24/01/2023
Alexandre Magno (INI/Fiocruz)
O infectologista André Siqueira, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) integra a missão do Ministério da Saúde na região Yanomami, território indígena que reúne mais de 30,4 mil habitantes. O convite partiu do escritório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), um dos parceiros do Governo Federal na ação.
Como noticiado na imprensa, a região passa por uma crise de assistência humanitária em decorrência da desassistência dos seus habitantes e dificuldades de acesso à saúde. Foram registrados casos de desnutrição grave na população de mais de 5 mil crianças, já acumulando 570 casos de óbito infantil. André explica, entretanto, que não são só as crianças. "Pessoas idosas também estão com quadro severo de desnutrição. Temos também nos deparado com quadros graves de malária, doenças diarréicas agudas e acidentes ofídicos (picada de cobras ou serpentes)”, explica o pesquisador.
André lembra que o INI tem um estudo em curso sobre a malária em Roraima. “Nossa trabalho aqui é o de propor, como resposta a situação encontrada, diagnóstico e o tratamento, já que detectamos ausência de um e de outro em várias áreas da região, o que acarreta aumento dos casos da doença”.
O Presidente Lula esteve presente na região nesse sábado (21/01), acompanhado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima e lideranças comunitárias da região e dos povos originários. Lula ficou tão alarmado com o quadro que chegou a declarar que se contassem, não acreditaria. "Se alguém me contasse que, aqui em Roraima, tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana que eu vi o povo Yanomami sendo tratado, eu não acreditaria. Não podemos entender um país que tem as condições que têm o Brasil deixar os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui", afirmou o presidente. Lula já havia decretado a criação do Comitê de Coordenação Nacional para discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a população. O plano de ação deve ser apresentado no prazo de quarenta e cinco dias, e o comitê trabalhará por 90 dias, prazo que pode ser prorrogado.
O Ministério da Saúde, diante do quadro encontrado pelos técnicos e pesquisadores na região, publicou portaria declarando emergência de saúde pública e estabelecendo o Centro de Operações em Emergência (COE) Yanomani, sobe a responsabilidade da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), cuja função será coordenar a resposta à emergência no âmbito nacional.
As equipes técnicas estão atuando em duas áreas. Uma está concentrada em Boa Vista, trabalhando com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, a Casa de Saúde Indígena (Casai), Secretaria Estadual de Saúde de Roraima e Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista. A outra, chamada equipe de campo, está atuando entre os Polos Base de Surucucu e Xitei – onde o pesquisador André Siqueira está. Essa região é de difícil acesso, mas com o apoio do Ministério da Defesa os pesquisadores e técnicos estão conseguindo acessar a população da área.
A missão do Ministério da Saúde iniciou suas atividades na região na segunda-feira passada (16/01), sendo uma ação conjunta entre as secretarias do Ministério, Executiva, de Saúde Indígena (SESAI), Vigilância em Saude (SVS), Atenção Especializada (SAES); além da parceria com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério da Defesa, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Roraima, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), lideranças indígenas do Conselho Distrital Yanomami (CONDISI) e a Hutukara Associação.
* Com informações do Ministério da Saúde
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