20/05/2022
VPAAPS/Fiocruz
O IX Congresso Interno da Fiocruz, instância máxima de representação da instituição, na qual se definem suas diretrizes para os próximos quatro anos de gestão, mais uma vez reforça o eixo saúde e ambiente e a sua importância.
A questão ambiental, desde a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco-92 ou Rio-92, faz parte da agenda da Fiocruz. A partir da aceleração da crise climática e a pandemia da Covid-19, a capacidade de enfrentamento a esse desafio precisava ser reafirmada.
No total foram aprovadas dez teses que apresentaram os anseios e as contribuições ao país. A nona tese com traz uma abordagem em saúde e ambiente com 23 diretrizes. De acordo com Hermano Castro da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção Promoção da Saúde (VPAAPS), a tese 9 incide sobre a determinação socioambiental da saúde, incluindo o processo saúde doença e as questões relacionadas a emergências climáticas. Também aborda os riscos à saúde, a partir do ambiente destruído por políticas socioambientais devastadoras, como temos visto nos últimos anos com queimadas, destruição de biomas, a questão das barragens, os agrotóxicos, a mineração e o desmatamento.
A VPAAPS organizou e trabalhou transversalmente vários temas dentro do Congresso e com destaque contribuiu para uma questão central que é o campo ambiental. Também à título de colaboração, encaminhou ao Conselho Deliberativo do IX Congresso Interno da Fiocruz um documento de referência da VPAAPS, no qual foram destacadas as dificuldades em outros congressos, as conjunturas nacional e institucional, desafios e diretrizes, entre outros.
Além do documento elaborado pela vice-presidência, foram realizadas reuniões da Câmara Técnica de Saúde e Ambiente e uma roda de conversa com os movimentos sociais que contribuíram para o debate durante o Congresso.
A Câmara Técnica de Saúde e Ambiente (CTSA), que funciona no âmbito da VPAAPS, teve papel fundamental na proposição da Tese 9, quando na última reunião do colegiado, realizada em 7 de outubro de 2021, seus integrantes acordaram a construção do texto, a fim de contemplar os aspectos relevantes da área de ambiente.
Uma proposta de tese da CTSA foi encaminhada para o debate nas unidades da Fiocruz e aprovada pela plenária do congresso interno. Esse processo contou com a articulação conjunta da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA2030) e do Núcleo de Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (NEEPES).
O documento reafirmou a necessidade de que o ambiente e a sustentabilidade pertençam ao conjunto e à prática da saúde coletiva e da saúde pública, enquanto expressão viva de sua transversalidade.
Hermano ainda ressalta que foi feita uma reflexão importante traçando estratégias e alternativas buscadas no território na saúde coletiva, na ecologia dos saberes e da vigilância popular e da promoção emancipatória da saúde como questões importantes para a Fiocruz, que vem trabalhando no ambiente.
Eventos preparatórios - Além da CTSA, o congresso foi precedido por quatro seminários preparatórios, abertos e on-line, coordenados pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho, que trouxeram para a agenda institucional temas contemporâneos e estratégicos, tais como, o mundo do trabalho, os desafios da saúde, as mudanças climáticas e os desafios da ciência e da inovação.
Também como parte da etapa preparatória ao congresso, a VPAAPS realizou uma roda de conversa com os movimentos sociais, com a participação de pesquisadoras/es da Fiocruz e de representações como a Articulação Nacional da Agroecologia, Associação Brasileira de Agroecologia, Coordenação Nacional Caiçaras, grupos tradicionais indígenas, grupos tradicionais territoriais de Angra e Parati e o Movimento Atingidos por Barragem.
A roda de conversa também buscou contribuir e estimular uma reflexão mais integrada e transversal sobre os problemas e desafios da instituição, com o intuito de identificar as principais questões do plano interno que são cruciais para o desenvolvimento da Fiocruz do futuro. “Ouvimos os movimentos sociais naquilo que diz respeito aos impactos na saúde pública, a partir das agressões sofridas por essas populações originárias e populações tradicionais”, explica Hermano. Os movimentos sociais trazem para a Fiocruz, afirma Hermano, a defesa do SUS público, de um SUS da promoção da saúde, capaz de fortalecer os enfrentamentos para que a gente possa superar o momento tão difícil e triste da história do Brasil.
Esta iniciativa de construção coletiva, com protagonismo social, teve como perspectiva fomentar ainda mais a inserção da sociedade civil e o caráter nacional e internacional da Fiocruz em todos os programas da instituição, articulando valores como equidade, integralidade e participação social, numa visão ampliada, com articulação intra e intersetorial, nos contextos local, nacional, regional e global.
IX Congresso Interno – Convocado a cada quatro anos, o congresso foi realizado de forma presencial nos dias 8, 9 e 10 de dezembro de 2021, no Campus Manguinhos, sob o tema Desenvolvimento sustentável com equidade, saúde e democracia: a Fiocruz e os desafios para o SUS e a saúde global.
Para Hermano Castro da Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, em vários momentos históricos em que a saúde pública esteve ameaçada, a Fiocruz deu suas contribuições, incluindo a reforma sanitária no país.
“Vivemos nesse último Congresso Interno um dos momentos mais importantes da história sanitária, que foi a maior tragédia causada pela do Covid-19, e o nosso Congresso se deu exatamente nesse momento. O Congresso reuniu em torno de 300 delegados presencialmente para traçar as grandes diretrizes institucionais. Mas todo o debate que antecedeu o evento se deu de forma remota até a eleição dos delegados”, ressaltou.
Com a consolidação do Congresso e a aprovação das 10 teses, o próximo passo é comunicar à sociedade sobre os grandes temas que foram discutidos e que servirá de base para a ações ao longo dos próximos quatro anos.
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