10/09/2018
Kath Lousada | VPPCB
Fio-Câncer estimula a parceria extramuro e apresenta iniciativas educacionais
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o câncer é a segunda causa de morte no mundo, sendo cerca de 70% ocorridas em países de baixa e média renda. As causas mais comuns estão associadas ao comportamento alimentar, à falta de atividade física, ao consumo de álcool e tabaco, sendo este último o principal fator de risco, causa de 22% dos óbitos. Há outros fatores, de origem interna, geneticamente pré-determinadas, que estão relacionadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas.
O conjunto de doenças que provoca o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos é denominado câncer. Nesta temática, há três anos o Programa de Pesquisa Translacional (PPT) desenvolve a rede Fio-Câncer, no qual grupos de pesquisadores da Fiocruz se articulam para avançar nas ações de enfretamento e compreensão dos diversos tipos da doença.
Como forma de avaliar e revisar as atividades em andamento, nos dias 29 e 30 de agosto, o Programa de Pesquisa Translacional realizou o III Simpósio Fio-Câncer no auditório do Museu Vida, reunindo pesquisadores que compõe a rede de pesquisa de diversas Unidades da Fiocruz, além de participantes de instituições externas. A iniciativa é vinculada à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz (VPPCB).
A programação do evento foi organizada em apresentações orais de 13 trabalhos da rede Fio-Câncer, exposição de 40 pôsteres, discussão de canais de fomento, acompanhamento e debate sobre os trabalhos que compõe as minirredes de pesquisa - que consistem em núcleos temáticos de estudos na grande área do câncer - e compartilhamento de experiencias.
Para abrir o simpósio, estiveram presentes o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológica, Rodrigo Correa, o coordenador geral do Programa de Pesquisa Translacional e assessor da VPPCB, Wim Degrave, e os coordenadores da Fio-Câncer, os pesquisadores Martín Bonamino e Adriana Bonomo.
Para Rodrigo, a reunião é fundamental para o andamento do Programa, pois “a finalidade do simpósio é avaliar o que está sendo feito, em uma análise crítica, a fim de apontar para onde devemos seguir”. Rodrigo elogiou a forma rápida e eficiente como a rede se estruturou em um cenário de dificuldade de recursos financeiros.
Wim Degrave afirmou que cada rede translacional tem sua dinâmica determinada pelos grupos participantes e coordenadores, sendo o Fio-Câncer uma das redes mais dinâmicas. “Por ser um campo relativamente novo na Fiocruz, os resultados neste terceiro ano de atividade são animadores. Os grupos de pesquisa de vários laboratórios se juntaram e interagem com bastante facilidade, o que é o objetivo de uma rede”, disse.
O pesquisador e co-coordenador do Fio-Câncer, Martín Bonamino, apresentou o resumo das atividades realizadas nos últimos 14 meses e enfatizou a relevância da rede criar ações extramuros, estabelecendo parcerias. Bonamino citou o caso da A.C. Camargo Cancer Center, instituição com o qual foram estabelecidas parcerias e há prospecção de possíveis projetos conjuntos.
A exposição de Bonamino considerou, ainda, um parecer sobre o desempenho dos projetos apresentados no edital lançado em 2017 para formação da carteira de projetos do Fio-Câncer. A recomendação dos projetos teve como premissa aqueles que integrassem mais de uma unidade e tivessem viés competitivo para ampliar a possibilidade captação de investimento externo. Para fazer esta análise, foi convidado um comitê ad hoc. O resultado foi a submissão de 28 projetos sendo 8 recomendados pelo comitê de avaliação para envio a editais específicos extramuros. “Todos os projetos submetidos são de interesse da rede, mas do ponto de vista externo, pelos avaliadores, 8 projetos foram recomendados como estruturados e competitivos o suficiente para concorrer a financiamentos externos neste momento”, pontuou Bonamino.
De acordo com os coordenadores do Fio-Câncer, este processo será refeito para que os demais projetos possam se reorganizar. Ainda como resultado da avaliação, dentre os 8 projetos, 3 foram indicados para concorrer ao PRONON, o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica, que é a chamada do Ministério da Saúde para renúncia fiscal com vistas ao fomento ou financiamento de projetos em oncologia, limitado a três projetos por instituição proponente.
Iniciativas educacionais e capacitação em oncologia
Adriana Bonomo, pesquisadora e co-coordenadora do Fio-Câncer, falou sobre a elaboração de um programa especial de formação em câncer, transversal, destinado a doutorandos.
“O programa não será sediado em nenhuma das pós-graduações existentes no país.” A proposta é que ao ser aprovado para o doutorado, o aluno opte por fazer parte ou não do programa Fio-Câncer. Ao ser selecionado, o doutorando deverá atender a alguns critérios extra para receber o certificado, uma habilitação para pesquisa em oncologia. “Obviamente, para isso, terá que ter um projeto compatível em câncer”, esclarece Adriana.
Além das disciplinas, estão previstos workshops, jornadas de pós-graduação, seminários por web e bolsas.
Adriana disse que foi feito um levantamento de todas as disciplinas que compõe a grade das pós-graduações que seriam indispensáveis para a rede Fio-Câncer. A compatibilidade de alguns temas a serem estudados viabiliza a “jornada dupla” para o aluno, que muito já será demandando pelo próprio programa.
Após um primeiro ano desta iniciativa, está em pauta realizar outras parcerias de disciplinas com novas instituições pelo Brasil.
A coordenação das pós-graduações da Fiocruz (Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação) está atuando da mesma forma para as outras redes do Programa de Pesquisa Translacional. “Essa é uma iniciativa que minimiza desgastes e otimiza recursos”, diz Adriana.