18/05/2022
VideoSaúde Fiocruz
A Plataforma de Filmes em Acesso Aberto da VideoSaúde, que reúne uma ampla diversidade de obras sobre temas de saúde coletiva e ciência e tecnologia, de documentários a dramas, passando por animações, oriundas do acervo institucional da Fiocruz e de parceiros externos, chega a 160 obras audiovisuais no mês em que a VideoSaúde completa 34 anos de atividades (20 de maio). Há filmes estreando no espaço para todos os gostos, públicos e aplicações. Histórias de entregadores e motoristas de aplicativos, narrativas a respeito de vivências durante a pandemia de Covid-19, cinebiografias de cientistas e profissionais da saúde, sobre a presença das mulheres na ciência, histórias de povos indígenas, de agentes de saúde no campo e de moradores do entorno de barragens de mineração.
Os filmes chegam para ampliar a oferta de conteúdos audiovisuais pela Fiocruz, visando a circulação de informações e os debates qualificados, que retratem distintas realidades regionais, territoriais, de profissionais e de populações no contexto do SUS e dos desafios dos campos da ciência e da tecnologia. De acordo com a VideoSaúde, o desenvolvimento da plataforma representa uma série de acúmulos e reflexões, seja pela observação de demandas que o setor recebeu do público, de como os filmes foram visualizados e comentados no YouTube ou em redes sociais, de apontamentos de parceiros exibidores do acervo institucional. Mais que isso, na visão dos organizadores: o campo do audiovisual passa por profundas modificações, principalmente nas formas de distribuição e capilarização de acervos por meio da internet. E a Plataforma, completa a VideoSaúde, procura trabalhar esses aspectos como desafios para a comunicação pública.
Parcerias
O Canal Saúde da Fiocruz, um dos diferentes parceiros convidados a integrar a Plataforma, estreia no projeto com nada menos que 19 produções. São obras sobre temas de amplo interesse para a saúde coletiva, gravadas em diferentes regiões brasileiras, que captam avanços e desafios do SUS e lançam instigantes narrativas sobre personagens marcantes. “É com muita alegria que nos somamos a essa iniciativa tão importante da Videosaúde. Somos uma programação de TV, mas para esse espaço separamos vídeos de pegada mais documental”, diz a coordenadora-geral do Canal Saúde, Márcia Correa e Castro.
Entre os filmes que estão passando a integrar o projeto há também aqueles produzidos por cineastas convidados. De Maria Lutterbarch, que já participou de sessão do Núcleo de Estudos Audiovisual e Saúde (Neavs/VSD), há dois documentários sobre a participação das mulheres na ciência. Beth Formaggini, consagrada e premiada professora e pesquisadora, vem com a pequena pérola Ar, um microcurta que traz a visão da cineasta, internada com Covid-19, em uma cama de hospital.
A plataforma de filmes traz como novidade, ainda, vários títulos que já levantam reflexões sobre a pandemia de Covid-19. A série Trajetos e trajetórias invisíveis na cidade, da Escola Politécnica da Fiocruz, apresenta diálogos com entregadores e motoristas de aplicativos sobre o cotidiano, a saúde, a segurança e os processos de organização coletiva desses trabalhadores. Em Saúde sem máscara e em Na linha de frente, trabalhadores do SUS relatam as suas difíceis condições de enfrentamento à pandemia, além de revelar os desafios diários enfrentados por enfermeiros, técnicos e auxiliares, como a falta de recursos, jornadas extensas e baixa remuneração.
Duas outras séries comparecem com histórias sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira e a respeito de realidades territoriais. Em Retratos da Reforma Sanitária, as câmeras viajam para três cidades brasileiras para olhar a trajetória de ex-internos do sistema psiquiátrico que narram suas histórias e recriam suas vidas em liberdade. Os curtas-metragens de Campos, águas e florestas, produção da VideoSaúde, dão visibilidade à forma como profissionais de saúde utilizam para prevenção de doenças, promoção da saúde e para a melhoria na qualidade de vida da população nesses territórios. Humor – Conferência sinistra agrega drama com muito humor ao catálogo da Plataforma. O roteiro original, segundo os produtores, traz uma conversa macabra, bem-humorada, e com crítica social entre as doenças que assolavam cidades brasileiras no início do século 20: febre amarela, peste bubônica, varíola. Qualquer semelhança com os tempos de atual pandemia de Covid-19, assinalam os produtores, não é mera coincidência.
Já os dois filmes do projeto Mestres e Ofícios, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), visam a registrar e divulgar o universo dos ofícios tradicionais que permeiam o patrimônio cultural brasileiro. Seu principal objetivo é reavivar as práticas e os saberes construtivos e artísticos tradicionais de forma a colaborar para sua preservação e para a conservação do patrimônio cultural material.
A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) compõe a sua participação na Plataforma com dois filmes: um sobre saúde e patrimônio de populações indígenas, outro sobre desastres da mineração. Em MBORAIHU, por meio de um olhar sensível e abordagem etnográfica, o filme retrata a realidade dos povos guarani e kaiowá que vivem na região conhecida como Cone Sul. O documentário Vidas suspensas, fruto de projeto de pesquisa, teve como objetivo “construir uma narrativa que considerasse a complexidade dos rompimentos de barragens, a partir da visão dos atingidos por ela.
Da Fiocruz Brasília vem o recém-lançado Vigilância popular do campo, que narra a experiência do curso de Agentes Populares de Saúde do Campo no Ceará. Um atento e potente relato da presença dos trabalhadores do SUS no interior do Brasil.
Como é a Plataforma de Filmes: acessibilidade e legendas em seis idiomas
A Plataforma foi lançada em outubro de 2021, contando inicialmente com 115 filmes sobre diferentes temas dos campos da saúde e da ciência. De biografias e animações a direitos humanos e doenças negligenciadas. De história da ciência e da saúde a saúde da mulher e da criança, entre outros temas associados às determinações sociais da saúde. Também apresenta 60 versões das produções com recursos de tradução em Libras e audiodescrição. Oferece, ainda, filmes com legendas em cinco diferentes línguas além do português.
São produções próprias ou realizadas em parcerias, ou de instituições e realizadores parceiros que integram o acervo da VideoSaúde. O projeto também foi concebido numa perspectiva de comunicação integrada, onde cada filme aponta links para outros conteúdos da Fiocruz, principalmente da Editora Fiocruz, Canal Saúde, revista Radis, Portal Fiocruz e Agência Fiocruz de Notícias.
De acordo com a equipe da VideoSaúde, o projeto da plataforma tem um perfil experimental, onde a disponibilização do acervo e o contato com o público servirão para aprimoramento e de ausculta permanente. A pandemia, segundo a VideoSaúde, fez crescer ainda mais o interesse e a procura por audiovisuais, seja para ações de educação ou treinamento, ou por temas de saúde e ciência. Presente há quase dez anos no YouTube, o setor conta com filmes com mais de um milhão de visualizações e centenas de comentários nessa plataforma. Também vem se destacando por filmes de seu acervo alcançarem seleções em festivais e mostras de cinema e audiovisual, no Brasil e exterior.
“Em seis meses de implementação da plataforma alcançarmos a marca de 160 filmes sobre saúde, com diversidade de temas e vindos de todo o Brasil, é o nosso presente para a sociedade, mas para nós também. É a reafirmação da nossa missão, nesta celebração de 34 anos de atuação da distribuidora, de compartilhar conhecimento em saúde por meio audiovisual contribuindo com a democratização da comunicação e acesso à informação”, avalia a coordenadora da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, Daniela Muzi.