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INI avança no diagnóstico e tratamento da tuberculose e nos estudos da coinfecção por Covid-19


23/08/2021

Antonio Fuchs e Juana Portugal (IFF/Fiocruz)*

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Apesar das restrições impostas em virtude da pandemia, a equipe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) considera 2021 um ano de grandes avanços. “Além da adaptação ao trabalho em home office e da implementação de atendimento remoto para os pacientes, fomos contemplados em diferentes iniciativas nacionais e internacionais. Isso permite a realização de novos estudos para aperfeiçoar o diagnóstico e tratamento da tuberculose, que constitui um grave problema de saúde pública no país”, informou Valeria Rolla, chefe do laboratório.

O grande destaque é o projeto “Impacto da Covid-19 nas manifestações clínicas, diagnóstico, desfecho do tratamento e resposta imune para tuberculose pulmonar”, que tem como objetivo coletar e armazenar amostras biológicas de pacientes com tuberculose pulmonar e/ou TB associada à Covid-19 em biorrepositórios localizados nos respectivos países participantes. Todo material será utilizado no entendimento do impacto causado pelo novo coronavírus na resposta imune do hospedeiro associada à tuberculose.

A pesquisa vai recrutar 450 pacientes ao todo, sendo 150 no Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses e no Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 do INI/Fiocruz, 150 no Indian Council of Medical Research/National Institute for Research Tuberculosis (ICMR/NIRT), em Chennai (Índia), e 150 na University of the Witwatersrand, na África do Sul, todos com diagnóstico confirmado de tuberculose pulmonar, com e sem coinfecção pelo novo coronavírus. O estudo, liderado por Valeria, foi selecionado no edital do CNPq para países dos BRICS em parceria com a África do Sul e Índia e terá duração de dois anos. Saiba mais sobre esta iniciativa no site do INI/Fiocruz.

Este projeto foi aplicado com sucesso no edital oferecido pela RePORT International Coordination Center (RICC) e receberá financiamento do National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos durante 24 meses. O recurso será disponibilizado através da CRDF Global, uma organização independente sem fins lucrativos que promove proteção, segurança e sustentabilidade por meio da ciência e da inovação.

Por fim, a iniciativa ABRICOT (Associative BRICS Research in Covid-19 and Tuberculosis), vai investigar os efeitos do novo coronavírus, nas formas grave e leve/moderada, na imunopatogênese da tuberculose, e como isso afeta – e se afeta –, os resultados do tratamento da TB. Coordenado por Valeria Rolla, com  as parcerias de Bruno Andrade (Instituto Gonçalo Moniz/Fiocruz Bahia), Timothy Sterling (Vanderbilt Medical Center/EUA), Bavesh Kana (University of the Witwatersrand/África do Sul) e Subash Babu (International Center for Excellence in Research/Índia), o estudo ganha uma inovação que é o uso de swabs para coletar amostras de língua, bochecha e um bochecho com água destilada, para o diagnóstico de tuberculose no Xpert-MTB-RIF ULTRA (versão mais moderna de teste recomendado pela Organização Mundial de Saúde para detectar simultaneamente Mycobacterium tuberculosis e resistência à rifampicina – medicamento para tratar a doença – em pessoas com diagnóstico de tuberculose), cuja utilidade será importante para aqueles doentes internados, dispneicos e incapazes de obter amostras respiratórias, entre outras, mesmo em nível ambulatorial e que sejam incapazes de fornecer escarro.

A pesquisa já foi iniciada no Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses do INI, devida a rápida aprovação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), e aguarda  a aceitação nos demais países colaboradores. “Esse tipo de iniciativa valoriza os países dos BRICS, que ainda têm alta carga de tuberculose, fortalecendo as parcerias e estreitando colaborações futuras com a nossa unidade”, concluiu Valeria. 

*Edição: Juana Portugal

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