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Mulheres no mercado de trabalho: avanços e desafios


15/03/2022

Everton Lima (IFF/Fiocruz)

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Com o passar dos anos e uma série de transformações na sociedade, algumas prioridades se adaptaram para as mulheres. Se antes, elas pensavam e/ou eram limitadas a apenas constituir uma família e serem mães, hoje firmar-se profissionalmente e conquistar a independência financeira também estão entre seus sonhos. Porém, assim como em um passado não tão distante, as mulheres ainda precisam enfrentar batalhas, como a tripla jornada (trabalhar, cuidar da família e de si), lidar com os assédios, a desigualdade de cargos e salários e a garantia de seus direitos.

Em pleno 2022, conseguir a inserção no mercado de trabalho, consolidar-se e ter perspectivas de crescimento profissional ainda são obstáculos enfrentados pelas mulheres, em níveis mais acentuados que os homens, e que foram intensificados ao longo da pandemia de Covid-19. Por isso, personalidades femininas, como Cecília Meireles, Chiquinha Gonzaga, Chica da Silva, Maria da Penha e Clarice Lispector são algumas fontes de inspiração.

Dados

Segundo o estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil - 2ª edição, lançado em 2021, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, em 2019, as mulheres, principalmente as pretas ou pardas, dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas contra 11,0 horas).

A Taxa de Participação, que tem como objetivo medir a parcela da População em Idade de Trabalhar (PIT) que está na força de trabalho, ou seja, trabalhando ou procurando trabalho e disponível para trabalhar, é um dos indicadores que também merecem destaque, pois aponta a maior dificuldade de inserção das mulheres no mercado de trabalho. Em 2019, a taxa de participação das mulheres com 15 anos ou mais de idade foi de 54,5%, enquanto entre os homens esta taxa chegou a 73,7%, uma diferença de 19,2 pontos percentuais, o que evidencia uma desigualdade expressiva entre gêneros.

O IBGE observa que a ampliação de políticas sociais ao longo do tempo, incrementando as condições de vida da população em geral, fomenta a melhora de alguns indicadores sociais das mulheres, como na área de saúde e educação. “No entanto, não é suficiente para colocá-las em situação de igualdade com os homens em outras esferas, em especial no mercado de trabalho e em espaços de tomada de decisão”.


Estudo mostra desigualdade de gênero no mercado de trabalho: ter filhos pequenos e o maior envolvimento no trabalho não remunerado são fatores que contribuem para explicar a menor participação das mulheres no mercado de trabalho (Fonte: IBGE 2019)

Ainda de acordo com o IBGE, os dados do informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, de 2019, revelam que uma mulher negra recebe em média cerca de 44,4% da renda média dos homens brancos, que estão no topo da escala de remuneração no Brasil. Nesse contexto, o Global Gender Gap Report 2020 (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero), do Fórum Econômico Mundial, divulgou que o Brasil figura a 130ª posição em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções semelhantes, em um ranking com 153 países.

Um outro tema alarmante é o trazido pela pesquisa Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho, realizada, em 2020, pelo Instituto Patrícia Galvão. A pesquisa informa que na percepção de 92% dos entrevistados, mulheres sofrem mais situações de constrangimento e assédio no ambiente de trabalho que os homens. Conforme os dados, 40% delas dizem que já foram xingadas ou já ouviram gritos no trabalho, contra 13% dos homens que vivenciaram a mesma situação. Dentre os trabalhadores que tiveram seu trabalho excessivamente supervisionado, 40% também são mulheres e 16% são homens.

Por conta dessas e de outras questões, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil é o Objetivo 5, que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Este ano, em mensagem no Dia Internacional da Mulher, 8/3, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou. “Não podemos sair da pandemia com o relógio a girar para trás na igualdade de gênero. Precisamos de avançar o relógio dos direitos das mulheres. Chegou a hora!".

Mulheres que inspiram

Entrevista com a coordenadora de Gestão de Pessoas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Verena Maciel Novaes Khazrik

1 - Quais pontos destaca em relação a atuação do RH do IFF/Fiocruz ao longo da pandemia?

Verena: A Gestão de Pessoas teve um papel importante durante a pandemia. Principalmente em relação à saúde de nossos trabalhadores e nas orientações no processo de trabalho, onde tivemos mudanças e muitos desses processos passaram a ser executados de forma virtual. Acredito que atuarmos de forma presencial durante a pandemia também foi um grande diferencial, pois dessa forma conseguimos estar mais perto de nossos trabalhadores, entender as suas necessidades e fazer o acolhimento necessário.

2 - Quais os principais desafios enfrentados na Gestão de Pessoas hospitalar, principalmente nestes tempos difíceis de pandemia?

Verena: Lidar com as subjetividades dos nossos trabalhadores durante a pandemia, compreender suas necessidades e conciliá-las aos objetivos organizacionais foi um grande desafio. A pandemia chegou, mas o nosso trabalho continuou. Não fechamos as portas e tivemos que aprender a lidar com as novas demandas e desafios. O trabalho extrapolou os muros do IFF/Fiocruz e tivemos que levá-lo para dentro de nossas casas, sendo necessário encontrar o equilíbrio entre a nossa vida profissional e a familiar.

Entrevista com a Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) da Fiocruz, Andréa da Luz Carvalho

3 - O que representa para você estar no cargo de Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz?

Andréa: Representa uma honra e uma oportunidade de elaborar políticas para que os trabalhadores possam de forma segura cumprir sua missão como uma instituição de ciência e tecnologia em saúde.

4 - Quais os principais desafios enfrentados na Gestão de Pessoas da Fiocruz, principalmente nestes tempos difíceis de pandemia?

Andréa: O principal desafio em toda a pandemia foi implantar ações que garantam a segurança de condições de trabalho para toda a Fiocruz.

Entrevista com a reitora e professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho

5 - Como é a sua relação com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)?

Denise: Tive a honra de participar da banca de trabalho de final de curso dos residentes há alguns anos, além de ter vários colegas e amigos que trabalham no IFF/Fiocruz.

6 - Quais os principais desafios de liderar a maior Universidade Federal do Brasil, principalmente nestes tempos difíceis de pandemia?

Denise: Liderar a UFRJ é um enorme desafio que eu decidi enfrentar quando me candidatei à Reitoria em 2019. Nunca imaginávamos, no entanto, que enfrentaríamos uma crise sanitária sem precedentes no último século, associada à crise econômica e política no nosso país. Tem sido muito difícil, mas o trabalho tem nos recompensado. Temos certeza de que as instituições públicas de saúde e de ensino e pesquisa foram fundamentais para o enfrentamento da Covid-19 no Brasil. A sociedade reconhece nosso esforço, dedicação e os resultados alcançados.
 

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