Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Mapeamento genético de arbovírus chega à região Centro-Oeste

Equipamento portátil que faz o mapeamento genético

13/05/2019

Por: Vinícius Ferreira (IOC/Fiocruz)

Compartilhar:

De 13 a 27 de maio, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e de instituições nacionais e internacionais percorrerão as cidades de Cuiabá (MT), Campo Grande, Coxim e Chapadão do Sul (MS), Goiânia (GO) e Brasília (DF) com o objetivo de mapear os arbovírus circulantes na região Centro-Oeste do país. A bordo de um ‘motorhome’, onde foi montado um laboratório móvel, os cientistas estarão munidos de uma tecnologia inovadora de sequenciamento genético que cabe na palma da mão. O grupo, que percorrerá cerca de 12 mil quilômetros, integra o projeto ZIBRA 2: Mapeamento genético do Zika e outros arbovírus no Brasil. A iniciativa tem financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) e da Secretaria de Vigilância e Saúde (SVS), ambos do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Confira, ao final, o calendário de atividades no Centro-Oeste.

Nesta etapa, os esforços incluem três frentes de ação. Os pesquisadores pretendem sequenciar cerca de 400 amostras que foram positivas para pelo menos um dos oito vírus transmitidos por mosquitos mais relevantes na região: dengue, zika, chikungunya, febre amarela, mayaro, oropuche, encefalite de São Luis e febre do oeste do Nilo. “A partir de uma estreita parceria com a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde e com os Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos quatro estados da região teremos acesso a amostras de pacientes que foram positivas para algum desses patógenos. 

Por meio do sequenciamento genético, será possível responder perguntas relevantes para o Sistema Único de Saúde do nosso país, como a origem dos vírus, data provável de entrada em território brasileiro, rota e velocidade de expansão, linhagem viral e cálculo do risco de transmissibilidade”, explica Luiz Alcantara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC e líder da pesquisa. A decodificação dos genomas também possibilita a reconstrução de árvores filogenéticas – tipo de análise que agrupa no mesmo ramo os vírus que compartilham um ancestral comum, de forma semelhante às árvores genealógicas, contribuindo para explicar suas trajetórias e evolução.

Em uma segunda frente de atividades, o projeto vai sequenciar outras amostras que estão estocadas nos Laboratórios e foram negativas para os oito vírus priorizados na iniciativa. Cerca de 400 amostras poderão ser sequenciadas a partir da utilização da técnica conhecida como metagenômica. “Muitos quadros clínicos são finalizados sem a devida identificação de seu agente causador, o que gera uma lacuna para a vigilância em saúde brasileira. Pretendemos, assim, identificar o microrganismo por trás daquela infecção e trazer mais essa importante contribuição para as ações de prevenção e controle de doenças de relevância nacional”, comenta Marta Giovanetti, pesquisadora visitante do mesmo laboratório e integrante da equipe. Para a análise das amostras de pacientes – tanto as negativas quanto as positivas – será considerada a semana epidemiológica com maior número de registro de casos nos últimos quatro anos.

Na terceira frente de trabalho, mosquitos estão sendo capturados por armadilhas espalhadas em residências e locais públicos das seis cidades. “Vamos coletar e analisar mosquitos de diferentes espécies, incluindo dos gêneros Aedes e Culex [popularmente conhecido como pernilongo]. Com isso, através da técnica de metagenômica, poderemos avaliar a porcentagem de mosquitos infectados no período e os patógenos virais envolvidos”, conta Alcantara. “Para conseguir essa abordagem científica complementar, envolvendo diferentes dimensões epidemiológicas, a composição multidisciplinar da equipe foi decisiva”, acrescenta.

O projeto conta com 13 especialistas, incluindo pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto Evandro Chagas (IEC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Birmingham e Universidade de Oxford, ambas da Inglaterra, Universidade de KwaZulu-Natal, da África do Sul, LACEN de Minas Gerais, Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Manaus) e Hemocentro de Ribeirão Preto.

Agenda do projeto no Centro-Oeste

Dos dias 13 a 15 de maio, os cientistas estarão em Cuiabá (MT), onde desenvolverão as análises no Laboratório Central (LACEN) e na estrutura de pesquisa instalada no motorhome, estacionado no mesmo local. 

Na manhã do dia 16 de maio, o destino é a cidade de Coxim (MS), onde o veículo permanecerá na Secretaria de Saúde local, e o sequenciamento estará sendo continuado. No dia 17, a equipe chega ao LACEN de Campo Grande (MS), por volta das 12h, onde permanece até o dia 20.

No dia 21, é a vez dos pesquisadores chegarem à cidade sul-mato-grossense de Chapadão do Sul, onde darão continuidade ao sequenciamento no motorhome, que permanecerá estacionado na Secretaria de Saúde local. De 22 a 24, o veículo estaciona no LACEN de Goiânia (GO). Dos dias 25 a 27, a capital federal recebe as atividades finais do Projeto ZIBRA 2. Em todas as cidades visitadas também será realizada a coleta e análise de mosquitos.

No dia 27 de maio, como encerramento das atividades, será realizada uma reunião com autoridades de saúde para apresentação dos resultados preliminares das amostras. O encontro acontece no escritório da Organização Pan-Americana de Saúde, em Brasília, localizado em frente ao LACEN-DF. Os resultados finais obtidos em todo o percurso serão consolidados para futura disponibilização às autoridades públicas de saúde. 

Breve histórico

O Projeto ZIBRA teve início em 2016, após a decretação da emergência sanitária provocada pelo vírus zika. Após atuarem nas regiões Norte (Amazonas e Roraima), Nordeste (Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Bahia) e Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), além das atividades no Paraguai e em Angola, os cientistas já conseguiram realizar o sequenciamento completo de 180 genomas do vírus zika, 260 de febre amarela, 120 de chikungunya e 60 de dengue.

*Edição: Raquel Aguiar (IOC/Fiocruz)

Mais em outros sítios da Fiocruz

Voltar ao topoVoltar