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Mutirões em territórios de muita história e ancestralidade marcam encerramento do curso de Agroecologia do Terrapia


05/12/2023

Ana Beatriz Felizardo (Terrapia) 

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O projeto Terrapia - Alimentação Viva e Agroecologia na Promoção da Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), realizou dois mutirões agroecológicos em territórios representativos da cidade do Rio de Janeiro: a horta do Museu do Bispo do Rosário e o Morro do Salgueiro. As atividades compõem o curso de Agroecologia deste semestre, realizado com o apoio da Fiocruz Mata Atlântica, da Agenda de Saúde e Agroecologia da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) e da Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU). 


Foto: Carla Ferreira Freire

O objetivo dos encontros é trabalhar a agroecologia em rede, de forma acolhedora e horizontal, estimulando o contato com o solo, com as plantas e entre as pessoas no fortalecimento das práticas agroecológicas dos territórios visitados. “Para nós, agroecologia também é trazer essas diretrizes para nossa vida. Assim como multiplicamos a vida no solo com a biodiversidade, multiplicamos também a diversidade de sujeitos que atuam aqui no projeto” disseram Marcelle Souza, assistente de agroecologia, e Margarete Araújo, coordenadora do Projeto Arte, Horta & Cia. 

Durante o mutirão na horta do Museu do Bispo no dia 27 de outubro, a turma preparou uma roça de milho, batata-doce, quiabo, mamão e girassol. Em outra área, parte das pessoas realizaram o manejo da horta já existente e cultivaram outros alimentos. “Os mutirões enriquecem a formação dos participantes ao proporcionar o contato com diferentes tipos de solo, plantas, terrenos etc.. Também fazem perceber que não existe um jeito certo quando lidamos com manejo agroecológico. Existem os princípios que nos orientam, mas cada lugar nos ensina algo diferente sobre esse manejo” disse Thiago Alves, educador do Curso de Agroecologia do Terrapia.


Foto: Valdirene Militão

Morro do Salgueiro

No primeiro dia de dezembro, o mutirão foi no Morro do Salgueiro, compartilhando saberes ancestrais com integrantes do coletivo Erveiras e Erveiros do Salgueiro e com membros do Hortas Cariocas. Foi manejada uma das hortas do Morro, que contribui com alimentos para a Escola Municipal Bombeiro Geraldo Dias, com a limpeza dos canteiros, com plantio de novas mudas e cobertura de solo com os pseudocaules das bananeiras do local. 


Foto: Ana Beatriz Nascimento

Depois, foi realizada uma caminhada até o Rio Trapicheiros, conduzida pelo membro do curso Marcelo Olajinmina, vice-presidente do Caxambu do Salgueiro e integrante do coletivo Erveiras e Erveiros. “Hoje em dia, a gente tem o termo PANC [planta alimentícia não convencional], só que essas plantas sempre tiveram presente no nosso cardápio; as nossas matriarcas sempre preparam os nossos xaropes e remédios com essas ervas medicinais. Então o coletivo surge em 2019 com a proposta de manter viva a tradição relacionada às ervas medicinais aqui no morro do Salgueiro, que já é centenária”, disse Marcelo. 

Ao final, a turma pôde prestigiar o espaço cultural de culinária artesanal “Caliel”. O local tem um grande mural pintado pelo Negro Muro - projeto que atua com o mapeamento da memória negra por meio da arte urbana - que homenageia 11 baluartes crias da favela:  Ana Bororó, Joaquim Casemiro, Bala, Maria Romana, Geraldo Babão, Almir Guineto, Abelardo, Djalma Sabiá, Noel Rosa de Oliveira e Mestre Louro.


Foto: Ana Beatriz Nascimento

“As comunidades quilombolas, o povo de terreiro, o povo que trabalha na área rural tem todo um trato, conexão e sensibilidade com a terra, com a água e com o vegetal, então busquei o curso de agroecologia para expandir a minha percepção sobre esse tema. Lá nós tivemos a oportunidade de conhecer outros territórios que têm também essa prática voltada para a questão das hortas orgânicas e para os quintais produtivos. A gente sempre aprende sobre dar e receber, então esses momentos que eu vivi no Terrapia foram muito enriquecedores, pois eu pude trazer para a minha favela e aprimorar o que a gente faz aqui há mais de 100 anos”, declarou Marcelo Olajinmina. 

Sobre o curso de Agroecologia do Terrapia

Neste semestre foram selecionados 40 participantes, entre trabalhadoras/es da Fiocruz e pessoas que atuam de forma territorializada com os princípios da Agroecologia. Além dos mutirões agroecológicos realizados, a turma participou de atividades na Fazendinha Agroecológica em Seropédica, na Central de Compostagem, no Ecoponto e no Horto da Fiocruz, bem como de encontros na horta do Terrapia nos quais se pôde trocar sobre as diversas possibilidades de plantio e tratos culturais. 

Para saber mais informações sobre a próxima turma, início das inscrições, ementa do curso e edital, acesse: www.terrapia.com.br

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