15/03/2019
Por: Daniela Lessa (Portal Fiocruz)
Inovação em Bibliotecas foi o tema da palestra do bibliotecário Tiago Murakami, da Divisão de Gestão de Tratamento da Informação da Universidade de São Paulo (USP), durante evento promovido pela Rede de Bibliotecas da Fiocruz para celebrar este 12 de março, Dia do Bibliotecário.
Murakami ressaltou o momento de mudanças que vive o setor da comunicação e informação, principalmente em função das novas práticas de acesso aberto à produção científica, inclusive aos dados de pesquisa. “A assinatura de revistas, por exemplo, vai sumir. E em um tempo bem curto”, aposta.
Ele cita o projeto da União Europeia, o Plan S, para garantir que toda pesquisa realizada com financiamento público esteja disponível em acesso aberto a partir de 2020. Nesse plano, as agências de fomento é que financiariam as publicações e os pesquisadores seriam impedidos de submeter artigos em revistas que não se adequem aos parâmetros do acesso aberto.
O movimento mundial em favor do compartilhamento da informação científica é ainda mais aprofundado quando se requer que os dados de pesquisa sejam apresentados durante o processo de elaboração dos estudos. “Antigamente, o ouro era o artigo científico; agora, os dados de pesquisa é que passam a valer mais”, analisa.
O papel do bibliotecário, nesse contexto, também requer reinvenção. O apoio na gestão de dados de projetos de pesquisa é um novo campo de atuação que se abre, já que, cada vez mais, há a exigência de que dados de pesquisa estejam disponibilizados e, para isso, há necessidade de tratamento. O mercado, o ambiente, as tecnologias, o setor da informação como um todo, enfim, vive uma significativa transformação, que tem suas raízes no processo de digitalização, que é condição essencial para o desenvolvimento do acesso aberto.
No que tange às bibliotecas especificamente, a digitalização impôs uma reconfiguração do espaço físico e da gama de serviços prestados nesse ambiente. Murakami ressalta, entretanto, que a biblioteca, como espaço físico não deixa de ser um lugar social, onde podem ocorrer trocas diversas. “Uma biblioteca da Universidade de São Carlos oferece um ambiente de estudos dentro da biblioteca e dividiu o espaço em função do ruído: no primeiro andar, podem fazer de tudo; no segundo, grupos de estudo pequenos; e no terceiro, silêncio absoluto”, conta.
O que ele considera mais importante de todo esse processo, entretanto, não é que a tecnologia esteja sendo usada, nem o nível de inovação dos projetos de informação; o que importa realmente é como esses processos estejam melhorando a sociedade. “Melhorar a sociedade, inclusive, é a meta do bibliotecário, queremos apoiar a pesquisa porque isso vai ser melhor para a sociedade. Tudo o que se faz e para isso, o objetivo é sempre o mesmo”, afirma.
A chefe da Rede de Bibliotecas da Fiocruz, Viviane Veiga, lembrou a importância de se trabalhar em rede com outras instituições e comentou os projetos da Fiocruz nesse sentido, como a perspectiva da criação de um modelo de gestão de dados para as pesquisas da instituição. A Rede de Biblioteca atua em diversas frentes e, atualmente, desenvolve três Grupos de Trabalho com atuações dentro das perspectivas mencionadas por Murakami. Um é sobre Normalizações, para organizar as formas de apresentação dos trabalhos científicos; outro é de Modernização, visando as infraestruturas para a melhoria dos espaços; e um terceiro sobre Dados de Pesquisa, abordando a ciência aberta.
A vice-diretora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Tania Santos, saudou a importância do evento e da constante atualização nesse campo. A Fiocruz possui um amplo acervo sobre saúde e ciência distribuído em diversas bibliotecas físicas e virtuais. Seu repositório institucional, o Arca , reúne a produção científica da instituição, totalmente em acesso aberto, uma vez que a instituição adere ao movimento internacional e possui, inclusive, uma política institucional de Acesso Aberto.
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