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Ministro da Saúde de Moçambique visita Fiocruz para definir cooperação


07/11/2023

Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)

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Um dos mais bem-sucedidos exemplos de cooperação da Fiocruz com países de língua portuguesa na África, Moçambique deve ver esses laços se estreitarem ainda mais como resultado da visita de seu ministro da Saúde, Armindo Daniel Tiago, ao campus Manguinhos na última segunda-feira (6/11). Acompanhado por uma delegação de oito integrantes de diferentes instituições moçambicanas, o ministro conversou com o presidente da Fiocruz Mario Moreira e representantes de ao menos dez unidades da Fundação para definir prioridades. Ao fim do dia, três eixos principais começaram a se delinear: pesquisa, formação e assistência técnica.

Ministro da Saúde de Moçambique, Armindo Daniel Tiago foi recebido pelo presidente da Fiocruz, Mario Moreira (foto: Peter Ilicciev)

 

“Moçambique é, para nós, um exemplo de boa cooperação estruturante”, disse Moreira, lembrando o programa de pós-graduação, que já formou mais de 60 mestres moçambicanos nos últimos anos, e a instalação da fábrica de medicamentos na capital, Maputo. “Nossa cooperação em Moçambique é um modelo que tem a capacidade de ser reproduzido em outros países”.

O ministro Tiago e sua delegação trouxeram prioridades a serem discutidas, como o combate à malária, um dos principais problemas de saúde do país; a atenção primária; a estruturação de vigilância epidemiológica; a mortalidade materna; e os cursos de formação, da regulação de medicamentos ao de técnicos para manutenção de equipamentos. “Fico feliz em ver os brasileiros se comprometendo com Moçambique”, disse o ministro. “Temos excelentes ideias que precisam se transformar em ações concretas, resultados. O mais importante é o impacto que terão na saúde do nosso povo”.

Cursos de especialização

A vinda do ministro começou a se delinear após a visita do diretor do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique, Eduardo Samo Gudo, em agosto. Gudo, que fez seu doutorado na Fiocruz, destacou o papel da Fundação no desenvolvimento do INS, no estabelecimento de sistemas de vigilância e de plataformas tecnológicas. O instituto desempenha algumas funções semelhantes às da Fiocruz, como o apoio às políticas públicas, através de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, serviços de referência e formação de recursos humanos. 

A Fiocruz tem um escritório em Moçambique desde 2008, e uma das áreas mais ativas de cooperação tem sido na educação, com cursos de nível técnico à pós-graduação. Coordenadora Geral de Educação, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristina Guilan destacou que cursos podem ser pensados de acordo com a realidade de Moçambique. E lembrou que por meio do Campus Virtual, muitos deles podem ser acessados de qualquer lugar, o que facilitaria para pessoas de áreas mais afastadas do país. 

Acompanhado por uma delegação de oito integrantes de diferentes instituições moçambicanas, o ministro conversou com representantes de ao menos dez unidades da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

 

Diretora do o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Valdiléa Veloso lembrou que o tema educação atravessa não só unidades como a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), como várias outras, cada uma com suas especializações. “É importante aprofundar a cooperação em pesquisa e a formação em doenças infecciosas. Temos cursos de especialização para médicos estrangeiros”, disse Valdilea. 

Essa não é uma iniciativa isolada. O mestrado profissional do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), com vagas para países africanos, também foi lembrado na reunião. Diretor do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), Antonio Eugenio Castro Cardoso Almeida contou que já recebeu alunos de mestrado e doutorado de Moçambique, e que a unidade estava aberta para aumentar a interação com instituições moçambicanas.

Diretor da Ensp/Fiocruz, Marcos Menezes destacou a longa tradição de cooperação da Escola com Moçambique, ressaltando que o aprendizado é mútuo, enquanto Anamaria Corbo, diretora da EPSJV/Fiocruz, ressaltou a importância de os estudantes que participam da cooperação replicarem os ensinamentos no regresso ao país. Ela lembrou que o Poli exerce hoje a secretaria executiva da Rede de Escolas Técnicas, com uma subrede formada pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A Ensp/Fiocruz, por sua vez, atua na secretaria executiva da Rede de Escolas Nacionais de Saúde Pública da CPLP. 

Foco nas necessidades

Moçambique tem 33 milhões de habitantes, dos quais 5 mil são médicos. Destes, apenas mil têm especialização, contou o ministro. A mortalidade materna está em 400 para cada 100 mil, daí a necessidade de ampliar a formação de profissionais de saúde e facilitar o acesso à assistência médica. São dados baseados nas necessidades do país que vão nortear a cooperação. A partir dos três eixos delineados, novas ações serão desenvolvidas. 

Além da reunião na Residência Oficial, a delegação de Moçambique visitou outras unidades da Fiocruz (foto: Cristina Azevedo)
 
 

Tiago veio acompanhado por uma delegação predominantemente feminina, formada ainda pela diretora de Planificação e Cooperação, Sãozinha Agostinho; diretora nacional adjunta de Formação de Profissionais de Saúde, Bernardina de Sousa; diretora dos Serviços Provinciais de Saúde de Nampula, Munira Abudu; diretora dos Serviços Provinciais de Saúde de Maputo, Yolanda Santo Tchambo; diretora dos Serviços Provinciais de Saúde de Tete, Carla das Dores Mosse; administradora executiva da Autoridade Nacional Reguladora de Medicamentos (Anarme), Ligia Tembe; e a assistente do ministro, Eunica Pires. 

Além da reunião na Residência Oficial, a delegação de Moçambique visitou outras unidades da Fiocruz, como a Ensp/Fiocruz, a EPSJV/Fiocruz, o INCQS/Fiocruz, o INI/Fiocruz, o Centro Hospitalar do INI, e Bio-Manguinhos/Fiocruz para mapear áreas de cooperação. 

“Temos um trabalho de casa muito importante a fazer agora”, disse Augusto Paulo Silva, coordenador do Escritório Fiocruz-África com sede em Moçambique, e ligado ao Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz). 

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