05/06/2020
Fonte: CCS/Fiocruz
A Presidência da Fiocruz e a Direção da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) lamentam a morte de Amâncio Ikõ Munduruku, ocorrida nesta terça-feira (2/6). Amâncio tinha 60 anos e vivia na comunidade Praia do Mangue, em Itaituba (PA), e teve um papel importante na construção da Associação Indígena Pahihi'p, que representa as aldeias do Médio Tapajós, e da educação indígena na região.
Amâncio vinha apoiando, em nome da Associação Indígena Pahihi'p, o trabalho de campo de uma equipe multidisciplinar coordenada pelos pesquisadores da Ensp Marcelo Firpo, Paulo Basta e Sandra Hacon, desde o segundo semestre de 2019. Os pesquisadores da equipe desenvolvem pesquisas sobre os impactos socioambientais e a saúde do garimpo de ouro na região, e o convívio com Amâncio, por seus conhecimentos e sabedoria, vinha sendo fundamental para o diálogo intercultural com o povo Munduruku.
Os Munduruku, assim como os Yanomami e outras etnias, têm sofrido com o garimpo em suas terras. Com a pandemia de Covid-19, tais atividades intensificam os riscos de contaminação e aumentam a vulnerabilidade dos povos atingidos. Somente nos últimos dias, quatro outros Munduruku faleceram em função do novo coronavírus: Vicente Saw (71 anos), Jerônimo Manhuary (86 anos), Angélico Yori (76 anos) e Raimundo Dace (70 anos). A perda representa um importante impacto sobre a cultura e a luta dos Munduruku, pois mais do que lideranças, eles eram guardiões da memória e das tradições de seu povo.
A Fiocruz expressa sua solidariedade à família de Amâncio, ao povo Munduruku e a todos os povos indígenas nesse grave momento de pandemia e assume seu compromisso com a defesa da saúde de todos os brasileiros.
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