15/12/2019
Por: João Boueri
A Fiocruz já iniciou a contagem regressiva para o seu aniversário de 120 anos em maio de 2020.
Na última semana de novembro de 2019, mais precisamente nos dias 26 e 27, o Salão de Conferência Luiz Fernando Ferreira do Centro de Documentação e História da Saúde (Av.Brasil, 4365) recebeu o seminário ''As lutas das mulheres cientistas e suas contribuições na Fundação Oswaldo Cruz'', organizado por Laurinda Rosa Masciel e Pedro Jurberg, pesquisadores da Fiocruz.
Ao perpassar os 120 anos da Fundação, destacando os desafios e conquistas das primeiras pesquisadoras da instituição, as atividades tiveram, também, o propósito de afirmar a memória institucional das mulheres na ciência em diferentes enfoques.
A mesa de abertura contou com a presença de Cristiani Vieira Machado (vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz), Magali Romero Sá (vice-diretora de Pesquisa e Educação da Casa de Oswaldo Cruz - COC), Maria José Salles (pesquisadora da ENSP e representante do Comitê Pró-equidade) e Paulo Elian (diretor da COC).
Cristiani Machado, em sua fala, agradeceu o convite feito pelos organizadores e ressaltou a prioridade da presidência na temática de Mulheres e Meninas na Ciência, visando a comemoração dos 120 anos da Fiocruz , a fim de incentivar a partipação feminina na carreira e fomentando estudos sobre as atuações das mulheres na Fundação. Junto com Maria José Salles, lembrou a importância do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz que completa 10 anos de criação e tem como objetivo ''consolidar uma agenda institucional pelo fortalecimento dos temas étnico-raciais e de gênero na Fundação, colaborando para uma constante atualização e reorientação de suas políticas, bem como de suas ações, seja nas relações de trabalho, seja no atendimento ao público e na produção e popularização do conhecimento.''
Magali Romero, na mesa coordenada por Ana Luce Girão Soares de Lima, pesquisadora do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, destacou a presença feminina na formação das coleções científicas do Instituto Oswaldo Cruz, enfatizando a memória de Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976), filha do cientista e pioneiro da Medicina Tropical Adolpho Lutz. Com ele, Bertha iniciou sua carreira científica na instituição ao estudar as coleções de anfíbios anuros do pai e acompanhando as atividades de coleta com o técnico de laborátorio Joaquim Venâncio Fernandes (1895-1955). Dyrce Lacombe de Almeida também foi lembrada por Magali, em sua apresentação. Lacombe nasceu em 1932 no Rio de Janeiro e estudou na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFI) nos anos 50. Após a sua formatura, cursou Entomologia Geral com o pesquisador Rudolf Barth. A partir de então, Dyrce Lacombe ingressa no Instituto Oswaldo Cruz ao trabalhar com anatomia e histologia de insetos.
Nara Azevedo e Daiane Rossi, pesquisadoras da Casa de Oswaldo Cruz - COC, lembraram as duas primeiras gerações de pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz e a internacionalização da pesquisa feminina do Instituito com participação em congressos na América Latina e na Europa, convênios para pesquisas e com auxílios de organizações internacionais para especializações no exterior.
O seminário também contou com a participação de Ortrud Monika Barth, pesquisadora titular sênior do CNPq e do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do Instituto Oswaldo Cruz. Barth nasceu na Alemanha em meio à Segunda Guerra Mundial. Veio para o Brasil ainda jovem e em 1958 ingressou no curso de História Natural da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 4 anos depois, em 1962, entrou para o doutorado de Botânica na mesma universidade. À época, começou a estudar pólen e após ser procurada na rua por um revendedor de mel deu início a sua pesquisa, dando origem ao livro ''O Pólen no Mel Brasileiro'', utilizado até hoje.
Por fim, Ortrud elencou algumas normas que considera importantes para as futuras pesquisadoras do Instituito, como: autenticidade, ética e aceitar críticas construtivas.
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