18/08/2022
IFF/Fiocruz
Ainda há poucas evidências para que sejam formuladas recomendações sobre o cuidado de recém-nascidos (RN) de mulheres com monkeypox (MPX). Conforme Nota Técnica divulgada (1º/8) pela Coordenação-Geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde (MS), as indicações feitas são baseadas no conhecimento de que o vírus pode ser transmitido ao recém-nascido por contato próximo durante ou após o parto e de que a doença pode ter evolução severa em neonatos.
Embora ainda não se saiba se o leite materno transmite a monkeypox, há um alto risco de infecção devido ao contato próximo com a pele durante a amamentação (imagem: IFF/Fiocruz)
Nesse sentido, a melhor estratégia para impedir o contágio do RN é evitar o contato direto com a mãe infectada e o aleitamento deve ser analisado de acordo com o quadro clínico. Nesta entrevista, a infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Natalie Del Vecchio, aborda algumas orientações para mulheres, com confirmação ou suspeita de monkeypox, mães de recém-nascidos em fase de amamentação.
IFF/Fiocruz: O vírus monkeypox está presente no leite materno? Pode ser transmitido de mãe para filho através do leite materno?
Natalie Del Vecchio: Poucas evidências existem para recomendações no cuidado do recém-nascido com mães infectadas pelo monkeypox. O vírus pode ser transmitido ao RN durante a gestação por via transplacentária, por contato próximo durante e após o parto. Até o presente momento, não se sabe se o vírus está presente no leite materno e se pode haver transmissão por essa via.
O leite materno ordenhado pela paciente que está sintomática ou em isolamento, deve ser descartado enquanto o aleitamento estiver suspenso.
IFF/Fiocruz: Quais as recomendações para a alimentação do bebê caso a amamentação seja interrompida por causa da monkeypox?
Natalie Del Vecchio: O bebê pode receber fórmula infantil apropriada para cada situação ou leite humano pasteurizado.
IFF/Fiocruz: Como uma mãe infectada pela monkeypox pode tratar a pele das mamas para prevenir a infecção enquanto as lesões da enfermidade cicatrizam?
Natalie Del Vecchio: Não existe um tratamento específico para a pele das mamas na prevenção da transmissão. A recomendação atual é manter a separação da mãe e bebê até que a mãe esteja fora do período de transmissibilidade do vírus, ou seja, até que as crostas tenham desaparecido, com cicatrização e formação de uma nova camada de pele. Essa recomendação de separação mãe-bebê, baseia-se no conhecimento de que o vírus pode ser transmitido no contato próximo com a mãe e a doença pode ter evolução grave no RN.
IFF/Fiocruz: E como proceder se a mãe não puder ficar separada do bebê durante o isolamento materno?
Natalie Del Vecchio: Devemos desaconselhar o contato pele a pele da mãe e RN. O RN deve estar totalmente vestido ou envolto por um cobertor. Após o contato, a roupa ou cobertor deve ser substituídos. A mãe deve usar luvas e avental, deixando coberta toda área da pele abaixo do pescoço e a mãe também deve usar uma máscara cirúrgica.
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