Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Presidente da Fiocruz participa de evento paralelo na COP27


10/11/2022

Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias)

Compartilhar:

Presidente da Fiocruz, Nisia Trindade Lima participou, na última terça-feira (8/ 7), de um evento paralelo à COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que debateu inovações tecnológicas. Em sua participação no painel organizado pelo G-Stic, Nisia falou sobre os atuais desafios da saúde global, das desigualdades de acesso a tecnologias para o desenvolvimento sustentável, a necessidade de descolonização da ciência, além dos impactos da crise climática e da pandemia no Sul global. Durante sua fala, em vídeo, a presidente aproveitou para convidar a todos a participarem da próxima conferência do G-Stic, que será realizada no Rio de Janeiro, em 2023, e está sendo organizada pela Fiocruz. 

Presidente da Fiocruz, Nisia Trindade Lima participou de um evento paralelo à COP27 que debateu inovações tecnológicas (foto: Divulgação)

 

A COP 27 começou no último domingo (6/11), em Sharm-El Sheikh (Egito), e reúne especialistas, gestores e lideranças globais para discutir o futuro climático do planeta. Em paralelo à conferência da ONU, ocorrem eventos como o organizado pelo G-Stic, transmitido on-line. O painel em que a presidente Nisia participou debateu a “importância das tecnologias disruptivas e facilitadoras” e também teve a participação da CEO da Climate-KIC Group, Kirsten Dunlop, a diretora de Ciências da Terra e Mudanças Climáticas da TERI, Suruchi Bhadwal, a fundadora-presidente da Green Hope Foundation, Kehkashan Basu, e a gerente de Programa do G-Stic, Ilke Geleyn.

Ao iniciar sua fala, Nisia agradeceu o convite para participar na COP27 e ao Governo do Egito e à ONU por sediar “um evento tão importante para o mundo e para os países do Sul global”. Ela enfatizou que orientaria sua fala para a saúde pública, algo que espera estar na vanguarda da COP27 e no G-Stic Rio de Janeiro, conferência mundial sobre sustentabilidade, tecnologia e inovação que irá ocorrer em fevereiro.

“Hoje, podemos afirmar que a saúde global está em apuros por conta da tríplice crise gerada pela pandemia de Covid-19, pelos efeitos globais dos desafios de mais de 30 conflitos que colocam em risco a paz mundial e pela crise climática”, afirmou a presidente. “Foi exacerbada a vulnerabilidade do mundo diante de tais ameaças, que afetaram profundamente a saúde e o bem-estar humanos. Também está documentado que o racismo sistemático, a discriminação e o colonialismo corroem os princípios dos direitos humanos, incluindo o direito à saúde, resultando em consequências drásticas e injustas para a população mundial”.

Nisia enfatizou que a COP27 está sediada no Sul global, o que “inspira e eleva as expectativas de um progresso em 'perdas e danos' e 'adaptação financeira'". Para ela, esses avanços permitirão que os países em desenvolvimento obtenham cooperação e compensação adequadas dos países que historicamente têm sido as fontes mais significativas de emissões de gases de efeito estufa. “Também esperamos que seu foco esteja nas oportunidades de transformação econômica inclusiva e resiliente ao clima, e não apenas no apoio financeiro temporário que pode desaparecer com o tempo”, assinalou.

Sobre a crise climática, a presidente chamou atenção para o fato de que os países em desenvolvimento são os que menos prejudicam, mas são os que mais estão sofrendo seus impactos. “Eles não podem se adaptar ao aumento de doenças infecciosas, dificuldade no fornecimento de alimentos, ondas de calor extremas, inundações e outros efeitos à saúde relacionados ao clima”, enumerou Nísia.

Transferência de tecnologia

O foco da discussão no evento paralelo da G-Stic também se deu nos desafios na implementação de soluções tecnológicas. Em suas falas, as painelistas também destacaram a necessidade de tecnologias multidimensionais que possam servir a propósitos diferentes. 

Ao se voltar para a questão de financiamento para implementação dessas tecnologias, Nisia citou a Agenda de Ação de Adis Abeba, que “reconhece que a ciência, tecnologia, inovação e know-how associado, incluindo a transferência de tecnologia, são poderosos impulsionadores do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável”. A presidente retomou o tema da pandemia e afirmou que, durante a crise da Covid-19, “o mundo experimentou a relevância dessa visão, onde a capacidade desigual de acesso à tecnologia, incluindo tecnologia da informação e comunicação, dentro e entre países, resultou em uma trágica perda de vidas e experiências dolorosas, principalmente para os populações já sistematicamente empurradas para uma situação de vulnerabilidade".

Durante o evento, as outras painelistas também citaram desafios no enfrentamento dessas desigualdades, citando que avanços tecnológicos orientam mudanças no Norte global e que se deve permitir o acesso a tecnologias que ajudem a satisfazer necessidades fundamentais, como educação, água potável, saúde e energia. Segundo o G-Stic, houve concordância também entre os palestrantes de que se deve fomentar e acelerar tecnologias que criem empregos que contribuam para todas as camadas de sustentabilidade, compreendendo que essas tecnologias devem ser incorporadas nas estruturas ambientais, sociais e econômicas dos países.

‘Descolonização da ciência’

Ainda sobre as desigualdades globais, Nísia destacou a importância de se “notar a necessidade de descolonização da ciência, incluindo o aumento de pesquisas lideradas por autores do sul global para informar o processo de tomada de decisão”. Sobre isso, a presidente deixou um convite: “A Fiocruz, junto com muitos parceiros, está chamando para continuar essa conversa no G-Stic Rio 2023. Esperamos vocês para se juntarem ao quadro de líderes confirmados, para unir nossas esperanças de um futuro melhor para o Brasil e o mundo".

Em 2018, a Fiocruz se juntou a G-Stic, uma iniciativa que reúne países anfitriões das Comunidade Global sobre Tecnologia e Inovação Sustentáveis e que se volta para pensar tecnologias integradas para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Voltar ao topoVoltar