesquisador Fred Luciano Neves Santos, estudou a precisão diagnóstica de quatro antígenos recombinantes quiméricos do Trypanosoma cruzi (IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.4) para detectar anticorpos em cães, usando análise de classe latente. Foram examinadas 663 amostras de soro canino, empregando o método ELISA indireto com os antígenos quiméricos.
Os resultados da investigação ressaltam o notável desempenho diagnóstico do IBMP-8.2 e do IBMP-8.4 para o sorodiagnóstico da doença de Chagas em cães. A maior sensibilidade, percentual de resultados positivos entre os cães infectados, foi atribuída ao IBMP-8.2 (89,8%), enquanto IBMP-8.1, IBMP-8.3 e IBMP-8.4 atingiram 73,5%, 79,6% e 85,7%, respectivamente. A maior especificidade, capacidade do mesmo teste ser negativo nos animais que não apresentam a doença, foi observada para IBMP-8.4 (98,6%), seguido por IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.1, com especificidades de 98,3%, 94,4% e 92,7%, respectivamente. O trabalho conclui também que os antígenos quiméricos podem não apenas aprimorar as estratégias de vigilância de Chagas, mas também ter implicações mais amplas para a saúde pública, contribuindo para a luta global contra essa doença tropical negligenciada, e, finalmente, reduzindo seu impacto nas comunidades afetadas.
Como ocorre a transmissão da doença de Chagas?
A doença de Chagas é uma doença parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e representa uma ameaça significativa à saúde na América Latina. O principal modo de transmissão ocorre através das fezes de insetos triatomíneos, conhecidos popularmente como barbeiros, que se alimentam de sangue. Além disso, a transmissão pode ocorrer por meio de transfusão de sangue, ingestão de bebidas e alimentos contaminados e pela mãe durante a gravidez (transmissão vertical).
O protozoário infecta humanos e mais de 100 outras espécies de mamíferos, incluindo os cães, que são considerados animais sentinelas, ou seja, podem servir como sinais de alerta precoces importantes para avaliar o risco de infecção humana. Animais domésticos como galinhas, porcos, cães e gatos aumentam o risco de infecção humana ao atrair os insetos triatomíneos para se alimentarem.
*Com supervisão de Júlia Lins