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Obras Raras Fiocruz: novo site dá acesso aberto a obras raras e especiais

15/02/2017

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Por: Renata Augusta (Icict/Fiocruz)*

O novo site do acervo digital de obras raras e especiais da Fiocruz oferece, de forma sistematizada, um dos acervos bibliográficos mais importantes da América Latina. Obras Raras Fiocruz disponibiliza milhares de páginas dos principais títulos da Seção de Obras Raras Assuerus Overmeer da Biblioteca de Manguinhos, localizada no Castelo Mourisco. Iniciativa do Multimeios, o site marca o aniversário de 30 anos do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). 

Entre os destaques, figuram trabalhos até então inéditos em meio digital de autores como o patrono da Fundação, o cientista Oswaldo Cruz. Outra atração é o periódico Brazil Médico, um dos mais importantes na história das ciências no país. No site, o internauta pode fazer buscas por título, descrição e palavras-chave em diversos tipos de materiais como livros, periódicos e teses.

 “Havia o site do Laboratório de Digitalização de Obras Raras, mas era preciso migrar suas obras para uma base de dados indexada e com busca. O novo sistema é um avanço. Buscamos uma plataforma que permitisse disponibilizar as obras em versão digital e indexá-las com palavras-chave, usando metadados", diz a chefe do Multimeios, Patrícia Ferreira.

O trabalho de digitalização é feito em conjunto com a Seção de Obras Raras, que encaminha as obras higienizadas e em condições de digitalização. As equipes de ambos os setores têm debatido sobre a transposição do papel ao digital, em estreita parceria, assinala Patrícia Ferreira.

A cultura da preservação de originais ganha reforço com a continuidade das digitalizações e o grande número de acessos previstos para o site Obras Raras Fiocruz, segundo o chefe da Programação Visual e um dos coordenadores do site, Mauro Campello. “A Biblioteca de Manguinhos, sob a responsabilidade do Icict, é um tesouro. Abriga obras a partir do século 17. Há títulos valiosíssimos na guarda da Fiocruz que são patrimônio de todos nós”, diz Campello.

Parceria com a Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos, chefiada por Maria Claudia Santiago  

Site terá obras inéditas em meio digital de Oswaldo Cruz

No site novo serão disponibilizadas inicialmente 160 obras, entre periódicos, teses, coleções, relatórios e trabalhos científicos sobre a saúde pública no Brasil, produzidos de 1870 a 1943, elaborados por Oswaldo Cruz e outros pesquisadores da Fundação, como o pai do patrono, doutor Bento Gonçalves Cruz, com sua tese de doutorado; Ezequiel Caetano Dias, com o Boletim de Manguinhos, e Joaquim Caminhoá, com trabalhos sobre a febre amarela.

Entre as obras de Oswaldo Cruz abrigadas na Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos figuram títulos inéditos em meio digital, que serão inseridos no site: Os discursos de Oswaldo CruzMoléstias reinantes em SantosPesteProphilaxia da febre amarelaDos acidentes em sorotherapia e Impressões de um discípulo. Há relatórios para o Ministério dos Negócios do Império (1870) e o Ministério da Justiça e Negócios Interiores (1908, 1942, 1944 e 1946) que incluem fotografias de hospitais e suas instalações de isolamento e mapas de ruas da época.  

Da Biblioteca de Saúde Pública estarão acessíveis as biografias de Carlos Chagas, escritas de 1879 a 1934; O alcoolismo no Brasil, de Herméto Lima (1914); os Anais do 7º e 9º Congresso Brasileiro de Higiene (1948 e 1951); e relatórios dirigidos a autoridades na área da saúde (1942 e 1944).

Potencial de descobertas científicas com obras de pioneiros digitalizadas

Oferecer mais visibilidade sobre o histórico, a finalidade e a importância da Fiocruz e de seus pesquisadores para a população é um dos benefícios do site, segundo uma das coordenadoras do Laboratório de Digitalização de Obras Raras, Marilene Santos: “Muitas pessoas ainda ouvem falar de modo superficial sobre Oswaldo Cruz, por exemplo, mas o site poderá disponibilizar sua obra completa para toda a sociedade, bem como de pesquisadores pioneiros como Carlos Chagas, Evandro Chagas, entre outros”.


Digitalização no Multimeios: a coordenadora Marilene Santos e o fotógrafo Rodrigo Méxas 

Marilene Santos reforça que a Fundação é alicerçada na produção científica de seus pesquisadores e que uma das missões do site é tornar esses trabalhos acessíveis para o mundo, com o intuito de contribuir para a geração de conhecimento. A coordenadora vislumbra imenso potencial para a obtenção de descobertas na ciência contemporânea com a digitalização e o acesso a materiais científicos produzidos no passado. 

