Biobanco Covid-19 da Fiocruz e o paralelismo com o conceito de Centro de Recursos Biológicos (CRB)
O Biobanco Covid-19 da Fiocruz (BC19-Fiocruz) foi estruturado no contexto das ações da Fiocruz de enfrentamento à Pandemia de Covid-19, com financiamento do Ministério da Saúde, visando atender a necessidade de disponibilizar uma infraestrutura adequada para o armazenamento seguro, confiável, ético, legal e rastreável de amostras humanas e não-humanas (vírus) relacionadas à Covid-19 e ao coronavírus Sars-Cov-2 e suas variantes de interesse para pesquisas, desenvolvimentos tecnológicos e inovação.
A Pandemia de Covid-19 originou uma crise de proporções extraordinárias, com graves impactos na saúde pública global, em que foram necessárias ações em tempo recorde e os Biobancos se tornam fundamentais nesse processo, já que possibilitam a concepção e condução de pesquisas e ensaios clínicos relacionados à Covid-19, independentemente da localização geográfica dos espécimes biológicos.
Durante a atual Pandemia, os materiais biológicos e dados armazenados em Biobancos permitirão aos pesquisadores desenvolver estratégias baseadas em evidências, projetar protocolos de tratamento e previsões baseadas na medicina de precisão.
O BC19-Fiocruz será capaz de armazenar aproximadamente 1,5 milhão de amostras em condições adequadas de temperatura, umidade e pressão, incluindo suprimento de energia elétrica estabilizada com redundância, central de nitrogênio e sistema automatizado de monitoramento (controle e supervisão) da guarda de seus acervos.
É importante ressaltar que o BC19-Fiocruz será credenciado como Biobanco de amostras biológicas humanas para fins de pesquisa junto à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep/CNS/MS) e como Centro de Recursos Biológicos com a Coleção de Vírus, a fim de atender os requisitos da legislação nacional. Essa infraestrutura, direcionada ao enfrentamento e compreensão dessa Pandemia, constitui uma plataforma aberta, com acesso franqueado a outras Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT), formato que permite atuações colaborativas, em nível nacional e internacional.
O paralelismo entre os conceitos de Centro de Recursos Biológicos e Biobanco
Com a publicação da ISO 20387:2018, faz-se necessária a reflexão em torno dos conceitos de Centro de Recursos Biológicos (CRB) e Biobanco. A ISO 20387:2018, internalizada por meio da ABNT NBR ISO 20387:2020, define biobanco como uma entidade legal, ou parte dela, que realiza processo de aquisição e armazenamento, junto a algumas ou todas as atividades relacionadas à coleta, preparação, preservação, ensaio, análise e distribuição de materiais biológicos definidos, assim como informações e dados associados. Além disso, especifica requerimentos internacionais para toda e qualquer atividade de biobanco e é baseada em padrões de qualidade, biossegurança, bioproteção preconizadas internacionalmente. Esta ISO, dentre outros documentos, tem como base as Diretrizes de Boas Práticas para Centros de Recursos Biológicos da OCDE.
Os CRB são parte essencial da infraestrutura biotecnológica, sendo centros provedores de serviços e repositórios de células vivas, genomas de organismos e informação associada, que ofertam material biológico autenticado. Os CRB devem alcançar os níveis mais altos de qualidade e expertise exigidas pela comunidade científica e indústria nacional e internacional e são constituídos por acervos de organismos cultiváveis (micro-organismos, células de plantas, animais, humanas), partes replicáveis desses, bem como bancos de dados contendo informações moleculares, fisiológicas e estruturais associadas a estes acervos.
Desde 2005, a Fiocruz vem se organizando para liderar o campo da saúde na Rede CRB e estruturar o Centro de Recursos Biológicos em Saúde, compondo uma coleção de culturas constituída por micro-organismos patogênicos, relacionados principalmente a doenças tropicais, ou com potencial biotecnológico na área da saúde, incluindo vírus, bactérias, fungos, protozoários, cDNA/RNA e Material de Referência Certificado.
Os objetivos do CRB-Saúde da Fiocruz se baseiam em:
Algumas iniciativas como o apoio à Coleção de Leishmania (CLIOC), à Coleção de Bactérias do Ambiente e Saúde (CBAS) e à Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos (CCFF) para serem acreditadas pelo programa do Inmetro para CRB e reconhecidas pelo MCTI como CRB, assim como a criação de um Núcleo Técnico voltado para a organização do CRB, estavam em curso até o surgimento da pandemia.
A estrutura contemporânea da Fiocruz
Com a chegada da Pandemia de Covid-19 e suas emergências e diante do paralelismo das definições de Biobanco e CRB, houve a necessidade da reformulação do projeto CRB-Saúde da Fiocruz, que foi incorporado pelo Biobanco Covid-19 da Fiocruz.
O Biobanco iniciará suas atividades com vírus Sars-CoV-2 e suas variantes, além de amostras humanas relacionadas à COVID-19, porém, após o fim da pandemia, este empreendimento de estrutura permanente, com 1.500 m² de área edificada, permitirá a expansão horizontal e vertical em mais um pavimento para ampliação de suas atividades e passará a trabalhar com outros vírus, bactérias, fungos e protozoários, além de amostras humanas associadas a outras doenças. Essa estrutura preservará ainda outros materiais biológicos da biodiversidade.
O Biobanco Fiocruz é uma proposta inovadora por considerar o conceito mais moderno de Biobanco, com base na ISO 20387: 2018, e por contemplar material biológico humano e não humano na mesma infraestrutura, tornando a Fiocruz pioneira no tema. O aparato tecnológico permitirá a caracterização e o fornecimento de material biológico de alta qualidade para apoiar a pesquisa e o desenvolvimento e inovação biotecnológicos no setor da saúde.
Para informações enviar e-mail para bc19@fiocruz.br
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