20/01/2023
SAS/VPAAPS
Centros de pesquisa e organizações da sociedade civil que atuam com agroecologia participaram da atividade no campus da Fiocruz Manguinhos
Em mais uma etapa de formação continuada articulada pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), a Creche da Fiocruz anfitriou um intercâmbio “Infâncias, Agroecologia e Saúde”, entre os dias 9 e 11 de novembro. A atividade contou com a participação de representantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), do GT Infâncias da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro).
A formação dá sequência aos diálogos iniciados em agosto deste ano, com o objetivo de fortalecer as práticas agroecológicas dentro da Fiocruz, bem como revigorar o tema das infâncias na construção do XII Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), previsto para novembro de 2023 no Rio de Janeiro.
Práticas agroecológicas fazem parte da dinâmica da Creche Fiocruz há muitos anos, e a iniciativa robustece a incorporação da agroecologia na instituição. “O desejo de avançar ainda mais nas atividades da horta, plantio, sensibilização alimentar, compostagem, bem como a incorporação de práticas agroecológicas na creche tem sido também uma forma de resistência. Pensar agroecologia como proposta político pedagógica na educação infantil é, acima de tudo, cuidado em saúde e em educação tendo como pressuposto a integralidade das ações.”, explica a diretora da Creche Fiocruz, Silvia Motta.
A programação do intercâmbio contou com visitas aos ambientes do campus da Fiocruz Manguinhos, dialogando com profissionais que lá atuam e também interagindo diretamente com as crianças. O Castelo, o Parque da Ciência - Museu da Vida, que tem um extenso trabalho com escolas e de divulgação científica, e a exposição temporária “Rios” foram alguns dos locais percorridos ao longo da programação.
Em preparação para o encontro, todas as turmas da creche desenvolveram trabalhos voltados à agroecologia e à educação ambiental, que foram expostos aos visitantes. De forma lúdica, o diálogo entre as instituições aconteceu por meio de uma apresentação teatral que reuniu a personagem da creche “Maria Traça”, com a contadora de história Vivian Catenacci, da ABA, e o contador Julio Cesar Maestri, técnico do Cepagro.
A alimentação saudável e as práticas corporais também fizeram parte dos cuidados presentes na programação. As iniciativas Terrapia - Alimentação Viva na Promoção da Saúde, Cor e Sabor culinária e Favela Orgânica forneceram refeições diversas e ricas nutricionalmente ao longo da atividade.
No último dia de intercâmbio, visitas ao Projeto Providência Agroecológica (Morro da Providência) e à Favela Orgânica (Morro da Babilônia) compuseram o encontro, contribuindo para o contato com experiências práticas de construção da soberania e segurança alimentar e nutricional.
Priscila Daniele Ladeira, professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico da UFV, destaca que “todas as experiências visitadas e conhecidas na cidade do Rio de Janeiro foram atravessadas por reflexões profundas que tocavam em temas como desigualdade social, acesso a direitos, direito das crianças, alimentação saudável”. Para ela, as vivências e temas dialogados reiteraram a importância da agroecologia para toda a sociedade e permitiram “vislumbrar possíveis trabalhos e parcerias promissoras que vão ao encontro dos objetivos de cada instituição”, o que fortalece ações, traz inspiração e reflexões sobre o que é feito individualmente e o que pode ser feito coletivamente “em direção à construção de políticas e práticas que entrelaçam a agroecologia e o desenvolvimento integral das crianças, por meio da garantia do direito à saúde.”
Priscila também reforça que “trabalhar com crianças é debruçar-se constantemente num movimento de compreensão das infâncias - desta força poderosa que move sujeitos (crianças ou adultos) a uma vida de perguntas, de descobertas e de invenções”. Desta forma, vários fatores precisam estar em comunhão para que o desenvolvimento integral da criança seja garantido com responsabilidade e compromisso dentro das instituições educacionais.
“Refletir sobre infâncias carece pensar em desenvolvimento saudável, o que passa pelo contato com a natureza, não a entendendo como algo à parte dos seres humanos. Isso só é possível por meio de vivências de intensa intimidade com os elementos naturais, sejam eles humanos ou não humanos. Em ambientes escolares não se trata de propor inúmeras atividades sem sentido para as crianças, pedagogizando ou escolarizando este contato, mas sim de seguir o movimento das crianças, que ‘sonham com a natureza’, pois ‘a natureza é a casa da Infância’, como ensina o Mestre Roquinho, brincante e defensor das infâncias e da Terra”, avalia.
Como desdobramento do intercâmbio, está previsto para fevereiro de 2023 um seminário interno da Creche Fiocruz envolvendo todas as trabalhadoras e trabalhadores, de modo a aprofundar a articulação entre os temas infância, agroecologia e saúde na instituição.
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