18/03/2019
Por: Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)
O Dia Internacional da Mulher foi instituído em referência às operárias grevistas que foram carbonizadas em uma fábrica têxtil em Nova York, no ano de 1911. Esta data, portanto, mais do que celebração, representa luta, resistência e coragem. Consciente disto, o Instituto Nacional de Controlde de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) debateu A mulher na ciência e no serviço público, em 15 de março.
As palestrantes foram a representante do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz e assessora de Inovação do Instituto Nacional de Infectologia “Evandro Chagas” (INI), Mirian Cohen, e a pesquisadora titular aposentada da Fiocruz e ex-diretora do INI por três gestões (1986 a 1989, 1997 a 2001 e 2002 a 2005), Keyla Marzochi. A mediação ficou por conta da vice-diretora de Pesquisa e Ensino do INCQS, Silvana Jacob. Já o diretor do INCQS, Antonio Eugenio de Almeida, fez as honras da Casa.
O evento foi encerrado com um lanche de confraternização, ofertado pela Asfoc - Sindicato Nacional.
Abordagens
Silvana se disse orgulhosa por ser a mulher a representar o INCQS no evento, que tem cerca de 40% de trabalhadoras em seu quadro profissional, e falou sobre a iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de estabelecer a partir de 2015 o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, no intuito de para promover a equidade de gênero na área, provocar reflexões e estimular as mulheres no mundo científico. Também abordou a insuficiência da representatividade feminina na ciência e tecnologia, a importância de que as ideias e experiências femininas influenciem as demais mulheres e a necessidade de igualdade de oportunidades.
Mirian Cohen falou sobre a relevância do engajamento na luta contra os preconceitos e sobre o papel do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, que é consolidar uma agenda institucional pelo fortalecimento dos temas étnico-raciais e de gênero.
Ela contou, ainda, as iniciativas promovidas pelo Comitê desde a sua criação, em 2009, que são: criação do selo pró-equidade, em 2010; lançamento do Dicionário Feminino da Infâmia: acolhimento e diagnóstico de mulheres em situação de violência, em 2014; primeira edição da publicação Mulher Fazendo Ciência, em 2014; evento Trajetórias Negras, que acontece em março e novembro e foi realizado no último dia 12; aprovação da tese II do VIII Congresso Interno da Fiocruz, em 2017, que versa por uma “sociedade mais justa e equânime, comprometida com a diversidade do povo brasileiro e suas demandas”; e campanha Fiocruz e Diversidade, de 2018.
“O comitê existe para desenvolver políticas e ações de empoderamento feminino, proporcionando às mulheres da Fiocruz apoio/suporte, educação, informação e comunicação, no sentido de trocas que valorizem a sororidade, que é a empatia e o companheirismo entre as mulheres. Empoderamento feminino é algo que não nos é dado de graça, mas sim, conquistado”, declarou.
Keila Marzochi, por sua vez, expos sua trajetória de 50 anos na saúde e no serviço público, apontando o aceitamento tácito do predomínio masculino e a maior aceitabilidade dos pensamentos masculinos, comparativamente aos femininos, bem como
a sua pouca percepção sobre isto durante algum tempo.
Ela mencionou o ex-presidente da Fiocruz, Sérgio Arouca, que a indicou para dirigir o hospital Evandro Chagas (atual INI) em sua reestruturação e já naquela época, 1986, compreendia estas questões de empoderamento feminino. Também defendeu que muitas coisas mudaram, como o incentivo do respeito à mulher e o enfrentamento à supremacia masculina, mas que ainda há muito o que se avançar. “A cultura da supremacia masculina é multimilenar. No ano 5.500 a.C., por exemplo, os homens sumérios na Mesopotâmia já recebiam valores superiores aos das mulheres”, destacou.
Mais em outros sítios da Fiocruz