O Núcleo de Alimentação, Saúde e Ambiente (Nasa/CST/Cogepe) promoveu uma roda de conversa virtual com os trabalhadores na terça-feira (14/3), com o tema Corpo, Práticas Corporais e Relações de Trabalho. O evento foi mais uma ação do projeto Circuito Saudável. A gravação está disponível no canal da Cogepe no YouTube. “O Circuito Saudável é um sucesso desde o seu início, em 2014. Ele tem tido várias atividades como atendimentos nutricionais, oficinas de culinárias e práticas de exercício físico, tentando sempre estimular a prática do exercício regular”, disse Flávia Lessa, chefe do Núcleo de Saúde do Trabalhador.
Para essa live, a equipe do Nasa convidou o doutor em educação física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Phillipe Rodrigues. O professor apresentou diferentes conceitos de saúde, mostrando que ela é uma construção cultural e social, mutante ao longo do tempo. O especialista falou sobre o entendimento do que é o corpo e como ele é autopercebido, e conversou sobre a importância de cada trabalhador(a) encontrar um exercício físico capaz de proporcionar uma melhor condição de saúde. “A noção atual de saúde está vinculada à vigilância. Busca-se o controle das taxas de hormônio, de colesterol, do controle do peso, o controle estético, como a pele está. Essa vigilância toda pode gerar estresse, ansiedade, mal-estar, descontentamento com o corpo”, alertou.
O educador explicou que a saúde engloba aspectos biológicos, mas também mentais e sociais, indo muito além do bem-estar físico. “A saúde está relacionada à capacidade de agir e reagir, de adoecer e recuperar. É o limite que temos de resistir ao nosso meio”, pontuou. Segundo Philippe, o exercício físico é um aliado da saúde global. “Ele diminui a ansiedade e depressão, reduz a incidência de doenças crônicas, ajuda a melhorar o sono, promove o relaxamento, dentre outros tantos benefícios amplamente conhecidos”.
Atividade física x Exercício físico
Há diferenças entre a prática de atividade física e o exercício físico. A atividade física é qualquer movimento do corpo que produz um gasto calórico. Subir uma escada e andar até o ponto de ônibus trazem gastos calóricos, mas não são exercícios. “As 500 calorias gastas em uma aula de spinning não são as mesmas de um trabalhador da construção civil que está fazendo um muro. Geralmente essas práticas apresentam desfechos diferentes sobre a saúde”, salienta.
O exercício é uma atividade planejada, estruturada e repetitiva que promove o aumento da condição de saúde. “Ouço gente dizer que não faz exercício porque já sobe oito lances de escada para chegar em casa. Nem sempre a pessoa está com o calçado adequado para subir, algumas vezes está carregando uma bolsa ou mochila. Subir a escada é uma prática corporal, mas não promove o mesmo benefício que reservar um tempo para fazer exercício físico”, pontua.
Recomendações para melhorar a saúde:
- Fazer, ao menos, 150 min de exercício físico moderado ou 75 min de exercício vigoroso por semana.
“Se não puder fazer 150 minutos moderados por semana, pratique 10 a 15 minutos diariamente. Estudos concluem que é melhor se movimentar pouco do que nada fazer”, diz Phillipe.
- Busque praticar um exercício físico que lhe dê prazer. Não leve em consideração só o gasto calórico. Pense as práticas corporais para além da questão biológica.
“O exercício não pode ser apenas um “remédio” para o corpo adoecido”.
- Aumente o autocuidado, combinando processos biológicos, psicológicos e sociais.
“Aulas em grupo trabalham a cooperação. Uma aula de yoga, mesmo com movimentos mais lentos, aumenta a percepção sobre o corpo, a corporeidade”.
Participaram da live:
Philippe Rodrigues, doutor em educação física pela UFRJ (convidado)
Flávia Lessa, médica do trabalho da CST
Bruno Macedo, educador físico do Circuito Saudável
Victoria Sanches, educador físico do Circuito Saudável
Tradutores de Libras