31/03/2017
Por Juliana Xavier/ Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)
Após registrar em 2016 um aumento de casos de gripe antes do esperado, o Ministério da Saúde (MS) iniciará a campanha nacional de vacinação contra a gripe mais cedo neste ano. Segundo o ministro Ricardo Barros, a data de início da campanha está marcada para 10 de abril para profissionais de saúde e 17 de abril para o público-alvo, que neste ano também sofreu mudanças. Além de idosos, crianças de 6 meses a 5 anos de idade, gestantes, portadores de doenças crônicas, puérperas de até 45 dias, detentos, funcionários da rede prisional e indígenas, professores de ensino básico e superior de escolas públicas e privadas poderão tomar a vacina.
As vacinas da gripe são trivalentes, ou seja, imunizam contra três tipos de vírus diferentes. A composição da vacina é recomendada anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com base nas informações recebidas de todo o mundo sobre a prevalência das cepas circulantes. Dessa forma, a cada ano a vacina da gripe muda, para proteger contra os tipos mais comuns de vírus da gripe naquela época. Abaixo o pediatra infectologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Márcio Nehab responde às principais dúvidas sobre a vacina.
Gripe e resfriado são a mesma doença?
Não. A gripe é causada pelo vírus da influenza e geralmente é caracterizada por febre alta, seguida de dor muscular, dor de garganta, dor de cabeça, coriza e tosse. A febre é o sintoma mais importante e dura em torno de três a sete dias. Os sintomas respiratórios como a tosse e outros, tornam-se mais evidentes com a progressão da doença e mantêm-se em geral de três a quatorze dias. Alguns casos apresentam complicações graves, como pneumonia, necessitando de internação hospitalar e às vezes um ambiente de terapia intensiva.
O resfriado também é uma doença respiratória frequentemente confundida com a gripe e também é causado por vírus. Os mais comuns, são os rinovírus, os vírus parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (VSR), metapneumovirus, entre outros, que geralmente acometem crianças. Os sintomas do resfriado, apesar de parecidos com da gripe, são mais brandos e duram menos tempo, entre três e dez dias. Os sintomas incluem tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo e dor de garganta leve. A ocorrência de febre é menos comum e, quando presente, é em temperaturas mais baixas. A chance de complicação é bem menor.
A vacina da gripe imuniza também para o resfriado?
Não. A vacina da gripe imuniza somente contra os vírus que causam a gripe.
Quais vacinas existem contra a gripe?
Existem as vacinas trivalente e a quadrivalente. No Brasil, temos na rede privada a quadrivalente, que possui dois subtipos do vírus Influenza - dois subtipos A, normalmente H1N1 e o vírus da gripe sazonal (H3N2) e dois subtipos B que dependem do vírus circulante no ano anterior. Já a vacina distribuída na rede pública é a vacina trivalente, que possui os dois tipos da Influenza A (H1N1 e o H3N2) e um vírus da Influenza B. A cepa adicional de Influenza B é o que a diferencia da quadrivalente, no entanto, como praticamente não existe a circulação dessa cepa no Brasil, não é obrigatória a vacinação nas clínicas privadas.
Quem tomou a vacina em 2016 precisa tomar em 2017?
Sim, pois conforme o tempo após a vacina passa, os anticorpos para os vírus vão diminuindo, sendo necessário reforçar, novamente, o sistema imunológico através da vacina. E há ainda os casos em que os vírus foram modificados de acordo com a maior incidência dos mesmos no ano anterior.
Quem está com febre e/ou tomando antibiótico pode tomar a vacina?
Se a febre for alta, recomenda-se que as pessoas aguardem a resolução do processo para receber a vacina. Já para os que estão fazendo uso de antibióticos, não há problemas em fazer a vacina.
Quais as contraindicações?
As contraindicações mais comuns são as reações anafiláticas e reações alérgicas gravíssimas, quando a vacina já foi aplicada anteriormente e apresentou tais reações.
A vacina da gripe dá gripe?
Não. É importante ressaltar que a vacina da gripe é feita de vírus inativados, ou seja, ela não transmite a doença. Ocorre que como a vacina é aplicada numa época em que há muitos vírus respiratórios circulando, as pessoas ficam mais doentes e atribuem os sintomas à vacina, mas certamente a doença que se manifestou foi provocada por outros vírus que não os contidos na vacina.
Quais os principais efeitos colaterais da vacina?
As chances de efeitos adversos a essa vacina são muito pequenas. As reações são bastante individuais, algumas pessoas podem apresentar dor e vermelhidão no local da aplicação, febre e mal estar.
Qual a importância da vacina da gripe?
A vacina da gripe é essencial para todas as pessoas acima de seis meses que não possuam contraindicação em recebê-la anualmente. Porém, para o público-alvo, é ainda mais importante, pois para essas pessoas as chances de complicações como consequência da infecção pelo vírus da gripe são muito mais frequentes.
Quais outros cuidados que podemos tomar para evitar a gripe?
Para evitar pegar doenças respiratórias, seja gripe ou resfriado, é bom sempre manter alguns hábitos de higiene como lavar as mãos, utilizar lenço descartável para limpar o nariz, não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas, manter os ambientes bem ventilados e evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe ou resfriado. É fundamental também cobrir o nariz ao tossir e espirrar. Mas não use a mão para isso. Cubra o rosto com área interna entre o braço e o antebraço, onde fica o cotovelo. Assim, você evita tocar em objetos com as mãos cheias de vírus que podem contaminar outras pessoas.
No Portal Fiocruz
Mais Notícias