18/01/2022
Bio-Manguinhos/Fiocruz
O dia 17 de janeiro marca um ano do início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. A data, sinônimo de esperança, representa o primeiro passo dado em direção ao fim da pandemia do novo coronavírus, visto que as vacinas têm se demonstrado primordiais para a diminuição do número de casos graves e de óbitos da doença. Desde então, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 302,5 milhões de doses foram aplicadas, representando 89,3% da população brasileira elegível imunizada com a 1ª dose e 74,1% completamente vacinada.
Reforçando seu compromisso de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e com o objetivo de viabilizar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, a Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, foi designada, ainda no início da pandemia, como a instituição capacitada para avaliar as vacinas em desenvolvimento. O Instituto criou um grupo de prospecção, que avaliou diversos projetos a partir de critérios tecnológicos (como a tecnologia envolvida e aderência à estrutura fabril já disponível), científicos (incluindo o estágio de desenvolvimento), econômicos e clínicos.
Após essas análises, foi assinado um acordo de Encomenda Tecnológica (Etec) com a AstraZeneca, em setembro de 2020, para a realização do processamento final do imunizante em Bio-Manguinhos, a partir do recebimento do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado, contemplando as etapas de formulação, envase, rotulagem, revisão, embalagem e controle de qualidade. A rápida absorção do processo só foi possível por conta da equipe capacitada e da estrutura fabril já existentes no Instituto.
Ainda em janeiro de 2021, a Fiocruz importou, junto ao Instituto Serum, da Índia, doses prontas da vacina Covid-19 (recombinante), com o objetivo de otimizar o fornecimento de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI/MS). Em fevereiro a instituição começou a receber as remessas de IFA importado e já em março iniciou as entregas regulares das doses processadas em Bio-Manguinhos ao Ministério da Saúde. Até o momento, a Fiocruz disponibilizou mais de 153 milhões de doses da vacina Covid-19 (recombinante).
Em paralelo, o Instituto fez as adequações necessárias em suas instalações para a incorporação da produção nacional do IFA, de modo a se tornar autossuficiente em todas as fases do processo. O contrato de Transferência de Tecnologia com a AstraZeneca foi assinado em junho de 2021 e, em julho, foi iniciada a produção do insumo em Bio-Manguinhos. O Instituto já possui mais de 21 milhões de doses de IFA produzido localmente, em diferentes etapas de produção e controle de qualidade. As primeiras doses nacionais já se seguem em descongelamento e processamento final (composto pelas etapas de formulação, envase, revisão, rotulagem e embalagem) para, em seguida, passarem pelo controle de qualidade, conforme já ocorre com as vacinas produzidas a partir do IFA importado. A previsão é de que as entregas do imunizante nacional comecem em fevereiro.
Por conta do cenário pandêmico, todo o processo de absorção tecnológica foi realizado em tempo recorde, visto que tramites nos mesmos moldes costuma levar 10 anos pare serem concluídos. A iniciativa irá viabilizar a autossuficiência produtiva, contribuindo com a soberania nacional na produção e no fornecimento desse imunobiológicos.
Além disso, durante todo o último ano, mesmo com a intensificação da produção por conta da vacina Covid-19, Bio-Manguinhos manteve seus compromissos, produzindo e entregando os demais produtos de seu portfólio. Para tal, o Instituto teve que redobrar os seus esforços, visto que nos últimos anos forneceu em torno de 120 milhões de doses de vacinas e que, apenas em 2021, com a inclusão do novo imunizante, esse número praticamente dobrou, chegando à marca de 234 milhões de doses e mantendo a rede abastecida com as demais vacinas.
Aumento da cobertura vacinal
Após especialistas em imunização e vigilância em saúde de diferentes instituições governamentais e não governamentais apontarem uma queda progressiva da cobertura vacinal no país, a Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, lançou um projeto em parceria com a Secretaria de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), visando a Reconquista das Altas Coberturas Vacinais. A iniciativa conta com um protocolo de intenções para alcançar este objetivo, assinado entre ambas as instituições.
Coordenado pelo Instituto, devido à sua trajetória não apenas no fornecimento de produtos para o SUS, mas na busca de soluções para o presente e o futuro da saúde pública, o projeto trabalha na construção de uma rede de colaboração interinstitucional, envolvendo atores nacionais e internacionais dos setores governamental, não governamental e privado, em torno da melhoria da cobertura vacinal brasileira.
Estão sendo implementadas ações de apoio estratégico ao PNI para reverter a trajetória de queda nas coberturas vacinais dos Calendários Nacionais de Vacinação - da Criança, do Adolescente, do Adulto e ldoso, da Gestante e dos Povos Indígenas e, assim, assegurar o controle de doenças imunopreveníveis como o sarampo, a poliomielite, a gripe, o câncer de colo do útero, meningites e todas as outras cujas vacinas são disponibilizadas gratuitamente para a população, nos postos de saúde.
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