20/02/2019
Por: Antonio Fuchs (INI/Fiocruz)*
O Laboratório de Micologia do INI integra o Projeto FioAntar, iniciativa que visa explorar as interligações e os impactos dos ricos e variados ecossistemas da Antártica sobre a saúde dos animais, dos visitantes ou sobre o próprio continente e a América do Sul durante quatro anos. A pesquisadora Luciana Trilles participará de um treinamento oferecido pela Marinha do Brasil antes de viajar ainda este ano na missão que ocupará um dos 17 laboratórios da nova Base Comandante Ferraz.
O pesquisador Bodo Wanke, fundador do Laboratório de Micologia, explicou que o INI foi convidado pela Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, assim como o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), a elaborar um projeto coordenado pelo pesquisador da Fundação, Wim Degrave, para o edital do Programa Antártico Brasileiro (ProAntar), lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O documento aprovado traz uma extensa proposta para a realização de estudos em saúde neste continente com o viés da microbiota e dos vírus antárticos e tem duração prevista de quatro anos.
“Essa foi a primeira vez que o ProAntar incluiu uma faixa de pesquisa em Biologia Humana e Medicina Polar e foi daí que partiu a ideia da Fiocruz apresentar um projeto conjunto entre suas unidades, uma vez que temos vários laboratórios de virologia, bacteriologia, parasitologia e fungos interessados em atuar nessa área. Por enquanto, o Laboratório de Micologia do INI será o único laboratório de fungos da Fiocruz presente na Antártica”, destacou Luciana Trilles.
Por ano, cinco viagens são realizadas para a Antártica, entre os meses de outubro a março, cada uma com duração de aproximadamente um mês. “Os pesquisadores envolvidos podem ir em uma ou em todas as fases e a nossa ideia é que o grupo que viajar fará coletas para todos os laboratórios envolvidos. As análises das amostras coletadas serão feitas posteriormente aqui na Fiocruz. Antes da viagem todos participarão de um treinamento na Marinha, realizado entre os meses de julho e agosto, na Restinga de Marambaia”, disse a pesquisadora.
Tanto Bodo, quanto Luciana, são unânimes nas expectativas para os novos estudos. “Temos que estar com a mente aberta para a pesquisa. Certamente vamos encontrar coisas muito interessantes”, resumiu Luciana.
Saiba mais sobre o Projeto Fiocruz-Antártica
Sobre o ProAntar
O Programa Antártico Brasileiro (ProAntar), criado em 1982, é um programa do governo brasileiro gerido pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), da Marinha do Brasil, que marca a presença de pesquisadores do Brasil no referido continente e tem como propósito promover pesquisas científicas na região, com a finalidade de compreender os fenômenos que ali ocorrem e sua influência sobre o território brasileiro. É resultado da associação do Brasil ao Tratado da Antártida, assinado por mais de 30 países e que permite a liberdade de exploração científica do continente, em regime de cooperação internacional.
A Antártica conta com uma área total de 14 milhões de quilômetros quadrados, sendo o continente mais frio do planeta. Apesar disso, abriga uma grande variedade de seres vivos, sendo composta também por uma extensa biodiversidade microbiana como bactérias, fungos, vírus e microalgas, por exemplo.
Mais em outros sítios da Fiocruz