“Há riquezas que ninguém conhece; às vezes, só a família do cientista, ou ficam apenas na biblioteca. Hoje se faz pesquisa sobre dengue, zika, aedes. Mas já se estudava esse mosquito. O que tem lá atrás que desconhecemos? Quando o trabalho de mais pioneiros estiver no ar, nossa... É por isso que esse trabalho apaixona, porque você viaja na história da ciência”, completa Marilene Santos.   

Brazil Médico: recordista em consultas tem destaque no site

O site Obras Raras Fiocruz tem entre os destaques o periódico Brazil Médico, que foi publicado de 1887 a 1971, ininterruptamente, com média de 50 fascículos por ano. Parte da extensa coleção já era recordista de acessos no antigo site e a mais consultada na Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos. Todo o acervo digital ficou disponível para consulta local na biblioteca, com a possibilidade de solicitação de cópia dos artigos, após a digitalização dos títulos feita pelo Laboratório de Digitalização do Multimeios. Incluir fascículos do Brazil Médico no site novo é um compromisso assumido com o Preservo: Complexo de Acervos da Fiocruz, no qual o Icict responde pela área bibliográfica. A previsão é que todos os fascículos que estão em domínio público (até 1945) sejam inseridos e o internauta possa acessá-los em formato PDF, segundo Mauro Campello. 

A Biblioteca de Manguinhos estabeleceu parcerias com a Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ e a Biblioteca Nacional para completar a coleção digital. Quanto à coleção em papel dos periódicos, trata-se de uma das mais completas do país, segundo pesquisa do Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). 

O patrono Oswaldo Cruz estreia as publicações científicas da Fiocruz com o Brazil Médico (1901) 

Seção de Obras Raras recebe doação de obra datada de 1616

A Seção de Obras Raras recebeu a coleção do médico Antônio Fernandes Figueira, que nomeia o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF). O conjunto inclui Rimas Sacras, de 1616, que será o título mais antigo do acervo após o término de seu processo de tratamento técnico. Publicada na Espanha, a obra tem impressa uma licença da Inquisição. A coleção de 1.156 itens, já higienizada, acondicionada e inventariada, está abrigada na sala que guardará todas as Coleções Especiais da Biblioteca de Manguinhos, junto com os acervos Leônidas Deane, Sebastião Oliveira e Haity Moussatché. 

Entre as 12 primeiras obras do antigo site do Laboratório de Digitalização que migraram para o site Obras Raras Fiocruz constam o primeiro tratado sobre História Natural do Brasil, de William Piso e Georg Marggraf (1648); Osservazioni di Francescio Redi (1626-1698); o Formulário Médico, manuscrito atribuído a jesuítas (1703); e a tese de doutorado de Oswaldo Cruz – A vehiculação microbiana pelas águas (1893). Apontado por estudiosos como o livro que inspirou Oswaldo Cruz na construção do Pavilhão Mourisco, O Alhambra, de 1906, integra o acervo digital, assim como Annalen der Physik, periódico autografado por Albert Einstein durante sua visita à Fundação, em 1925, e no qual publicou a teoria da relatividade. 

 

A chefe da Seção de Obras Raras, Maria Claudia Santiago, considera emblemática a digitalização do Brazil Médico, periódico produzido a partir de 1887, porque a obra marca a estreia das publicações científicas da Fiocruz, na época, Instituto Soroterápico Federal. O patrono Oswaldo Cruz é autor do primeiro artigo, de 1901. A coleção digital completa abrigada na Seção pode ser cada vez mais aproveitada para a pesquisa, sugere: “Seria importante fazer um recorte temporal sobre os pesquisadores do início do século para alimentar o Arca – Repositório Institucional da Fiocruz. O desafio seria grande, mas plausível, e demandaria um profissional dedicado exclusivamente à função. Um dos principais periódicos científicos brasileiros da época, o Brazil Médico durou 86 anos e tinha muita produção. Com esse trabalho intersetorial se preserva o original e há colaboração com outros produtos e serviços da instituição”.

*Fotos: Raquel Portugal (Icict/Fiocruz). Reportagem publicada originalmente na Revista Inova Icict 

 

 

  • Foto de obra rara rara de 1842 sobre insetos na Índia: acesso aberto no site Obras Raras da Fiocruz
  • Foto do periódico Brazil Médico, recordista de acessos que tem destaque no site Obras Raras Fiocruz
  • Foto da obra Accuratissima Brasiliae tabula, que integra acervo da Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos
  • Foto dos coordenadores do site Obras Raras Fiocruz, Patrícia Ferreira e Mauro Campello 
  • Foto de obra autografada por Einstein durante sua visita à Fiocruz
  • Foto de Maria Clara Santiago, chefe da Seção de Obras Raras A. Overmeer da Biblioteca de Manguinhos
  • Foto da obra do patrono Oswaldo Cruz que marca a estreia das publicações científicas da Fiocruz
  • Foto de profissionais do Multimeios trabalhando na digitalização de obras raras

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